Introdução
Crioterapia é a aplicação terapêutica de qualquer substância ao
corpo, resultando numa retirada do calor corporal e, por meio disso,
rebaixando a temperatura tecidual.
A crioterapia é uma modalidade terapêutica aplicada intensamente na
Medicina do Esporte, principalmente o gelo, que é utilizado, embora
muitas vezes, sem fundamentos de pesquisa científica
Os efeitos fisiológicos ocasionados pelo uso da crioterapia são:
anestesia, redução da dor, redução do espasmo muscular, estimula o
relaxamento, permite a mobilização precoce, melhora a amplitude de
movimento, estimula a rigidez articular, redução do metabolismo,
redução da inflamação, estimula a inflamação, redução da
circulação, estimula a circulação, redução do edema, quebra do
ciclo dor-espasmo-dor.
A escolha correta do método de aplicação deve ser baseada,
principalmente, de acordo com a área a ser tratada, sendo que o tempo
de aplicação varia tanto em relação ao método utilizado como a
área, isto é, uma articulação que apresenta menor espessura do
tecido adiposo (gordura), o tempo necessário para atingir o
resfriamento é menor do que em uma outra área que possui uma maior
quantidade de tecido adiposo.
Crioterapia
Crioterapia é um termo guarda-chuva que cobre um número de
técnicas específicas. O termo crioterapia significa, literalmente,
"terapia pelo frio". Qualquer tipo de uso do gelo ou de
aplicações do frio com objetivos terapêuticos é, dessa forma,
crioterapia. Em outras palavras, crioterapia é a aplicação
terapêutica de qualquer substância ao corpo, resultando numa retirada
do calor corporal e, por meio disso, rebaixando a temperatura tecidual.
Aplicação de bolsas de gelo, massagem com gelo, aplicação de
"cryomatic", criocinética, que significa aplicação
intermitentes de frio e exercícios ativos, crioestiramento, que são
aplicações intermitentes de frio e estiramento de tecidos moles,
banhos em água fria, como por exemplo, turbilhão frio ou imersão em
balde com água com temperatura próxima a zero, cirurgia com gelo,
conhecida como criocirurgia.
Todas estas técnicas encontram-se sob o termo
"guarda-chuva" da crioterapia. Estas técnicas estão
destinadas a cumprir diversos objetivos terapêuticos, portanto usar o
termo crioterapia para referir-se a uma técnica específica gera muita
confusão e cria conflito entre elas. As técnicas devem ser mencionadas
pelos seus nomes específicos.
A crioterapia é uma modalidade terapêutica aplicada intensamente na
Medicina do Esporte, principalmente o gelo, que é utilizado, embora
muitas vezes, sem fundamentos de pesquisa científica.
Pesquisamos de 1990 a 2000 na MEDLINE usando palavras chaves como
gelo, randomizados, crioterapia, fisioterapia e reabilitação.
Encontramos 2 trabalhos controlados randomizados utilizando gelo, sendo
um em tratamento pós-operatório em artroplastia total de joelho, e o
outro na influência na dor em artrite reumatóide. Esses dois artigos
científicos estarão disponível na página principal em Artigos
Científicos.
Tomamos como referência de um trabalho adequado o número de
pacientes, trabalhos randomizados com grupo controle, comparação
estatística entre o grupo controle e o grupo experimental, observador
cego e métodos de avaliação comprovados.
Inesperadamente e contrariamente à pratica clínica não encontramos
literatura vasta a respeito, salvo efeitos fisiológicos, não
encontramos material metodologicamente aceitáveis para a aplicação
terapêutica do gelo, ou seja, não encontramos comprovação através
da "medicina baseada em evidências".
Esse conceito vem sendo amplamente aceito no "mundo
científico" há vários anos em paises do primeiro mundo e começa
a ganhar espaço no Brasil. A fisioterapia ainda não faz a
"medicina baseada em evidências" no seu dia a dia, o que nos
faz imaginar que as terapias são feitas sem serem comprovadas
cientificamente, colocando em risco a saúde pública.
O MEDLINE contém 51 % das publicações da área médica mundial,
com excelentes periódicos e suficientes para um trabalho de
graduação.
Infelizmente não encontramos bases científicas correspondentes ao
uso descontrolado do gelo terapêutico em nosso meio. Isso nos faz
refletir se estamos realmente reabilitando.
Aconselhamos que as pesquisas de artigos científicos sejam feitas na
BIREME
Segundo Michlovitz (1996) a crioterapia é administrada de várias
maneiras. A escolha do agente a utilizar depende da acessibilidade da
parte do corpo a ser tratada e do tamanho da área a ser resfriada. O
pé pode ser melhor coberto por um banho de imersão frio, por exemplo,
e o joelho por um bolsa fria amarrada ao redor do mesmo. O tratamento do
tornozelo e da perna pode ser feito mais eficientemente por bolsas frias
do que massagem com gelo.
Segundo Gould, 1993, uma pequena quantidade de sal pode aumentar os
efeitos fisiológicos da crioterapia.
Freqüentemente a pele sob o agente resfriador irá ficar vermelha.
Isso pode ocorrer por uma das duas razões. Primeiro, o O2 não se
dissocia tão livremente da hemoglobina a baixas temperaturas, portanto,
o sangue, passando através do sistema venoso, está altamente
oxigenado, dando uma cor mais vermelha à pele. Seguindo depois de 10 a
15 min. da utilização da crioterapia, ao se mover o estímulo frio,
uma "hiperemia" pode ocorrer, trazendo maior quantidade de
sangue para o local.
Existe uma combinação de água e álcool (a cada 4 medidas de água
adiciona 1 de álcool) para obter uma consistência gelatinosa, que
facilitará a moldagem da articulação ou região a ser tratada. Essa
mistura ocasiona uma sensação de ardência maior que a normal e por
esse motivo temos que duplicar as atenções para não lesarmos a pele
do paciente a ser tratado usando essa técnica da crioterapia.
Iremos descrever os métodos de crioterapia mais utilizadas .
O uso do Calor ou Frio para o
alívio da dor
A aplicação do calor ou do frio são recursos valiosos na prática
da fisioterapia.
As terapias usando o calor (termoterapia) e usando o frio (crioterapia)
não levam à cura de nenhuma enfermidade, porém são instrumentos
importantes que auxiliam no tratamento de várias patologias
ortopédicas e neurológicas. São recursos sintomáticos, que quando
aplicados adequadamente, reduzem o espasmo muscular e a sintomatologia
dolorosa, preparando a região afetada para a aplicação das técnicas
terapeuticas.
Calor = Frio Há vários tipos de distúrbios onde o calor e o frio
produzem efeitos semelhantes. O espasmo muscular que acompanha a hérnia
de disco, lombalgias, cervicalgias, e problemas articulares podem ser
reduzida por esses dois processos.
Calor
Efeitos Terapêuticos do Calor:
1. Alivia a dor.
2. Aumenta a flexibilidade dos tecidos músculo-tendíneos.
3. Diminui a rigidez das articulações.
4. Melhora o espasmo muscular.
5. Melhora a circulação.
A aplicação do calor, promove alteração das propriedades físicas
dos tecidos que compõem os tendões, cápsulas articulares e
cicatrizes, melhorando suas respostas ao alongamento.
Contra-indicação
Não aquecer regiões do corpo que estiverem anestesiadas,
edemaciadas, inflamadas, feridas com sangramento, em áreas onde haja
tumores, sobre os testículos, sobre o abdome de gestantes ou em áreas
do corpo de pessoas inconscientes.
Técnica de Tratamento
O tratamento domiciliar pelo calor deve ocorrer na freqüência de 3
vezes ao dia, durante 20 a 30 minutos, usando bolsas quentes nos locais
a serem tratados.
Frio
Efeitos Terapêuticos do Frio:
1. Diminui o espasmo muscular.
2. Alivia a dor.
3. Nos traumatismos (entorses, contusões, distensões musculares,
etc.), previne o edema e diminui as reações inflamatórias.
Para se ter um efeito mais efetivo, o resfriamento deve ser aplicado
imediatamente após o trauma, antes que o edema esteja formado.
Técnica de Tratamento
O tratamento pelo uso do frio deve ser feito com bolsas geladas
durante 10 minutos, no local da dor, 3 vezes ao dia.
O uso de calor é contra-indicado nos casos de traumatismo porque
aumenta o edema. O uso do frio é contra-indicado nos casos de artrite
porque aumenta a rigidez articular. Nestes casos é preferível usar
calor.
Técnicas de Tratamento
Bolsas Frias
Michlovitz (1996) explica essa técnica de bolsas frias que podem ser
compradas por preço baixo ou facilmente feitas. As marcas comerciais
usualmente contêm gel de sílica e está disponível no mercado em
diversos tamanhos e formatos para cobrir a área a ser tratada de forma
mais adequada. As bolsas podem ser guardadas em uma unidade especial de
refrigeração ou em freezer doméstico. A temperatura de armazenamento
deve ser de aproximadamente -5ºC por pelo menos 2 horas antes de uso.
Por razões de higiene, deve se colocar uma toalha entre a bolsa e a
superfície da pele. O ar é um condutor térmico pobre, portanto,
devemos molhar a toalha com água para que facilite a transferência de
energia.
Bolsa térmica comercializada, para realização da crioterapia.
Algumas bolsas frias são ativadas quimicamente ao bater contra uma
superfície dura. Esse tipo de bolsa é bastante utilizada em primeiros
socorros e são descartáveis. A reação química dentro dessas bolsas
ocorre em um PH alcalino e pode causar queimaduras na pele se forem
abertas e seu conteúdo vazar sobre a pele.
Bolsa térmica instantânea ativada quimicamente.
