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ESTENOSE E INSUFICIÊNCIA MITRAL |
O coração
possui quatro cavidades, sendo duas superiores, denominadas de
aurículas e duas inferiores, os ventrículos. Cada ventrículo possui
uma válvula de entrada e outra de saída, pelo qual o sangue só
poderá circular em uma direção. A válvula tricúspide abre-se da
aurícula direita para o interior do ventrículo direito, e a pulmonar
abre-se do ventrículo direito para o interior da artéria pulmonar. A
válvula mitral abre-se da aurícula esquerda para o interior do
ventrículo esquerdo, enquanto a válvula aórtica se abre a partir do
ventrículo esquerdo para o interior da artéria aorta. O mau
funcionamento das válvulas cardíacas pode manifestar-se de duas
formas: por deixarem escapar sangue por elas (regurgitação ou
insuficiência valvular) ou não se abrirem adequadamente (estenose
valvular). Cada perturbação pode alterar gravemente a capacidade de
bombeamento do coração. Por vezes, uma mesma válvula pode ter ambos
os problemas. Esta pesquisa
tem por objetivos, investigar, a partir da pesquisa bibliográfica, e
informar aos profissionais da área de saúde, sobre as valvulopatias,
insuficiência e estenose mitral, incluindo suas fisiopatologias,
quadros clínicos e tratamentos. Foi realizada
uma pesquisa bibliográfica, do tipo exploratória, apresentando como
método de abordagem o dedutivo, e como técnica de pesquisa a
documentação indireta.
O envolvimento
reumático está presente em 99% das valvas mitrais estenóticas
retiradas no momento de sua substituição. Aproximadamente 25% de
todos os pacientes com cardiopatia reumática têm estenose mitral
pura, outros 40% têm estenose mitral associada à regurgitação
mitral. Dois terços de todos os pacientes com estenose mitral
reumática são mulheres. (MANO, 2006; SOEIRO et al, 2004)
Caracteristicamente, as cúspides da valva mitral fundem-se nas
bordas e a fusão das cordoalhas tendíneas provoca o espessamento e o
encurtamento destas estruturas. A valva mitral estenótica tem
tipicamente a forma “em funil” e o orifício tem aspecto de “ boca de
peixe” ou em “casa de botão”, com depósito de cálcio nas cúspides
valvares, algumas vezes estendendo-se ao anel valvar, que pode se
tornar bastante espesso. As cúspides espessadas podem estar tão
aderentes e rígidas, que não se abrem ou fecham, reduzindo a
intensidade da primeira bulha (B1) ou, raramente, até eliminando-a,
acarretando estenose e regurgitação mitrais combinadas. Quando a
febre reumática causa exclusivamente, ou predominantemente, retração
e fusão das cordoalhas tendíneas, com pouca fusão das comissuras
valvares, o resultado é regurgitação mitral predominante. Raramente,
a EM tem etiologia congênita, sendo esta forma observada quase
exclusivamente em lactentes e crianças pequenas. Mais raramente, a
EM é complicação de carcinoma maligno, lúpus eritematoso sistêmico,
artrite reumatóide, mucopolissacaridose do fenótipo de Hunter-Hurler,
Doença de Fabry e Doença de Whipple. (MANO, 2006) É discutível se
as alterações anatômicas da valva mitral podem ser decorrentes tanto
de um processo reumático continuo sobre a valva quanto a alterações
induzidas por trauma hemodinâmico após um surto inicial.
Provavelmente ambos os mecanismos devem estar envolvidos no
processo.