As bolsas frias se mantém a uma temperatura baixa o suficiente por
15 a 20 min. Se um tratamento mais prolongado for necessário, devemos
substituir por uma outra bolsa. 20
Compressa Fria ou Panqueca Fria
A panqueca fria é utilizada com freqüência por pessoas em suas
casas. Para se preparar uma panqueca fria devemos molhar uma toalha em
água fria e adicionar, dentro da toalha, gelo moído e dobramos em
forma de uma panqueca.
Na compressa fria molhamos uma toalha em água fria e dobramos em
forma de uma compressa.
A panqueca fria é mais eficiente do que a compressa fria, mas, mesmo
assim, o seu efeito terapêutico, para reduzir a temperatura de um
tecido, é muito limitado.
Pode ser indicada nos casos onde necessitamos de um resfriamento
superficial. Esse método tem eficiência em torno de apenas 5 min, pois
a partir desse momento a temperatura se eleva perdendo assim o objetivo
do tratamento.
Massagem com Gelo
Segundo Rodrigues (1995) a massagem com gelo já é bastante
conhecida e utilizada, mas seus efeitos fisiológicos ainda não foram
discutidos e interpretados para que a mesma possa ser indicada.
A massagem com gelo é feita geralmente sobre uma área pequena,
sobre um músculo, um tendão ou sobre pontos gatilhos. Essa técnica é
simples e pode ser ensinada a pacientes confiáveis para aplicação
doméstica.
A água é congelada em copo de papel para facilitar o manuseio do
gelo pelo terapeuta. Outra alternativa seria colocar um palito no copo
com água e teria assim o formato de um "pirulito" e seu
manuseio seria através do palito para aplicação dessa técnica.
Uma área de 10 a 15 cm pode ser coberta em 5 a 10 min. O gelo é
aplicado sobre a pele em movimentos circulatórios ou no sentido de
"vai-e-vem". Durante a massagem com gelo o paciente
experimentará provavelmente quatro sensações distintas incluindo frio
intenso, queimadura, dor e então analgesia. Os estágios de queimadura
e dor devem passar rapidamente dentro de 1 a 2 min. Uma fase mais
prolongada de dor e queimação pode ocorrer se a área coberta for
muito grande ou se uma resposta hipersensitiva for iminente. A
temperatura da pele normalmente não cairá abaixo de 15ºC quando esta
técnica for empregada e assim o risco de dano ao tecido é mínimo.
As respostas fisiológicas podem ser afetadas por dois fatores:
Aplicação é fásica: conforme a área é massageado, o gelo fica
em contato com uma área específica e o tecido é exposto de novo a
temperatura ambiente, tomando assim o resfriamento mais lento;
Ação da massagem com gelo estimula os receptores mecânicos: quando
executada por movimentos curto e breve; facilita a inibição neural,
quando executada por movimento lento e prolongado. Esta é uma boa
técnica para a aplicação sobre áreas pequenas.
Uma outra forma de massagem com gelo é a técnica de Rood, que
realiza movimentos de varredura rápido e diretamente sobre os músculos
tentando melhorar a contração muscular.
Banho de Imersão
Essa técnica é utilizada para cobrir um seguimento corporal,
utilizando água misturada com gelo. O tempo de aplicação é regulado
por quanto se quer reduzir a temperatura do local a ser tratado. É
importante destacar que essa técnica leva a uma diminuição da
temperatura muito rápida, em comparação com as outras técnicas.
Quando o objetivo for resfriar as extremidades, é mais prático o
banho de imersão, a menos que seja desejável uma elevação
simultânea. Essa técnica assegura contato circunferencial do agente
resfriador.
Podemos utilizar essa técnica em extremidades como: cotovelo,
braço, mão e tornozelo, mas também pode ser utilizada em grandes
áreas como a região lombar ou membro inferior.
É necessário um recipiente com tamanho suficiente para cobrir a
área a ser tratada. Iremos dosar a quantidade de gelo em relação a
água para obtermos a temperatura desejada para realizar a terapia.
Técnica de Imersão
A perda da temperatura dessa técnica pode ocorrer à medida que o
gelo derrete. Para mantermos a temperatura, devemos repor o gelo
constantemente e monitorarmos a temperatura com um termômetro dentro do
recipiente. Outro fator importante é o aquecimento da película da
água que circunda a região tratada após 5 min. iniciais da imersão,
para que isso não interfira no tratamento devemos movimentar a água
constantemente.
Por razões de higiene para cada terapia devemos trocar a água
usada. Nunca devemos reutilizar a água mesmo sendo congelada novamente.
Turbilhão Frio
Esse aparelho tem as mesmas características do turbilhão
convencional, isto é, um recipiente com um reservatório de água e um
aparelho que proporciona um jato de água, porém, atua com uma
temperatura entre 1ºC a 5ºC para tratamento de áreas pequenas e de
10ºC a 15ºC para trabalhar em áreas grandes. O jato de água tem o
objetivo de massagear a área. Não foi encontrado mais detalhe dessa
técnica. Rodrigues questiona em seu trabalho que "o banho frio tem
o objetivo de reduzir o metabolismo e promover a vasoconstrição, mas
quando nós fazemos hidromassagem nos tecidos, não estamos promovendo
estilos para um maior efeito metabólico, muito embora em proporções
bem menores do que ocorre no banho quente.
Pacote de Gelo
Essa técnica é a mais utilizada entre todas as outras, porém,
muitos terapeutas encontram dificuldades para a modelagem da
articulação ou das extremidades. Portanto, para facilitar a modelagem,
devemos moer ou triturar o gelo e, após colocarmos dentro de sacos
plásticos, devemos retirar o ar e fechar em seguida.
O pacote poderá ser fixado ao local da aplicação por faixas,
ataduras de crepe ou um peso para estabilizar o pacote quando possível.
A temperatura do pacote está em torno de 1ºC a 3ºC
aproximadamente.
Pacote de gelo
Gelo, Compressão e Elevação
Essa técnica é usada universalmente nos cuidados imediatos das
lesões agudas nos esporte.
Foi a única técnica que encontramos com trabalho experimental,
randomizado e provou sua eficácia no tratamento de pós-operatório em
artroplastia total de joelho, como já foi dito anteriormente.
Além dos efeitos da crioterapia temos os efeitos da elevação e
compressão. A compressão é feita por faixa elástica ou por aparelhos
que possuem um recipiente de espuma com elástico e uma faixa com crepe,
como o Polar Care.
A compressão atua aumentando a pressão externa da vasculatura. Dado
que a pressão externa está no denominador da fórmula da pressão de
filtração capilar, essa técnica pode ajudar no controle da formação
do edema e, também, poderá ajudar a reduzir o inchaço, ao promover a
reabsorção do fluído. A pressão externa é mais efetiva quando o
edema começa a ocorrer e será efetiva enquanto houver edema.
Segundo Knight et alli, 1985 "a pressão hidrostática resulta
do peso da água. Na medida em que mergulhamos, por exemplo, no mar, a
pressão hidrostática capilar é menor quando o segmento corporal está
em porção fluida do sangue. A pressão hidrostática capilar é maior
quando o segmento corporal está em posição pendente do que quando
elevado em função do maior peso da água. A elevação, assim, é
benéfica durante os cuidados imediatos, por diminuir a pressão
hidrostática capilar, o que faz baixar a pressão de filtração
capilar. Embora a elevação também diminua a pressão hidrostática
tecidual, seu valor normal é muito menor do que da pressão
hidrostática capilar, de tal modo que a variação absoluta na pressão
hidrostática tecidual devida a elevação será negligenciável".
Encontramos dois tipos de aparelho que fazem essas ações de
crioterapia, elevação e compressão; um deles é o Polar Care e o
outro é o Cryo Cuff.
Polar Care
Aplicação da crioterapia, com uso do Polar Care
Aplicação da crioterapia, com uso do Cryo Cuff
A aplicação imediata dessa técnica é a medida prioritária para
lesões decorrentes no meio esportivo, visto que o gelo demorará 5 min
ou mais para agir sobre o fluxo sangüíneo.
Spray de Vapor Frio
Historicamente, dois tipos de spray são usados,os de Flori -Metano
que são os não inflamável e não tóxico e o Etil-Clorido que é um
vapor refrigerante destinado a aplicação tópica para controlar a dor
associada às condutas cirúrgicas menores, tais como lancetar
furúnculos ou drenar pequenos abscessos, lesões de atletismo,
injeções e para o tratamento de dor miofascial, movimento restrito e
espasmo muscular.
Spray para o uso da crioterapia
Devemos evitar a inalação do Etil-Clondo, pois pode produzir
efeitos narcóticos, anestésicos gerais e anestesia profunda ou coma
fatal, com parada cardíaca ou respiratória. O Etil-Clorido é
inflamável e nunca deve ser usado na presença de uma chama em aberto,
ou equipamento elétrico de cauterização. Quando usado para produzir
congelamento dos tecidos, as regiões adjacentes da pele devem ser
protegidas com aplicação de petrolato. O processo de descongelamento
pode ser doloroso e o congelamento pode reduzir a resistência local da
infecção e predispor uma cicatrização demorada.
Banho de Contraste
Essa técnica consiste numa alternância entre o calor e o frio, onde
os objetivos são vasomotores, isso é, alterações circulatórias que
o agente frio e o calor promovem nos tecidos.
É realizado dois recipientes, um deles contendo uma mistura de gelo
e águas, e o outro com água quente numa temperatura que varia de 40ºC
a 45ºC.
A água quente deve ser iniciada com duração de 5 min. para
promover uma vasodilatação alterando o fluxo sangüíneo de 1,6 lts
para 1,71 lts. Em seguida deve ser usado o frio que provocará uma queda
imediata da temperatura subcutânea e profunda.
Devemos terminar a técnica utilizando o frio com duração de 3 min.
com o objetivo de resfriar os tecidos e reduzir as necessidades
metabólicas dos mesmos.