Fisiopatologia Em adultos
normais, a área de secção transversa do orifício valvar mitral é de
4 a 6cm2. Quando este orifício se reduz a aproximadamente 2cm2, o
que se considera estenose mitral discreta, o sangue só pode fluir do
átrio esquerdo ao ventrículo esquerdo se impulsionado por um
pequeno, porém anômalo gradiente de pressão. Quando a abertura
valvar mitral reduz-se a 1cm2, considerada estenose mitral crítica,
há necessidade de um gradiente de pressão atrioventricular esquerdo
de aproximadamente 20mmHg. (BRAUNWALD, ZIPES E LIBBY, 2003) A pressão
arterial esquerda aumentada, por sua vez, eleva as pressões venosas
e do capilar pulmonar, provocando dispnéia do esforço. Os primeiros
episódios de dispnéia em pacientes com estenose mitral são
geralmente precipitados por exercício, estresse emocional, relação
sexual, infecção ou fibrilação atrial, fatores que aceleram o fluxo
sanguíneo através do orifício mitral e provocam elevação ainda maior
da pressão atrial esquerda. (MANO, 2006) Ao se avaliar a
gravidade da obstrução da valva mitral, é essencial medir tanto o
gradiente de pressão quanto o fluxo transvalvar. O último depende
não somente do débito cardíaco, mas também da freqüência cardíaca.
Um aumento da mesma encurta proporcionalmente mais a diástole do que
a sístole e reduz o tempo disponível para o fluxo pela valva mitral.
Em qualquer de débito cardíaco, a taquicardia eleva o gradiente de
pressão valvar transmitral e ainda mais as pressões atriais
esquerdas. Isto explica o desenvolvimento súbito de dispnéia e edema
pulmonar em paciente com estenose mitral, até então assintomático,
que desenvolvem fibrilação atrial com uma resposta ventricular
rápida. O mesmo fenômeno é responsável pela melhora igualmente
rápida desse pacientes, quando a freqüência ventricular é reduzida
por meio de glicosídeos cardíacos, drogas beta-bloqueadoras e/ou
antagonistas de cálcio cronotrópicos negativos, mesmo quando o fluxo
valvar por minuto permanece constante. Um estresse como o exercício,
em paciente com estenose mitral moderada ou grave, provocará
elevação expressiva da pressão arterial esquerda. A contração atrial
eleva o gradiente valvar transmitral pré-sistólico em cerca de 30%
em pacientes com estenose mitral. (BRAUNWALD, ZIPES E LIBBY, 2003) Segundo Mano
(2006) a hipertensão pulmonar em pacientes com EM resulta de
transmissão retrógrada passiva da pressão atrial esquerda elevada;
constricção arteriolar pulmonar, presumivelmente desencadeada pelas
hipertensões atrial esquerda e venosa pulmonar; alterações
obliterativas orgânicas no leito vascular pulmonar, que podem ser
consideradas complicações de EM grave e crônica. Em pacientes
com EM grave, ocorrem shunts da veia pulmonar, veia brônquica, cuja
ruptura pode causar hemoptise, e manifestam redução expressiva da
complacência pulmonar, aumento do trabalho respiratório e
redistribuição do fluxo sanguíneo pulmonar das bases para os ápices.
Quadro
Clínico O quadro
clínico da EM é muito variado, apresentando significante relação com
o grau de acometimento valvar. Variando desde a simples presença de
alguns sinais clínicos sem sintomas, até o caso em que o paciente
apresenta edema pulmonar, arritmias atriais, hemoptise e
insuficiência ventricular direita. (SOEIRO et al, 2004) O principal
sintoma da EM é a dispnéia do esforço, determinada principalmente
pela redução da complacência dos pulmões. Tosse e sibilos podem ser
sintomas associados. A capacidade vital está reduzida,
presumivelmente devido à presença de vasos pulmonares ingurgitados e
edema intersticial. Pacientes com
obstrução crítica para o esvaziamento atrial esquerdo e dispnéia em
atividade habitual (classe III da NYHA) geralmente apresentam
ortopnéia concomitante e estão sob risco de episódios de edema
pulmonar franco. Esta complicação pode ser precipitada por esforço,
estresse emocional, infecção respiratória, febre, atividade sexual,
gravidez, e fibrilação atrial com freqüência ventricular rápida ou
outra taquiarritimia. Na verdade, pode ocorrer edema pulmonar por
qualquer condição que aumente o fluxo sanguíneo através da valva
mitral estenótica, tanto por aumento do débito cardíaco total como
por redução do tempo disponível para a ocorrência deste fluxo
sanguíneo. (MANO,2006) Antes do
advento do tratamento cirúrgico, a embolia sistêmica, era uma
importante complicação da EM. Desenvolvia-se em pelo menos 20% dos
pacientes, em alguma ocasião, durante a evolução da doença. Antes da
era da terapêutica anticoagulante e do tratamento cirúrgico,
aproximadamente um quarto de todos os óbitos, em pacientes com
doença valvar mitral, era secundário à embolia sistêmica. Esta pode
ser o primeiro sintoma de EM e pode ocorrer em pacientes com EM
leve, antes mesmo do desenvolvimento da dispnéia. A endocardite
infecciosa é uma complicação que tende a ocorrer menos freqüente em
valvas rígidas, espessadas e calcificadas, sendo, portanto, mais
comum em pacientes com EM discreta do que grave.
Exame físico O pulso
arterial em geral é normal, mas em paciente com volume de ejeção
reduzido, o pulso pode ser de pequeno volume. A palpação do ápice
cardíaco geralmente revela um ventrículo esquerdo pouco expressivo;
a presença de onda de expansão pré-sistólica palpável ou de onda
diastólica precoce de enchimento rápido exclui EM significativa. A
ocorrência da primeira bulha cardíaca bem palpável sugere que a
cúspide anterior da valva mitral é flexível. Os aspectos
auscultatórios de EM compreendem B1 acentuada, que ocorre quando as
cúspides da valva mitral são flexíveis e deve-se em parte, à rapidez
com que a pressão ventricular esquerda eleva-se, no momento do
fechamento da valva mitral, bem como a ampla excursão de fechamento
das cúspides valvares. (MANO, 2006) Calcificação
e/ou espessamento acentuados das cúspides da valva mitral reduzem a
amplitude de B1, provavelmente devido à movimentação reduzida das
cúspides. Com a elevação ainda maior da pressão arterial pulmonar,
estreita-se o desdobramento de B2, devido a redução da complacência
do leito vascular pulmonar, que encurta o intervalo entre os dois
componentes de B2, Finalmente, B2 torna-se única e acentuada. O sopro
diastólico da EM caracteriza-se por baixa freqüência, sopro em
ruflar, mais audível no ápice e com a campânula do estetoscópio,
mais evidente com o paciente em decúbito lateral esquerdo. Quando
este sopro é suave, limita-se ao ápice e, quando mais intenso, pode
irradiar-se à área esternal esquerda baixa ou à axila esquerda. O
sopro persiste enquanto o gradiente de pressão atrioventricular
esquerda exceder aproximadamente 3mmHg. O sopro em geral, inicia-se
imediatamente após o estalido de abertura mitral, este ocorre quando
o movimento da abóbada mitral para dentro do ventrículo esquerdo
pára subitamente, sendo audível no ápice e com o diafragma do
estetoscópio. Na EM discreta, o sopro diastólico precoce é curto,
mas na presença de ritmo sinusal, inicia-se novamente na
pré-sístole. Na EM grave, o sopro é holodiastólico.