Banho de contraste (frio)
Banho de contraste (mudança)
Banho de contraste (quente)
Foi encontrado na literatura um protocolo de banho de contraste
elaborado pela CEFESPAR com duração total de 30 min., seguindo as
informações já citadas anteriormente, em relação ao início e ao
término da aplicação de cada principio físico, no caso frio e
quente.
Cryo 5
Esse aparelho é, sem dúvida, a novidade para a aplicação da
crioterapia. Consiste em um aparelho elétrico, que resfria o ar
ambiente numa temperatura de até -30ºC, que pode ser regulado
digitalmente. A distância da extremidade do aparelho deve ser de 5 a 20
cm da pele. O aparelho traz uma comodidade ao paciente em relação a
umidade e, ao fisioterapeuta, por ter diversos tamanhos adaptáveis ( 5
a 10 mm ) com a extremidade, podendo ter uma aplicação mais
individualizada. O fabricante desse aparelho recomenda o uso dessa
técnica de aplicação da crioterapia de 1 a 10 min. Foi pedido ao
fabricante algum trabalho experimental para verificação da
comprovação dos efeitos desse aparelho, mas não obtivemos resposta
até então. O Cryo 5 funciona com ar natural, livre de custos
adicionais. Esse aparelho está por volta de US 17.500 (preço
verificado no HOSPITALAR 99).
Cryo 5 e detalhe do mostrador digital de regulador de Tº
Aplicação com Cryo 5
Contra-Indicações
Em algumas doenças são contra-indicados o uso da crioterapia.
Iremos citar as principais, mas é bom ressaltar que todas as doenças a
serem tratada com a crioterapia, antes devem ser bem estudadas pelo
fisioterapeuta
Crioglobulinemia é uma doença caracterizada pela presença de uma
proteína sangüínea anormal, que forma um gel quando exposta a baixas
temperaturas. Essa formação de gel pode levar a isquemia ou gangrena.
Crioglobulinemia está associada com certos tipos de infecções
bacterianas e virais, doença crônica do fígado, lupos eritematoso
sistêmico e outras doenças reumáticas.
Fenômeno de Raynaud é uma doença vasoespástica, que pode ser
ideopática ou associada com outras doenças. É um episódio de
constrição de pequenas artérias e arteríolas nas extremidades, que
resulta em palidez e/ou cianose da pele, seguida por hiperemia e
vermelhidão. A vasoconstrição pode ser grande o bastante para levar a
uma oclusão completa dos vasos.
Hemoglobinúria proximal fria pode ocorrer depois de exposição
local ou generalizada ao frio. Hemoglobina que normalmente é encontrada
entre as células vermelhas do sangue, é liberada das células
vermelhas do sangue e aparece na urina.
Gota: É um distúrbio metabólico que sofre importante influência
genética, manifestada por níveis elevados de ácido úrico sérico,
crises recorrentes de artrite aguda, formação crônica de agregados de
cristais de MUS nas articulações, nas bainhas sinoviais, bursas,
tecidos subcutâneos.
A concentração de ácido úrico no líquido sinovial é semelhante
aquela do plasma, e nos pacientes hiperuricêmicos observa-se a super
saturação de urato em ambos os ambientes. Assim, é maior a
probabilidade de formação de cristais de monourato de sódio, agentes
inflamatórios primários. Outros fatores contribuem para a formação
desses cristais: a presença intra-articular de gama globulina, de
colágeno tipo I, diminuição de pH e da temperatura intra-articular,
traumatismo articulares e rápidas flutuações nos níveis séricos de
urato.
A baixa temperatura facilita a formações desses cristais monourato
de sódio e conseqüentemente piorando o caso clínico dos pacientes
portadores dessa doença.
EFEITO FISIOLÓGICO
Foi encontrado na literatura, diversos efeitos fisiológicos
ocasionados pelo uso da crioterapia e são eles:
- Anestesia
- Redução da dor
- Redução do espasmo muscular
- Estimula o relaxamento
- Permite mobilização precoce
- Melhora a amplitude de movimento (ADM)
- Estimula a rigidez articular
- Redução do metabolismo
- Redução da inflamação
- Estimula a inflamação
- Redução da circulação
- Estimula a circulação
- Redução do edema
- Quebra do ciclo dor-espasmo-dor
Os efeitos fisiológicos citados são conflitantes entre os autores,
por esse motivo iremos verificar quais desses efeitos tem algum trabalho
experimental ou se são comprovados cientificamente com trabalhos
randomizados com grupo controle.
Iremos dividir esses efeitos em grupos, já que foi notado que um
efeito ocasiona outro. Os grupos serão:
· Efeitos Circulatórios
· Efeitos no Processo Inflamatório
· Efeitos Metabólicos
· Efeitos na Dor
· Efeitos Musculares
· Efeitos nos Nervos Periféricos
EFEITOS CIRCULATÓRIOS
Ha uma grande divergência na literatura encontrada em relação à
resposta circulatória local, durante e após a aplicação da
crioterapia no que se diz respeito a vasoconstrição e vasodilatação.
Segundo Hocutt "Baseado no conhecimento fisiológico determinado
pelo uso da crioterapia verifica-se que o frio causa vasoconstrição
diminuindo o fluxo sangüíneo regional e conseqüentemente, a
hemorragia na área traumatizada. A mudança da temperatura dos tecidos
causa diminuição do metabolismo, das ações químicas das células e
conseqüentemente da quantidade de oxigênio e de nutrientes. O
decréscimo do fluxo através da lesão dos vasos limita o edema; há
menor liberação de histamina e interrupção no processo de evolução
da rotura do capilar, o que normalmente ocorreria após a lesão. Há
melhor drenagem linfática devida menor pressão no líqüido
extravascular".
Segundo Lianza. Após 10 a 15 min. da vasoconstrição inicial ocorre
uma vasodilatação reflexa profunda, sem aumento da atividade
metabólica local. Esta redução do metabolismo determinado pela queda
da temperatura leva a uma diminuição de oxigênio e nutrientes
necessários, na área afetada. Fica, portanto, evidente a indicação
da crioterapia imediatamente após traumas esportivos.
A vasoconstrição cutânea aumenta com a queda de temperatura da
pele a 150C; abaixo disso a vasodilatação ocorre atingindo seu máximo
a 00C, geralmente após 25 min. de aplicação da crioterapia.
Estudo Durante o resfriamento.
Quando a redução da temperatura do tecido é mantida por um longo
tempo, ou quando a temperatura é reduzida abaixo de 10ºC, uma
vasodilatação de frio induzida pode seguir o período inicial de
vasoconstrição. Este fenômeno foi reconhecido por Lewis em 1930. Ele
achava que quando os dedos eram imersos em um recipiente com gelo, a
temperatura da pele diminuía durante os 15 primeiros min. Esta
redução foi seguida por período cíclicos de aumento e diminuição
de temperatura, que Lewis correlacionava com vasodilatação e
vasoconstrição respectivamente. Durante os períodos cíclicos, as
temperaturas nunca voltaram aos valores próximos da pré-imersão. Este
ciclo foi chamado de "resposta de caça" e foi sentido por
Lewis de ser uma atividade dentro de um reflexo axônio. Como a pele foi
esfriada para menos de 10ºC, resultaria em dor, causando impulsos
sensoriais aferentes para serem levados a arteríolas da pele. Um
neurotransmissor não identificado, denominado receptor "H",
similar em ação à histamina, foi hipoteticamente solto, resultante em
vasodilatação arteriolar.Como o sangue aquecido veio para a área,
elevou a temperatura acima de 10ºC, o banho de gelo foi novamente
eficiente ao causar a vasoconstrição.
Para tentar explicar sua afirmação sobre a vasodilatação durante
a crioterapia, Lewis utilizou um protocolo onde fazia a imersão de um
dedo em água fria (água e gelo) e observou as seguintes reações da
temperatura do dedo A análise feita por Rodrigues (1995) pelo estudo de
Lewis foi a seguinte:
- A temperatura normotérmica do dedo está em torno de 30ºC a 340C
aproximadamente, portanto para considerarmos a ocorrência de
vasodilatação, a temperatura do dedo pesquisado deveria elevar-se
acima da temperatura medida pré-aplicação do frio.
- A imersão do dedo em água fria produzia uma redução abrupta na
sua temperatura, de 33,50C para, aproximadamente, 340C até os primeiros
14 min. de resfriamento. Após este tempo, a temperatura começava a
aumentar seguindo um padrão não rítmico de elevação e redução.
Estas oscilações na temperatura estavam entre 2,5ºC a 7ºC,
aproximadamente, e foram consideradas por Lewis como vasodilatação.
- Posteriormente, os pesquisadores denominaram a reação de
caçador, como sendo um fenômeno circulatório. Portanto, o gráfico
mostra o controle de temperatura do dedo durante 124 min. de imersão em
água fria e em nenhum momento desta amostragem ocorreu vasodilatação.
Isto confirma o fato de que houve erro de medida na avaliação dos
dados da pesquisa de Lewis, na condição durante o resfriamento.
Estudo Após o Resfriamento.
Lewis, para tentar explicar a vasodilatação após a crioterapia,
utilizou um protocolo onde fazia a imersão de um dedo por 15 min. em
água fria a 70C e media a recuperação da temperatura local, após a
imersão por 73 min., como ilustra o gráfico a seguir que mostra um
efeito secundário que Lewis tentou afirmar ser devido a vasodilatação.
Observe, porém, a temperatura do dedo controle (R3) artificialmente
baixa (19ºC aproximadamente).
O gráfico a seguir nos mostrará que as temperaturas do dedo, a ser
resfriado (R2) e de controle (R3) estão bem abaixo da temperatura
normotérmica dos mesmos (300C a 34ºC), antes de iniciar o
resfriamento. Isto pode ser devido às condições de baixa temperatura
do ambiente.