Tratamento
clínico Anemia e
infecção devem ser tratadas pronta e agressivamente, em portadores
de cardiopatia valvar. Deve-se recomendar a adolescentes e adultos
com cardiopatia valvar graves, que evitem as ocupações que exijam
esforço extenuante. Os pacientes assintomáticos, com EM moderada,
devem ser reavaliados anualmente. O exercício físico mais vigoroso é
contra indicado em pacientes sintomáticos. Nestes com
valvulopatia mitral, pode-se esperar melhora considerável com
diuréticos orais e restrições à ingestão de sódio. A hemoptise é
tratada com medidas voltadas à redução da pressão venosa pulmonar
incluindo sedação, postura vertical e diurese agressiva. A intervenção
está indicada em pacientes levemente sintomáticos com área valvar
inferior a 1,0 cm2/m2 de área corporal, equivalente a menos de 1,5
cm2 em adultos normais. Sintomas durante atividades ordinárias que
desenvolvam aumento da pressão pulmonar durante o esforço pode ser
indicação conforme o paciente (mesmo com áreas entre 1,0 e
1,5cm2/m2). A indicação do tratamento deve ser individualizada,
levando-se em conta a idade do paciente, seu grau de lesão e o grau
de comprometimento funcional. A valvotomia
não está indicada em pacientes totalmente assintomáticos, tendo em
vista não haver evidências de melhora do prognóstico nessa
população. Pacientes assintomáticos com EM, ou minimamente
sintomáticos, em geral assim permanecem ativos por anos. A Fisioterapia
tem importante participação no preparo dos pacientes antes da
cirurgia e no pós-operatório. No período pós-cirúrgico, atuando
objetivamente para manutenção e melhora da função pulmonar,
especialmente nas complicações pulmonares descritas por vários
autores como a maior causa de morbidade no pós-operatório. A mobilização
precoce de pacientes após cirurgia cardíaca mostrou ser segura e
benéfica, visto que pode reduzir os efeitos prejudiciais do repouso
prolongado no leito, aumentar a autoconfiança do paciente e diminuir
o custo e a permanência hospitalar. Orientações ao
paciente quanto a situações e procedimentos, tais como: dor,
restrição ao leito, presença de tubo orotraqueal, ventilação
mecânica e aspiração traqueal, cateteres e drenos além de educação
sobre os exercícios respiratórios e cinesioterapêuticos a serem
realizados no pós-operatório, são objetivos básicos da fisioterapia
na fase pré-operatória. Podemos dividir
as técnicas de abordagem, segundo seus objetivos específicos, entre
as que preferencialmente visam à higiene brônquica e as dirigidas à
expansão pulmonar. Dentre as técnicas de higiene brônquica
incluem-se a drenagem postural, a vibro-compressão torácica e a
tosse assistida. Na expansão
pulmonar, as técnicas de inspiração sustentada segundo a capacidade
pulmonar total, a descompressão brusca, além da utilização de
incentivadores respiratórios como terapia coadjuvante são
importantes.
Insuficiência da Válvula Mitral A insuficiência
mitral é considerada doença cardíaca comum, grave e de difícil
controle, podendo o doente permanecer assintomático durante vários
anos. (KASSAB; KASSAB, 2002). Esta patologia, também chamada de
incompetência mitral, é caracterizada pelo fluxo retrógrado de
sangue pela válvula mitral, que não funciona bem a cada vez que o
ventrículo esquerdo se contrai. (ROJO, 2002) Quando o
ventrículo esquerdo bombeia o sangue do coração para dentro da
aorta, retrocede um pouco de sangue para a aurícula esquerda,
aumentando assim o volume e a pressão nesta cavidade. Esta situação
faz com que aumente a pressão nos vasos que levam sangue dos pulmões
para o coração e, em conseqüência, acumula-se líquido nos pulmões
(congestão pulmonar).
Etiologia A valva mitral é composta pelo anel mitral, folhetos, cordoalhas tendineas e músculos papilares. Sendo assim, uma anormalidade em qualquer uma dessas estruturas pode levar a uma insuficiência mitral.