"Observamos que após a remoção do dedo resfriado (R2), a sua
temperatura subiu rapidamente para 280C a 290C, aproximadamente, e
ultrapassou a temperatura do dedo controle (R3), que estava a 190C.
Após 10 min. a l5min. da retirada do dedo (R2) da água fria,
iniciou-se uma redução de sua temperatura, e quase atingiu a
temperatura do dedo controle (R3), após 5Omin. a 55min. do pós-frio.
Como podemos observar no gráfico, Lewis iniciou o estudo com os
dedos R2 e R3, a uma temperatura de 180C a 190C, considerada muito baixa
quando comparada com a temperatura normotérmica do dedo, que é de 300C
a 340C, aproximadamente. O que não justifica Lewis considerar este fato
como vasodilatação.
Em nenhum estudo realizado mostra que a temperatura de recuperação
(após a crioterapia) foi superior a temperatura de pré-imersão, em
condições normais. Então podemos confirmar, o fato de que houve erro
de medida na avaliação dos dados nas pesquisas de Lewis, nas
condições de, durante, e após a crioterapia.
Segundo Clarke, Hellon e Lind, a vasodilatação fria pode também
ocorrer sem o componente de caça, já citado anteriormente. Eles
esfriaram antebraços humanos à uma temperatura de 1ºC. Um aumento
acentuado na corrente sangüínea de 3 a 4 vezes os valores de antes do
esfriamento ocorreu depois de 15 min. de imersão. Apenas um pequeno
aumento na corrente sangüínea foi notado com temperatura de 10ºC.
Pensava-se que esta vasodilatação fria era uma resposta profunda,
provavelmente em músculo esquelético, e foi assumido ser local, por
que não foi notada nenhuma mudança reflexiva na extremidade
contra-lateral.
Estudos na Microcirculação
Micholovitz, realizou, um experimento com ratos para explicar os
efeitos da crioterapia na microcirculação.
Foram colocados contra a pele dos ratos, cubos de gelo por 20 min..
Este tratamento foi iniciado 24 horas após a contusão. Smith achava
que houve um aumento no diâmetro das arteríolas seguindo-se à
contusão, mas que não houve mudança no tamanho arteriolar em resposta
a crioterapia. Ao contrário, não houve mudanças no diâmetro das
vênulas após o machucado, mas houve um aumento significativo no
tamanho das vênulas em resposta a crioterapia. Os resultados desse
estudo sugeriram que um aumento no diâmetro das vênulas permite uma
maior reabsorção fluídica, assim provando um mecanismo adicional para
reduzir edema.
Houve muita especulação e investigação por anos para esclarecer
as causas da vasodilatação fria. Somando-se à ativação de um
reflexo axônio, alguns pesquisadores dizem que esfriando para menos de
10ºC pode-se inibir atividade miogênica de músculo liso ou reduzir a
sensibilidade dos vasos sangüíneos para catecolaminas, causando assim
a vasodilatação.
A vasoconstrição segundo Knight (1995) permanece por um período
relativamente longo após a retirada do estímulo hipotérinico,
resposta esta que não confirma a crença de alguns fisioterapeutas que
acreditam na ocorrência de uma vasodilatação induzida pela
crioterapia. Não se pode dizer que há uma vasodilatação induzida, e
sim urna redução parcial da vasoconstrição, uma vez que o diâmetro
do vaso após a crioterapia não ultrapassa seu diâmetro inicial.
Estudos mostram que um vaso de aproximadamente 5 de diâmetro (unidade
arbitrária) tem durante a aplicação da crioterapia seu diâmetro
reduzido para 1 após o término da terapia o diâmetro torna-se 3
concluí-se que não ocorre uma vasodilatação propriamente dita e sim
um retorno do diâmetro normal, sem a técnica da crioterapia.
Somente Vasoconstrição
Uma das principais funções da crioterapia no sistema circulatório
é a diminuição do fluxo sangüíneo devido a vasoconstrição.Este
efeito acarreta um controle da hemorragia inicial intratecidual e limita
a extensão da lesão.
A vasoconstrição que ocorre por um estímulo das fibras simpáticas
e a diminuição da pressão oncótica juntamente com a diminuição da
permeabilidade da membrana leva a uma redução do edema. Também se
sabe que a vasoconstrição ocorre devido a uma diminuição do fluxo
sanguíneo nos vasos lesados, sendo que o efeito da histamina na
membrana vascular também é diminuído com a ação da crioterapia.
Segundo Zohn ap Pedrinelli (1993) a vasoconstrição é produzida
reflexamente nas fibras simpáticas e por ação direta sobre os vasos
por redução da temperatura.
O efeito da vasoconstrição é a resposta inicial que ocorre durante
a aplicação da crioterapia e seu objetivo é de manter o calor do
corpo como uma resposta fisiológica da regulação da temperatura
corporal (Douglas)
O gráfico irá demonstrar com clareza a vasoconstrição promovida
pela crioterapia.
- Técnica: crioterapia, quente e controle.
- Local: tornozelo.
- Controle: 25 min. durante e 20 min. após.
- Medidas: fluxo sangüíneo
Após analisarmos o gráfico, podemos observar na tabela (Tab 1) os
resultados obtidos em relação à resposta do fluxo sangüíneo nas
condições de crioterapia, pacote quente e controle, durante 25min.
Observando o gráfico, podemos afirmar que a crioterapia promove uma
redução progressiva do fluxo sangüíneo e o calor promove um aumento
progressivo do fluxo sangüíneo já o controle, por estar sujeito a
influências do ambiente, apresenta uma redução muito lenta, mas de
forma progressiva.
Tempo Durante
|
Crioterapia
|
Pacote Quente
|
Controle
|
3 min.
|
1,40 L.
|
1,65 L.
|
1,51 L.
|
5 min.
|
1,40 L.
|
1,67 L
|
1,50 L.
|
10 min
|
1,01 L.
|
1,81 L
|
1,39 L.
|
15 min
|
0,881 L
|
1,75 L.
|
1,40 L.
|
20 min.
|
0,851 L.
|
2,0 L.
|
1,39 L
|
25 min.
|
0,661 L.
|
2,2 L.
|
1,38 L
|
Tabela 1: Decomposição gráfica, da Fig.6 durante 25 min.
Fonte: Rodrigues, A., Crioterapia, 1995, p 169.
Após analise feita por Rodrigues, ficou bem claro que a resposta do
fluxo sangüíneo não ocorre vasodilatação durante e nem depois do
uso da crioterapia.
A tabela (Tab 2) foi feita uma decomposição do mesmo gráfico
anterior só que agora após 25 min. das condições prescritas.
Tempo Após
|
Crioterapia
|
Pacote Quente
|
Controle
|
2 min.
|
0,67 L.
|
2,1 L.
|
1,0 L.
|
4 min.
|
0,89 L.
|
2,2 L.
|
0,96 L.
|
6 min.
|
0,65 L.
|
1,8 L.
|
0,97 L.
|
8 min.
|
0,63 L.
|
1,9 L.
|
1,0 L.
|
10 min.
|
0,64 L.
|
1,7 L.
|
0,98 L.
|
15 min.
|
0,65 L.
|
1,5 L.
|
0,97 L.
|
25 min.
|
0,63 L.
|
1,47 L.
|
0,95 L.
|
Tabela 2: Decomposição gráfica, da Fig.6 após 25 min.
Comprovação Científica:
Em relação aos efeitos na circulação iremos descrever o que foi
comprovado cientificamente.
Um trabalho randomizado foi realizado por Levy, A.S.; et alli para
avaliar a função do curativo de compressão fria no tratamento do
pós-operatório em artroplastia total de joelho.
Foram randomizados 80 joelhos, onde, 40 foi para o grupo controle e
40 para o grupo experimental por meio de sorteio, utilizando envelopes
lacrados, após o término da cirurgia para prevenir o surgimento de
tendenciosidade.
O grupo controle realizou somente o curativo compressivo e não
utilizou a crioterapia como o grupo experimental.
No grupo experimental foi realizado a crioterapia usando a
compressão fria com um aparelho chamado Cryo/Cuff, que consiste em uma
bexiga que reveste a metade anterior do joelho e deixa a patela livre.
É conectado por um tubo a um resfriador contendo 4 litros de água com
baixa temperatura e depois de inflado proporciona uma pressão de 30
mmHg de compressão. Foi realizado num período de 3 dias, realizando a
técnica a cada 90 min.
Ao comparar o grupo controle com o grupo experimental, após uma
avaliação feita por um observador cego, no caso um fisioterapeuta,
obtiveram os seguintes resultados em relação a perda sangüínea e a
amplitude de movimento. Os outros resultados, como a comparação da dor
será citada nos efeitos fisiológicos na dor.
Esse trabalho demonstrou que os pacientes do grupo experimental
tiveram uma perda sangüínea em média de 548 ml e o grupo controle
teve uma perda em média de 807 ml. O declínio de hemoglobina em média
de 3,1mg no grupo experimental e de 4,7 mg nos pacientes do grupo
controle, isto resulta em média um calculo total de perda sangüínea
de 1289 ml no grupo experimental e de 1908 ml no grupo controle. O
extravasamento de sangue nos tecidos moles é em média 744 ml no grupo
experimental e 1101ml no grupo controle.
A amplitude de movimento no grupo controle foi de 65º e no grupo
experimental foi de 77º.
Então ficou comprovado que a crioterapia compressiva utilizando o
aparelho Cryo/Cuff nos pós-operatórios, em relação aos efeitos
circulatórios e amplitude de movimento, diminuem o extravasamento
sangüíneo e aumenta a amplitude de movimento.
Efeitos Inflamatórios
Os efeitos fisiológicos da crioterapia no processo inflamatório
existente na literatura são confusos, já que existem muitas
controvérsias sobre esse assunto.