A insuficiência
mitral pode ser subdividida com base na sua cronicidade. As causas
mais comuns de insuficiência mitral aguda incluem alterações do anel
valvar, distúrbios da cúspide mitral, ruptura das cordoalhas
tendíneas, distúrbios de músculos papilares e distúrbios protéticos
da valva mitral. a insuficiência mitral crônica pode resultar de
inflamações (doença cardíaca reumática, lúpus eritematoso sistêmico
e esclerodermia), de alterações degenerativas (degeneração
mixomatosa das cúspides da valva mitral - prolapso da valva mitral),
infecciosa (endocardite infecciosa), estrutural (cordoalhas
tendíneas rompidas, ruptura ou disfunção do músculo papilar,
dilatação do anel da valva mitral, cardiomiopatia hipertrófica e
extravazamento protético paravalvar), e ainda congênita
(fenestrações ou fendas da valva mitral). Outras causas
são anotadas, porém em menor freqüência, tais como: insuficiência
coronariana, calcificação do anel mitral rotura da cordoalha
tendínea ou do músculo papilar, perfuração dos folhetos,
fibroelastose endocárdica, dentre outras.
Fisiopatologia Nesse tipo de
disfunção valvar, o enchimento ventricular é normal, porém durante a
sístole o sangue ao ser ejetado para a aorta também reflui para o
átrio esquerdo, devido ao fechamento incompleto da válvula mitral,
referente à má coadaptação dos folhetos, durante a ejeção
ventricular. Decorrente do
refluxo e para a manutenção de um débito cardíaco normal, há
necessidade que se aumente o volume sistólico, o que é conseguido
através da dilatação, estirando os sarcômeros existentes na direção
de seu comprimento máximo, da cavidade ventricular (Mecanismo de
Frak-Starling), tornando-a competente para abrigar o volume
sangüíneo normal, acrescido do volume regurgitante. Após a fase de
dilatação, segue-se a hipertrofia, que tem como objetivo manter a
contratilidade miocárdica em níveis normais. Por outro lado,
tem-se um aumento da distensibilidade do ventrículo e do átrio
esquerdo, diminuindo o grau de hipertensão pulmonar. Sendo assim, a
repercussão sobre o território pulmonar se faz devido ao refluxo em
direção às veias pulmonares, que por hipertensão retrógrada, razão
pela qual a hipertensão na insuficiência mitral é bem mais leve que
na estenose mitral. O orifício
Mitral é funcionalmente paralelo ao orifício aórtico. Dessa forma,
quando ocorre insuficiência mitral, a resistência ao esvaziamento
ventricular fica reduzida. Quase 50% do volume regurgitante ocorre
durante o que seria a fase isovolúmica do ciclo, ou seja, antes da
abertura da valva aórtica. (MANO, 2006) Ainda que a
insuficiência mitral grave possa ser tolerada por muitos anos, a
lesão eventualmente causa disfunção do ventrículo esquerdo. O
ventrículo agora lesado apresenta um desempenho prejudicado na
ejeção e o volume sistólico final aumenta. O grau de
regurgitação varia de acordo com o orifício regurgitante, com o
nível do gradiente do ventrículo esquerdo e átrio esquerdo e com a
resistência vascular periférica. Aumentos da pré e pós-cargas e a
redução da contratilidade aumentam o volume do ventrículo esquerdo e
por conseqüência do orifício mitral, aumentando a regurgitação. A dilatação
ventricular piora a regurgitação, que por sua vez gera maior volume
ventricular, gerando um ciclo vicioso. A insuficiência mitral leva à
hipertrofia excêntrica compensatória. Esta compensação hemodinâmica
pode ser mantida por anos, antes que ocorra falência ventricular.
O débito
cardíaco total na insuficiência mitral severa está aumentado até a
fase tardia da doença. No entanto o débito efetivo, que passa pela
valva aórtica, está normalmente reduzido. A capacidade funcional do
paciente depende deste débito efetivo durante o exercício e não do
volume regurgitante.