Conceito de Inflamação
A inflamação é a reação do tecido vivo vascularizado à lesão
local. É causada por infecções bacterianas, agentes físicos,
substâncias químicas, tecido necrótico e por reações imunológicas.
O papel da inflamação é conter e isolar a lesão, destruir os
microrganismos invasores, inativar as toxinas e atingir a cura e o
reparo. Entretanto, a inflamação e o reparo são potencialmente
nocivos, provocando reações de hipersensibilidade potencialmente
fatais, lesão progressiva do órgão e fibrose.
Sinais Clássicos Da Inflamação Aguda
- Calor
- Vermelhidão (rubor)
- Edema (tumor)
- Dor
- Perda da função
Efeitos da Inflamação
· - Vasoconstrição inicial transitória das arteríolas
· - A seguir, vasodilatação, provocando aumento de fluxo;
responsável pelo calor e pelo rubor
· - Menor velocidade de circulação, eventualmente devida a
permeabilidade vascular aumentada, leva à êxtase. A permeabilidade
aumentada é a causa do edema
· - Com a menor velocidade, surge marginação dos leucócitos,
precedendo os eventos celulares
Inflamação Crônica
Inflamação crônica é a inflamação de duração prolongada, na
qual a inflamação ativa, a destruição tecidual e as tentativas de
cicatrização ocorrem de forma simultânea.
Essas inflamações podem surgir de várias maneiras tais como:
- Pode ocorrer após inflamação aguda, devido à persistência
do estímulo desencadeador ou devido a alguma interferência no processo
normal de cicatrização;
- Pode ser resultado de surtos repetidos de inflamação aguda;
- Mais amiúde começa de forma insidiosa como uma resposta
indolente de baixa intensidade que não segue a inflamação aguda
clássica, em uma das seguintes situações:
Infecção persistente por micróbios intracelulares que são de
baixa toxicidade, mas que evocam uma reação imunológica;
Exposição prolongada a substâncias não degradáveis, mas
potencialmente tóxicas;
Reações imunes, em particular aquelas perpetuadas contra os
próprios tecidos do indivíduo.
Os achados histológicos da inflamação crônica incluem:
· - Infiltração por células mononucleares, principalmente
macrófagos, linfócitos e plasmócitos;
· - Destruição tecidual;
· - Reposição do tecido conjuntivo da lesão por um processo
envolvendo proliferação dos vasos sanguíneos e fibrose.
Estudos da Crioterapia na Inflamação
Em um estudo, Ducan e Brooks utilizaram injeções subcutâneas, nas
costas de coelhos, de cultura de stafilococus aureus , que são cocos
gram-positivos que formam grumos semelhantes a cachos e que provocam
lesões cutâneas. Quando essas lesões estão localizadas na pele,
ossos ou valvas cardíacas provocam inflamação piogênica.
- Algumas feridas não foram tratadas
- Outras feridas foram tratadas com água a uma temperatura de 40Cº.
- Outras feridas foram tratadas com água a uma temperatura de 10Cº
Os resultados obtidos após 24h, a resposta inflamatória era maior
nas feridas tratadas com água a 40ºC e as feridas tratadas com água a
10ºC as respostas inflamatórias quase não existiam.
Após 24h de interrupção do tratamento as lesões tratadas pela
crioterapia pareciam com as não tratadas nas primeiras 24h da lesão.
Com esses dados os autores chegaram a uma conclusão que a
crioterapia não alterou a resposta inflamatória, e sim, a adiou.
Rodrigues (1995) conclui que o efeito que desencadeou o processo
inflamatório ainda estava presente, o que reforça o fato de que a
crioterapia alterou o início e controlou a intensidade do processo
inflamatório. A resposta obtida, após a retirada da crioterapia,
deve-se ao fato de que o processo que desencadeou a reação
inflamatória ainda estava em estado ativo e, portanto, a crioterapia
deveria ter sido aplicado por mais tempo. Aqui deparamos com os
parâmetros: tipo do frio, tempo de aplicação e duração da conduta
preventiva, para que a reação inflamatória não se manifestasse.
Um outro estudo citado por Rodrigues (1995), foi o estudo realizado
por McCorskery e Harris sobre o efeito da "Colagenase Sinovial",
uma enzima produzida na articulação pelo sinóvio reumático e que
destrói o colágeno da cartilagem articular.
Aplicação de colagenase sinovial, cartilagem articular, a
temperaturas de 300C, 330C, 360C.
· * Com 36Cº, a degradação do colágeno foi em torno de 38%.
· * Com 330Cº, a degradação do colágeno foi em torno de 12%.
· * Com 300Cº, a degradação do colágeno foi em torno de 3%.
Para Rodrigues (1995), os dados recolhidos na pesquisa de McCorskery
e Harris, indicam como tratar uma articulação com o processo
inflamatório do tipo reumatóide instalada, assim como, nos auxilia na
prevenção do processo inflamatório, após submetermos uma
articulação reumática (osteoartrose) a trabalhos físicos.
Durante qualquer trabalho físico existe sempre um aumento na
temperatura articular, promovendo a liberação da colagenase sinovial,
conseqüentemente, estimula a síntese de cálcio, o que aumenta a
destruição da cartilagem articular. Utilizando a crioterapia
imediatamente após qualquer atividade física, estaremos abaixando a
temperatura articular e, teoricamente, estaremos reduzindo ou limitando
a liberação desse colagenase sinovial, reduzindo ou eliminando a
resposta inflamatória. Sendo assim, é necessária a aplicação da
crioterapia logo após essas atividades físicas.
O gráfico mostra a degradação das fibras de colágeno da
cartilagem articular humana pela colagenase sinovial reumatóide
funcionalmente purificada a diferentes temperaturas em relação ao
tempo.
É importante questionar se a crioterapia promove ou não efeito
semelhante sobre as outras enzimas degradativas envolvidas no processo
inflamatório. Se isso ocorresse, a crioterapia seria importante na
diminuição da lesão enzimática secundária ao trauma, e, durante
estados inflamatórios crônicos, mas negativo para a fagocitose
macrófaga, durante o processo de resolução do hematoma. Na tentativa
de demonstrar os fatos citados acima, Dowart e outros, trabalharam em
uma pesquisa em que eram injetados cristais de urato monossódio em
joelhos de cães e, imediatamente, eram aplicados pacotes quentes e
frios por 4 horas. Análise feita após aspiração do líqüido
sinovial mostraram:
Degradação das fibras de colágeno em diferentes temperaturas
Os leucócitos do fluido sinovial retirado do joelho que foi
resfriado com a crioterapia apresentavam menos fagocitose e menos
inflamação do que o joelho oposto que não teve a crioterapia.
Isso foi devido ao aumento da viscosidade do fluido sinovial, que por
sua vez, poderia ter impedido o movimento das células brancas em
direção aos cristais.
Farry ap Micholovitz (1996) após realizarem um experimento com
porcos obtiveram evidências histológicas de diminuição de
inflamação. Apenas 1 de 20 porcos tiveram sinais de uma resposta
inflamatória pronunciada. Todos os outros não tiveram nenhuma célula,
inflamatórias nem ocasionais, para moderar quantias de polimorfos e
linfócitos.
Schambel ap Torrieri et all (1989) utilizando gelo em cirurgias
ortopédicas diversas, concluiu que as alterações de temperaturas
induzidas pela crioterapia são fundamentais para o controle do quadro
inflamatório traumático.
Janssen e Waller ap Torrieri et all (1989) demonstram que o grau de
inflamação, a permeabilidade capilar e a resposta celular variam
diretamente com a temperatura.
Smith ap Torrieri et all (1989) "pesquisando as ações do calor
e do frio no quadro inflamatório, propôs que o frio pode aumentar
determinados quadros inflamatórios e diminuir outros. Daí se conclui
que os quadros inflamatórios traumáticos respondem satisfatoriamente
às aplicações da crioterapia".
Knight ap Torrieri et all (1989) afirmou que a utilização do gelo
na fase aguda se deve a trocas metabólicas, alterações de
permeabilidade celutar e ações no plano circulatório (vasoconstrição).
Núñes et all (1997) afirma que a crioterapia reduz o processo
inflamatório agudo principalmente nos traumatismo agudo.
Segundo Folberg (1988) a aplicação da crioterapia sobre a área
lesada tem a ação antiinflamatória por diminuir o metabolismo além
de se opor a vasodilatação inflamatória.
Levy at all (1993) também afirma que a utilização da crioterapia,
principalmente a técnica compressão e elevação são fundamentais
para a reduzir e evitar o processo inflamatório.
Comprovoção Científica
Não foi encontrado nenhum trabalho experimental randomizado sobre os
benefícios da crioterapia no processo inflamatório. Dr. Flávio
Baptista Pinheiro
Efeitos Metabólicos
A redução do metabolismo é o principal efeito fisiológico das
aplicações da crioterapia. Essa redução metabólica juntamente com a
redução da temperatura é dada o nome de hipotermia, que tem o
principal objetivo de reduzir a atividade metabólica dos tecidos
envolvidos, para que estes tecidos resfriados sobrevivam com menor
quantidade de O2. .
Nas primeiras 24 a 48 horas após o trauma é, geralmente, aplicado a
crioterapia. A razão para tal uso inclui a uma diminuição no índice
metabólico e assim levaria a uma diminuição da lesão hipoxica
secundária. A escolha da crioterapia tem se baseado em grande parte em
evidências empíricas.
A diminuição da produção de metabólicos, após a crioterapia, é
apresentado por vários autores. Sendo o CO2 um dos mais importantes
metabólicos do organismo, este sofrerá alterações que acarretarão
na diminuição da sua concentração, levando a um aumento do tônus
vascular e conseqüentemente a uma diminuição do seu diâmetro, ou
seja uma vasoconstrição já explicada anteriormente.
Efeito da Temperatura Corporal sobre o Metabolismo
"Quanto mais elevada for a temperatura de um meio quimicamente
reativo, mais rapidamente ocorrerão suas reações químicas. Esse
efeito também é observado nas reações químicas que se passam no
interior das células do corpo. Cada grau Celsius de aumento na
temperatura aumenta a intensidade do metabolismo em cerca de 10%. Por
conseguinte, em pessoa com febre muito alta, a intensidade do
metabolismo pode ser o dobro da normal, como efeito da própria
febre".
Estudos da Crioterapia Sobre o Metabolismo
Vários estudos relatam a redução do metabolismo, na área médica
que trabalha com a neurocirurgia e cirurgia cardíaca, foi possível
graças ao uso do frio que produzia uma hipotermia induzida
clinicamente.
Swan e Patton ap Rodrigues (1995), relatam que um maior resfriamento
permitiria, que a circulação fosse interrompida por períodos mais
longos de tempo.
Najafi ap Rodrigues (1995) demonstrou, clinicamente, que a
sobrevivência após cirurgia cardíaca era maior quando se utilizava
hipotermia local profunda e oclusão total, do que quando se utilizava
hipotermia sistêmica moderada e oclusão total ou perfusão
normotérmica.
A preservação de um órgão é vital para um transplante bem
sucedido, e é graças a hipotermia induzida pelo frio.
A hipotermia reduz a necessidades celulares de energia, diminuindo,
assim, a necessidade de O2 para o tecido. Quanto mais profundo o
resfriamento de um organismo, mais profundo é a depressão do seu
metabolismo. Blair mostra essas relações de consumo de O2 no gráfico,
em porcentagem de captação de O2 em relação a temperatura.
O músculo-esqueléticos reage de forma semelhante aos dos cães.
Abranson mediu o consumo de oxigênio em 21 antebraços imersos em água
a 45ºC, 32ºC, 17ºC. A média, da proporção de consumo de oxigênio,
era de 2.5ºC.
"A hipotermia, além de diminuir o metabolismo, pode, também,
aumentar a solubilidade do O2, aumentando, assim, a quantidade de O2 na
solução física"
A redução do metabolismo após a crioterapia é bem entendia em
relação ao uso imediato no pós-trauma como mostram alguns trabalhos:
Blalock ap Rodrigues (1995) induziu lesão letal no tecido brando da
perna traseira de 50 cães. Após, estabeleceu os protocolos tratando
50% com o calor e 50% com a crioterapia e mediu o tempo de sobrevida
desses animais (crioterapia após o trauma). O calor levou a um aumento
de aproximadamente 80C na perna lesada e a crioterapia levou a uma
redução de aproximadamente 29C.
Valores do consumo de O2 durante a hipotermia progressiva feita pelo
frio extracorpóreo (cães)
O resultado desse experimentou foi que os animais tratados com o frio
viveram duas vezes mais que os animais tratados com o calor,
respectivamente 11:24 min. e 5:49 min.
Outro trabalho foi feito agora para verificar o uso da crioterapia
durante o trauma, Ducan e Blalok ap Rodrigues (1995) colocaram animais
em uma prensa mecânica por 5 horas e aplicaram a crioterapia durante
este período. Concluíram, que se a crioterapia fosse aplicada durante
o trauma, ocorreria uma influência protetiva definitiva. Porém, se a
crioterapia fosse aplicado 5 horas após o trauma, não ocorreria
beneficio algum, pois a anoxia já teria exercido os seus efeitos
nocivos aos tecidos. Dr. Flávio Baptista Pinheiro
Dor
Conceito de Dor
"Quando se trata de definir a dor, é quase impossível dizer o
que ela realmente é; sabemos intuitivamente como é, mas especificar,
definir claramente, ou mais ainda, descrevê-la integralmente resulta
praticamente uma utopia. A criança "sabe" quando tem dor e
precocemente aprende a diferencia-lá, mas, por que pode dizer que é
dor e não outra sensação? Além disso, a criança já pode separar
bem esta sensação, como algo diferente das outras sensações, e dá a
ela a maior importância"
"Segundo o dicionário Webster, dor é a sensação que temos
quando ficamos feridos mental ou fisicamente, com pena, sofrimento,
grande ansiedade, angústia. Além disso, o Webster oferece outra
definição da dor, como uma sensação de grande desconforto, prejuízo
em algumas partes do corpo, causada pela injúria, doença ou transtorno
funcional, que é transmitido através do sistema nervoso. Para Bard,
todo o estímulo de intensidade suficiente para ameaçar o bem-estar dos
tecidos, e que dá lugar à dor, é chamado noxa ou estímulo nocivo, o
qual evoca movimentos reflexos característicos que são de natureza
protetora e defensivos".
Tipos de Dor
Segundo Rodrigues (1995) os tipos de dor são:
Dor trigeminal: nevralgia do trigêmio, dor caracterizada pela sua
localização bem definida e precisa; embora possa ter diferentes
qualidades, é fulgurante e sua intensidade é geralmente elevada.
Freqüentemente se acompanha de lacrimejamento. Pode ser considerada
como uma dor epicrítica.
Dor difusa: como a dor talâmica, tipo queimadura, mas de
localização indefinida. Apresenta-se nas afecções do tálamo e pode
ser considerada como a dor protopática.
Dor referida: própria das afecções viscerais: vesícula biliar,
ureter (cólicas hepática e renal), coração (dor anginosa),
apêndice, etc. Esta dor é também pouco precisa, mas suas
característica principal é que se apresenta afastada do sítio
anatômico onde estão as vísceras comprometidas (ponto de origem); sua
intensidade é geralmente elevada, com grande compromisso
neurovegetativo e emocional.
Dor do histérico: de localização imprecisa e variável, como
também sua intensidade e qualidade efetiva.
Hiperalgesia: sensação dolorosa provocada por estímulos que
usualmente não produzem dor, só sensação de toque ou pressão.
Dor do membro fantasma: em casos de amputações de extremidades, a
sensação (dolorosa) do membro inexistente é projetada à mesma
região.
Classificação da Dor
Em relação a duração ela pode ser aguda e crônica, onde as
agudas são breves, autolimitados, embora possam ter tendência a
repetições, e as crônicas têm a característica de estabilização
do quadro doloroso não deixando tendência à regressão espontânea e
na maioria das vezes, persiste mesmo após ter cessado de operar a causa
orgânica que o determina.
Hideko et alli (1995) a dor aguda tem função de alertar sobre a
ocorrência de lesões teciduais instaladas ou em via de se instalar.
A dor crônica geralmente não tem essa finalidade e pode ser causa
de incapacidade funcional, situação essa que justifica a absorção de
medidas destinadas a seu controle. Entretanto, muitas vezes,
manifesta-se mesmo na ausência de agressões teciduais vigentes.
A dor também tem uma classificação em relação a origem, podendo
ser dor superficial e dor profunda, onde a dor superficial apresenta-se
geralmente, em pontadas, precisamente localizadas, limitadas e de origem
superficial e de duração e tempo de latência curta, produzindo
respostas afetivas menos intensas; já a de dor profunda apresenta-se em
forma de queimação, mal localizada e tardia.
Outra origem de dor pode ser a referida, geralmente ocorre mais na
dor visceral e menos nas profundas; caracteriza-se pelo aparecimento de
uma área hipersensível ou dolorosa na superfície corporal, a
distância da víscera, mas, em certos casos, ela localiza-se em
metâmero distante. Embora o fenômeno ainda não esteja esclarecido, os
autores atribuem o mesmo a convergência de somação espacial de
estímulos sub-liminares a nível medular. A dor referida tem grande
importância clínica, não só pelo seu valor diagnóstico, mas,
também, porque em muitos casos de dor incoercível, a anestesia da
área referida pode contribuir para aliviar significativamente a dor.
Receptores da Dor
Segundo Douglas (1994) as diferentes modalidades de dor, queimante,
fulgurante, pulsátil, etc., podem ser explicadas pela estimulação de
quimioreceptores por agentes químicos, e também dos receptores
adjacentes, tanto os mecano como os termorreceptores, evocando assim, a
resposta dolorosa bimodal ou multimoda/ (heterostase somestésica).
Assim, os três tipos de receptores são descritos como específicos da
dor (nociceptores).
Nociceptor termossensitivo: excitado por temperaturas acima de 450C e
no congelamento.
Nociceptor mecanossensitivo: sensível a deformação nociva.
Experimentalmente, por punção com agulha de peso 30 g ou deformação
da pele com fórceps, pode-se excitar estes receptores mecânicos que
são de alto limiar.Por outra parte, Pearl não determinou dor quando
agiu excitando os receptores mecânicos ou térmicos com substâncias
químicas algésicas, concluindo que elas só agiriam a outro nível de
detecção.
Nociceptores químiossensitivos: excitados por substâncias químicas
algésicas, mas que não podem ser considerados propriamente
nociceptores; isto porque evocam dor, sem obrigatoriamente serem
lesados, mas apenas excitados por substâncias químicas, também
liberadas na lesão tecidual.
Pode-se, então, concluir que a dor é determinada pela excitação
de diversos tipos de receptores, genericamente denominados nociceptores.
Bessou e Pearl descreveram unidades nociceptoras polimodais, em
pequenas zonas da pele, que apresentam fibras aferentes amielínicas e
respondem a forte pressão (mecanossensitivas), calor excessivo (termossensitivas)
e substâncias químicas irritantes (quimiossensitivas).
Vias de Condução Periférica
São identificadas duas vias de transmissão dolorosa na periferia.
Uma mais importante (70% 80% do total) constituída de fibras
amielinizadas, com velocidade de condução muito baixa (0,5-2m/seg do
tipo C); outra (20%) constituída de fibras finas, mielinizadas, com
velocidade de condução entre 20 m/seg. a 30 m/seg do tipo A deita.
Melzack e Wall, estudando os efeitos da fibra A delta e C no corno
dorsal da medula, concluíram que a sua teoria repousa basicamente em
três hipóteses.