Quadro
Clínico O período
assintomático é muito variável. Os primeiros sintomas costumam
ocorrer após os 30 anos de idade e o caráter progressivo da
insuficiência se observa com relativa freqüência, quer seja por
recidiva do surto, ou por evolução propriamente dita do processo
inicial. O problema, às
vezes, é identificado apenas quando o paciente é auscultado e
ouve-se um sopro cardíaco característico resultante do fluxo
retrógrado do sangue que retorna ao átrio esquerdo após a contração
do ventrículo esquerdo. Pelo fato de ser obrigado a bombear mais
sangue para compensar o fluxo retrógrado de sangue ao átrio
esquerdo, ocorre um aumento progressivo do ventrículo esquerdo para
aumentar a força de cada batimento cardíaco. O ventrículo
dilatado pode produzir palpitações, particularmente quando a pessoa
encontra-se em decúbito lateral esquerdo. O átrio esquerdo também
tende a dilatar para acomodar o sangue adicional que retorna do
ventrículo. Geralmente, um átrio muito dilatado bate rapidamente e
com um padrão desorganizado e irregular (fibrilação atrial), o qual
reduz a eficácia do bombeamento do coração. Na realidade, o átrio em
fibrilação não bombeia, apenas tremula, e a ausência de um fluxo
sangüíneo adequado permite a formação de coágulos. A insuficiência
grave reduz o fluxo sangüíneo anterógrado o suficiente para provocar
uma insuficiência cardíaca, a qual pode produzir tosse, dificuldade
respiratória durante o exercício ou esforço e edema nos membros
inferiores. Os sintomas em
geral se iniciam com dispnéia e cansaço, seguindo-se a ortopnéia,
dispnéia paroxística noturna.
Exame físico A palpação do
pulso arterial é útil para diferenciar a estenose aórtica da
insuficiência mitral; ambas podem produzir um sopro sistólico
proeminente na base do coração. A ascensão arterial carótida é
rápida na regurgitação mitral grave e retardada na estenose aórtica. Na ausculta
cardíaca, na maioria dos casos o sopro sistólico começa
imediatamente após a primeira bulha cardíaca, esta por sua vez está
em geral diminuída (abafada) e se continua após B2, podendo
obscurecer a intensidade dessa bulha, devido à persistência da
diferença de pressão entre ventrículo e átrio esquerdo, depois do
fechamento da valva aórtica. Um
eletrocardiograma e uma radiografia do tórax mostram a dilatação do
ventrículo esquerdo. O exame que dá mais informação é o
ecocardiograma, uma técnica de obtenção de imagens através de
ultra-sons que permite visualizar a válvula defeituosa e determinar
a gravidade do problema.
Tratamento
Clínico A redução da
pós-carga é particularmente benéfica no tratamento da insuficiência
mitral, tanto na fase aguda como na crônica. Quando o
tratamento cirúrgico for contra-indicado, a redução da pós-carga
crônica com hidralazina oral ou um inibidor da enzima convertedora
de angiotensina pode melhorar o estado clínico. Os glicosídeos
ditalígicos, em adição aos diuréticos, estão indicados em pacientes
com regurgitação mitral grave e evidência clínica de insuficiência
cardíaca e são particularmente úteis em pacientes com fibrilação
atrial estabelecida.
Tratamento
Cirúrgico A abordagem
cirúrgica mais utilizada é a esternotomia mediana, embora casos
selecionados já possam ser beneficiados com a cirurgia minimamente
invasiva. (REGENGA, 2000) Se a
insuficiência for grave, a válvula deverá ser reparada ou
substituída antes que a anormalidade do ventrículo esquerdo torne-se
muito importante e não possa ser corrigida. A cirurgia pode ter como
objetivo a reparação da válvula (valvuloplastia) ou a sua
substituição por uma válvula mecânica ou por uma válvula feita
parcialmente com uma válvula de porco. A reparação
valvular elimina ou diminui a insuficiência o suficiente para que os
sintomas se tornem toleráveis e não ocorra lesão cardíaca. Cada tipo
de válvula substituta apresenta vantagens e desvantagens. Apesar de
normalmente serem eficazes, as válvulas mecânicas aumentam o risco
de formação de coágulos sangüíneos, obrigando o paciente a tomar
anticoagulantes por um período indeterminado para que haja menor
risco. As válvulas de
porco funcionam bem e não acarretam o risco de formação de coágulos,
mas a sua duração é menor do que a das válvulas mecânicas. Se uma
válvula substituta apresentar defeito, ela deve ser imediatamente
substituída. As superfícies
das válvulas cardíacas lesadas podem ser locais de graves infecções
(endocardite infecciosa). Qualquer pessoa que apresente uma lesão
valvular ou uma válvula artificial deve tomar antibióticos antes de
ser submetida a tratamento odontológico ou procedimento cirúrgico,
para evitar a ocorrência de processos infecciosos.
Tratamento
Fisioterapêutico O tratamento
mais indicado numa grande parte dos pacientes com ortopnéia e
dispnéia paroxística noturna é a ventilação mecânica não invasiva
com o CPAP ou BIPAP. O CPAP consiste na aplicação de uma pressão
positiva contínua (mediante um compressor de ar e máscara nasal) que
mantém permeável a via aérea superior, impedindo seu colapso. O
nível ideal de pressão de CPAP entre 6-12 cm H2O costuma ser
suficiente para a maioria dos pacientes. Em casos em que se
necessitam pressões muito elevadas estaria indicada a utilização do
BIPAP. A dispnéia
poderá ser tratada com a oxigenoterapia. E o edema de membros
inferiores, poderá ser reduzido com elevação dos membros, drenagem
linfática manual e mobilização dos membros inferiores. No
pós-operatório da cirurgia para correção da insuficiência mitral,
faz-se as manobras de expansão pulmonar. (REGENGA, 2000). Dentre
elas, temos o CPAP, RPPI (Respiração por pressão positiva
intermitente), inspiração máxima sustentada e incentivadores
respiratórios, dentre outros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS A detecção
precoce destes comprometimentos valvulares permite o início de um
tratamento mais rápido e eficaz, contribuindo para que o paciente
conviva melhor com a patologia. A atuação fisioterapêutica, nos
casos de pacientes estáveis ou no pré e pós-operatório de cirurgias
cardíacas, pode agir de maneira preventiva ou reabilitadora, com os
objetivos de minimizar as complicações cardiorrespiratórias e
nusculoesqueléticas que o paciente possa vir a apresentar.
ALMEIDA, Ronaldo Gomes. Disponível em: <http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1.asp?cod_noticia=82>.
Acesso em: 22.03.06.
JACKSON, G. Tudo sobre doenças cardíacas. São Paulo: Andrei, 2000.
KASSAB, K. K.; KASSAB, A. K.. Insuficiência mitral: comparação entre
o tratamento clínico e cirúrgico a médio prazo de acordo com a
classe funcional. Revista Brasileira de Cirurgias Cardiovasculares,
v. 17, n°2, p. 20-23, 2002.
MANO, R. Manuais de Cardiologia. Livro virtual - ano 8, 2006.
Disponível em:
http://www.manuaisdecardiologia.med.br/. Acesso em: 25.03.06.
MANUAL MERCK. Seção 3 - Distúrbios do Coração e dos Vasos
Sangüíneos; Capítulo 19 - Distúrbios das Válvulas Cardíacas.
Disponível em:http://www.msd-brazil.com/content/patients/manual_Merck/mm_sec3_19.html#section_2.
Acesso em: 25.03.06.
MANUAL MERCK. Seção 3 – Doenças Cardiovasculares; Capítulo 19 –
Valvulopatias. Disponível em:http://www.manualmerck.net/?url=/artigos/%3Fid%3D45%26cn%3D639%26ss%3D.
Acesso em: 26.03.06.
SOEIRO, A. M.; SOUZA, J. A.; SERRANO JÚNIOR, C. V.; BENVENUTI, L. A.; MIRANDA, R. C.;
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Mitral Grave como Evolução a Longo Prazo de Miotomia/Miectomia
Septal Cirúrgica. Arquivos Brasileiros de Cardiologia - Volume 83,
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UMEDA, I. I. K. Manual de Fisioterapia na Cirurgia Cardíaca: Guia
Prático. 1º ed. São Paulo: Manole, 2004. |