- As células da substância gelatinosa exercem papel regulador
inibitório a nível segmentar.
- A coluna dorsal é a via aferente de informação dolorosa a nível
cerebral ou medular (através vias aferentes) de condução lenta.
- A atividade da substância gelatinosa seria controlada pelo influxo
sensorial aferente e por influência central aferente.
"Seria ativada pelo sistema de condução rápida A delta
(doloroso, tátil e térmico), e por sistema monitor central, o que
inibiria a transmissão da primeira sinapse sensorial entre a fibra
periférica e as células de transmissão, provavelmente por mecanismos
de inibição pré-sináptica, e seria inibida pelo sistema de
condução lenta, o que facilitaria a passagem do estímulo".
Dor Provocada Pela Crioterapia
"A literatura mostra diversos estudos sobre as dores provocadas
pelo frio. Em um desses estudos, utilizaram o seguinte protocolo:
imersão no gelo e na água gelada da mão e tornozelo, massagem com
gelo no músculo gastrocnêmio. A imersão no gelo e na água gelada
promove a sensação imediata de frio é substituída em 5 seg a 60 seg.
por uma dor do tipo profunda. Hensel descreveu a dor do frio como de
caráter monótono, pobremente localizada e com irradiação intensa,
nas áreas adjacentes. Já a dor, durante a massagem com gelo, não é
tão intensa, pois o frio não faz contato constante em uma só área do
corpo durante a aplicação, fazendo com que a massagem seja considerada
fásica".
A intensidade e o início da dor parecem estar relacionados com a
temperatura da água do banho; quanto mais baixa estiver a temperatura,
mais rápido será o aparecimento da sensação de dor e também, mais
intensa. Quando se pede ao indivíduo para anotar sensações a cada 2
min. durante 20 min. de imersão do tornozelo, o número de vezes em que
a dor é mencionada estava relacionada com a temperatura Quanto maior
for a diferença da temperatura do membro e a técnica utilizada maior
será a dor referida.
Redução da Dor
Segundo Roddrigues (1995) "Diversas condições, clínica e
funcional, indicam a presença do frio, como: durante a etapa 3
(Reeducação) da entorse articular, para reduzir a dor e facilitar o
exercício ativo. Allen e outros usaram imersão e/ou pacotes de gelo
para dar anestesia total em pacientes com alto risco de amputação; as
aplicações variando de 1 hora para o tecido fino a 5 horas para o
tecido grosso, levou a anestesia suficiente para que nada mais fosse
necessário ser usado. Além disso, a quantidade de medicamento
necessário pós-cirúrgico foi reduzido. Allen e outros, assim como
Knight, relataram que a imersão foi superior aos pacotes de gelo, o que
confirma também as observações clínicas. Resultados diversos foram
obtidos em estudos das aplicações do frio, na redução da dor
muscular. Um outro estudo que está um tanto relacionado ao assunto, é
o que diz respeito aos efeitos da imersão em água fria (15 min. 11ºC
a 120C) e a flexibilidade estática do músculo, após a dor ser
induzida no mesmo (tríceps sural). Medidas de EMG após 48 horas
pós-exercício e tratamento, revelaram uma redução na tensão
muscular, nos músculos tratados com imersão no gelo e flexibilidade
estática, mas não foi notada nenhuma diferença entre os dois
tratamentos. A redução da dor, pelo frio, é um fato que ainda é um
pouco difícil de explicar, assim como, explicar a dor em si, também o
é. Svacina relatou que a dor não é muito bem medida objetivamente,
nem definida apropriadamente. Essa asserção nasceu do fato de que
certos procedimentos cirúrgicos, drogas, técnicas psicológicas e
modalidades de terapia física, foram todos usados com variados graus de
sucesso para controlar a dor, mas nenhum método foi claramente superior
ao outro. Sempre alguém irá sentir-se propenso a perguntar se
realmente importa que saibamos como o frio reduziu a dor, já que ele o
faz. Embora os sucessos das técnicas clínicos não dependam
necessariamente da compreensão de seu funcionamento, ele pode ser
melhorado pela descoberta do mecanismo fisiológico envolvido.
Infelizmente, no momento, ainda não é possível dar uma resposta
definitiva".
Existem muitas teorias avançadas explicando os efeitos da redução
das dores pelo frio:
· Redução da transmissão nervosa das fibras de dor
· Redução da excitabilidade das extremidades nervosas livres.
· Redução do metabolismo que alivia os efeitos nocivos da isquemia
nos tecidos.
· Assincronia na transmissão das fibras de dor.
· Elevação do limite da dor.
· A ação como contra-irritante.
· Liberação de endorfinas.
A aplicação do gelo promove a estimulação dos receptores
térmicos, que utilizam a via espinotalâmico lateral, uma das quais
transmite os estímulos dolorosos. Segundo Knight, o resfriamento faz
com que ocorra um aumento na duração do potencial de ação dos nervos
sensoriais, e conseqüentemente um aumento do período refratário,
acarretando uma diminuição na quantidade de fibras que irão
despolizar no mesmo período de tempo. Conclui-se, então, que ocorre
uma diminuição na freqüência de transmissão do impulso e uma
diminuição da sensibilidade dolorosa. A aplicação do gelo faz com
que aumente o limiar de excitação das células nervosas em função do
tempo de aplicação, ou seja, quanto maior o tempo menor a transmissão
dos impulsos relacionados a temperatura o que pode gerar analgesia ou
diminuição da dor.
Comprovação Científica
Dois trabalhos experimentais randomizados foram encontrados para
verificar a eficácia da crioterapia em relação à dor.
O primeiro desses trabalhos foi realizado por Curkovié et alli, onde
realizou uma divisão por randomização de 30 mulheres em 2 grupos. O
1º grupo com 15 mulheres foi aplicado uma massagem com gelo nos dedos
da mão direita de 1-3 min.; 15 pacientes do 2º grupo foram tratados
com banho quente com duração de 10 min, a temperatura da água era de
38ºC. Eles estabeleceram um valor de dor em 10 fisioterapeutas antes
das aplicações. O tratamento e a mensuração da dor foram feitos de
manhã. Eles fizeram a mensuração da dor na articulação proximal do
quarto dedo da mão direita, com um algometer. A dor é avaliada pela
pressão de um pequeno contato da superfície vertical na pele. A força
dessa pressão aplicada é uniforme e medida pela dor expressada em
unidades de peso após a declaração do paciente.
O limiar de dor é definido como a menor que cada pessoa pode sentir.
Eles fizeram a mensuração antes do tratamento e logo após o
tratamento, 10, 30 e 60 min após o procedimento. A análise
estatística foi feita.
A média de idade dos pacientes no 1º grupo foi de 48,6 anos, no 2º
grupo foi de 51,4 anos. A média de duração da doença no 1º grupo
era de 8,8 anos e do 2º grupo de 7,1 anos. Antes do tratamento os
pacientes com artrite reumatóide tinham médias significativas baixas,
de linear de dor, comparadas com indivíduos saudáveis. A média de
valor do limiar de dor no grupo que realizou a massagem com gelo (1º
grupo) era de 1,09, e no grupo que realizou banho quente (2º grupo) era
de 2,13. A diferença foi estatisticamente significante. Não havia
diferença nos valores do limiar de dor entre os grupos nem antes nem
depois do tratamento. Imediatamente após a terapia com gelo ou com
calor o limiar de dor era significantemente maior em ambos os grupos.
Estatisticamente significância de aumento do limiar de dor foi
registrada 10 e 30 min. após a terapia com gelo enquanto não houve
evidência igual após o banho quente (quadro1).
TEMPO (min)
|
GELO
|
BANHO QUENTE
|
before
|
1.09
|
1.35
|
0
|
2.11*
|
1.77*
|
10
|
1.97*
|
1.76
|
30
|
1.68*
|
1.57
|
60
|
1.51
|
1.59
|
Quadro 1: * p<0.01
O gráfico demonstra a diferença entre o grupo tratado com massagem
com gelo e do grupo tratado com banho de águas quente a uma temperatura
de 38ºC.
Ao terminar esse trabalho experimental o grupo de pesquisadores
concluiu que os efeitos analgésicos imediatos são mostrados logo após
os procedimentos de calor e frio. Dez e trinta minutos após o
tratamento, o limiar de dor foi maior apenas em pacientes que receberam
crioterapia. A análise estatística não mostrou qualquer diferença
nos valores limiar de dor entre o 1º e o 2º grupo em nenhum intervalo,
antes ou depois das aplicações. Agentes físicos tem efeitos
favoráveis em paciente com artrite reumatóide. Banhos quentes têm bom
efeito em rigidez matinal e na amplitude de movimento (ADM), por outro
lado, a crioterapia seria mais indicada nesses casos.
O segundo trabalho encontrado, realizado por Levy, A.S et alli, foi
realizado um estudo randomizado para avaliar a função do curativo de
compressão fria no tratamento do pós-operatório em artroplastia total
de joelho.
Foram randomizado 80 joelhos, onde, 40 foram para o grupo controle e
40 para o grupo experimental por meio de sorteio, utilizando envelopes
lacrados, após o término da cirurgia para prevenir o surgimento de
tendenciosidade.
O grupo controle realizou somente o curativo compressivo e não
utilizou a crioterapia como o grupo experimental. No grupo experimental
foi realizado a crioterapia usando a compressão fria com um aparelho
chamado Cryo/Cuff, que consiste em uma bexiga que reveste a metade
anterior do joelho e deixa a patela livre. É conectado por um tubo a um
resfriador contendo 4 litros de água com baixa temperatura e depois de
inflado proporciona uma pressão de 30 mmHg de compressão. Foi
realizado num período de 3 dias, realizando a técnica a cada 90 min.
A média de diminuição diária da escala visual analógica (E.V.A)
de dor, quando a compressão fria foi comparada ao grupo controle, foi
0.4 antes da cirurgia e 1.2, 1.3 e 1.5 nos dias 1, 2 e 3
respectivamente.
Os pesquisadores afirmam ainda que os dados relativos ao alívio da
dor são difíceis de interpretar por causa da variação do limiar de
dor do paciente, mas os dados estatísticos são significantes.
A crioterapia é utilizada no sistema muscular, principalmente nas
patologias neurológicas e nas lesões esportivas. Segundo Swenson et
alli devido a diminuição da temperatura, ocasionada pela crioterapia,
ocorre uma diminuição de ação muscular e um relaxamento dos mesmos,
facilitando à diminuição da espasticidade e a realização de
exercícios de cinesioterapia.
Segundo Micholovitz (1996) o fato que a crioterapia pode mudar a
força muscular pode ter explicações importantes quando pacientes são
avaliados e quando estão sendo efeitos planos de tratamento. A
crioterapia de curta duração poderia, talvez, ser usada para um melhor
desempenho do músculo durante o programa de terapia, assim maximizando
o desempenho inicial e das avaliações seguintes em pacientes durante
um programa de terapia. Avaliação de força deveria ser feita antes da
aplicação e após algumas horas da aplicação.
Segundo Fanning et alli (1997) após realizarem um estudo
experimental em ratos observaram os efeitos da redução da temperatura
na resposta músculo esquelética a agentes indutores de miotomia. Os
autores concluíram que nas temperaturas entre 25 e 15ºC não houve o
desenvolvimento do miotonia, contração lenta, seguida de um
relaxamento, que ocorre nos movimentos voluntários devido a uma
excitabilidade e contratilidade muscular normal, induzida por ácido
antracenico-9-carboxilico. Os autores correlacionaram os resultados com
a miotonia congênita quando contrações miotomicas do músculo adutor
do polegar desaparecerem quando a temperatura é diminuída à 20ºC.
Barnes et alli ap Pedrinelli (1993) relata que o efeito inicial do
gelo sobre a musculatura é o aumento da força máxima de pressão de
8,29 % seguida de perda de força de aproximadamente 14,05 % após 30
min de aplicação da crioterapia.
Kottke et alli (1994), afirma que o clônus desaparece apenas quando
a temperatura do músculo é diminuída e quando a temperatura, após a
aplicação da crioterapia, reduzir somente a temperatura da pele,
haverá uma facilitação do neurônio alfa-motor aumentando assim a
espasticidade, sendo muito utilizado pela crioterapia, mais enfocada na
massagem com gelo, para redução muscular.
Comprovação Científica
Foi encontrado um trabalho experimental realizado por Chiara et alli
(1998), que avaliaram os efeitos da crioterapia no aumento do oxigênio
percepção e espasticidade em pacientes com esclerose múltipla. O
objetivo era determinar o efeito de um banho frio no consumo de
oxigênio e percepção durante deambulação. A técnica usada foi o
banho frio a uma temperatura de 24ºC.
Após esse estudo esse grupo de pesquisadores, concluíram que o
aumento da espasticidade foi estatisticamente significante, mas
insuficiente para ser uma importância clínica. Ao contrário do que
esperavam, um banho com uma temperatura a 24ºC por 20 min não reduziu
o consumo de oxigênio ou a taxa de percepção durante a deambulação
O frio pode alterar a velocidade da condução e a atividade
sináptica de nervos periféricos. 20, 27 Se a temperatura do nervo for
diminuída, haverá uma diminuição correspondente nas velocidades
motora condutiva e sensorial, ou até uma falha do nervo para conduzir
impulsos. Transmição sináptica pode ser impedida ou bloqueada
"A diminuição na velocidade de condução do nervo sensorial (VCNS)
durante as aplicações da crioterapia foi medida transcutaneamente em
todo nervo humano: mediano, ulnar, sural e digital, sugeriu-se que 270C
pode ser uma temperatura crítica, ou seja, um ponto de alteração de
temperatura que exerce um efeito maior ou menor sobre o nervo. Paintal
relatou que, conforme a temperatura se aproximava da temperatura de
bloqueio, que por sua vez era diferente em fibras diferentes, a
velocidade de condução caía muito rapidamente, provocando um desvio
agudo na curva de velocidade de condução da temperatura"
"Denny Brown demonstrou que ocorre um bloqueio total a 10ºc, e
que as fibras motoras são afetadas a temperatura mais altas do que as
sensoriais, e que apresentam uma maior redução na função, a uma dada
temperatura do que ocorreria com as fibras sensoriais. O bloqueio total
da condução ocorreu a uma temperatura abaixo de 10ºc e estava
relacionada com a duração da exposição ao frio".
Inúmeras são as opiniões sobre as fibras que primeiro são
afetadas pelo frio. Paintal e outros encontraram evidências de que a
temperatura em que a condução foi bloqueada nos nervos vaga, safenoso
e cervical do gato não tinha relação com a velocidade de condução
normal. A condução da fibra lenta e rápida do mesmo filamento nervoso
foi bloqueada a mesma temperatura: 7,6ºC no nervo vago, 9,1ºC no
safenoso normal e 16ºC no safenoso flexibilizado.
É mais ou menos um consenso que a resposta de velocidade de
condução em fibras não mielinizadas, a uma temperatura decrescente é
semelhante, exceto a temperatura do bloqueio, que é mais baixa para as
não mielinizadas.
Crioterapia no Potencial de Ação do Nervo Sensorial
A diminuição da temperatura provoca um aumento na duração do
potencial de ação. Lowitzsch e outros demonstraram que o período
refratário absoluto aumentou de "O.54ms a 350C" para
"3.O7 ms a 200C", enquanto o refratário relativo aumentou de
"3.19 ms para 20.09 ms", o aumento no tempo destes períodos
durante o resfriamento, permite um maior efeito na duração do
estímulo.
Precauções
O frio pode causar um aumento na pressão sistólica e diastólica
transitório. Um monitoramento cauteloso deve ser feito se usar a
crioterapia para pacientes hipertensos. A pressão arterial deve ser
aferida antes e depois do tratamento. O tratamento deve ser suspenso se
houver um aumento significativo da pressão arterial.
A crioterapia deve ser aplicada com cautela em indivíduo com
hipersensibilidade ao frio, circulação defeituosa e doenças
termo-regulatórias. Se após essas considerações a crioterapia for o
tratamento escolhido desses pacientes, monitoramentos próximos da
resposta e ajuste apropriado aos parâmetros de tratamento são
necessários. Diminuindo a duração e ajustando a intensidade da
aplicação, podemos produzir os efeitos desejados sem provocar
reações adversas.
A cicatrização pode ser dificultada por baixas temperaturas.
Lundgren e associados demonstraram uma redução de 20 % nas forças de
"tensionamento" de feridas em coelhos mantidos a uma
temperatura de 12ºC, comparados com outros coelhos mantidos a uma
temperatura de 20ºC. A diminuição da cicatriz pode ter sido causada
pela redução da circulação do sangue para aquela área. Somente os
animais mantidos a baixa temperatura mostraram essa deficiência de
resposta na cicatrização. Até que seja demonstrado o contrário é,
provavelmente, uma decisão prudente evitar aplicações de frio
diretamente sobre uma ferida durante as 2 ou 3 semanas iniciais de
cicatrização.
A aplicação da crioterapia por tempo prolongado, 1 a 2 horas, sobre
um nervo periférico superficial, como exemplo a epicondilite medial do
cotovelo ou cabeça fibular, pode levar a neuroplaxia.
Por uma ou duas horas depois da crioterapia, os pacientes devem
evitar "estresse" que possa, potencialmente voltar a machucar
ou agravar as patologias para os quais eles foram tratados. A analgesia
produzida pela crioterapia pode esconder dor induzida por exercícios,
assim dando aos pacientes uma falsa segurança. Diminuir a temperatura
das articulações pode aumentar a necrose. Assim, diminuindo o tempo de
reação e a velocidade da mobilidade. Esse fato combinado com a
analgesia, pré-dispõe o paciente a novas lesões.
Quando considerando a crioterapia, o terapeuta deve estar
familiarizado com o "status" médico do paciente. Antes do
tratamento, devemos testar uma pequena área de pele com gelo para
verificarmos a hipersensibilidade.
Se a hipersensibilidade ocorrer, isso deve ser documentado e o
tratamento com a crioterapia suspenso. Em termos gerais, a crioterapia
é administrada por 10 a 30 min., com períodos mais longos recomendados
para pacientes obesos.
Teste de Hipersensibilidade ao Frio
Esse teste é fundamental antes de qualquer método de aplicação da
crioterapia, porém, muitos dos terapeutas não se preocupam em fazer
esse teste. Consiste em uma aplicação de aproximadamente 10 a 20 seg.
usando um cubo de gelo sobre um ponto da pele e após esse período
verifica-se a condição da pele. Se a hipersensibilidade ocorrer, isso
deve ser documentado e o tratamento com a crioterapia suspenso.
Antebraço antes do teste de sensibilidade
Documentação do Tratamento
Como em qualquer técnica o uso da crioterapia em um programa
fisioterapêutico é baseada nas metas do tratamento. As metas são
estabelecidas pelo paciente e pelo fisioterapeuta, depois de avaliação
detalhada do paciente, incluindo o histórico do problema presente e
medidas subjetivas e objetivas das dificuldades e do status funcional
correto. Documentação inclui registro preciso dos parâmetros do
tratamento, mudanças nas respostas do paciente durante o tratamento e
entre seções ou em qualquer modificação das metas ou do programa de
tratamento. Parâmetros específicos para aplicação da crioterapia do
método utilizado, duração, local da aplicação e posição do
paciente. Resultados do tratamento podem incluir medidas de
circunferência, graduação da dor, graduação de força muscular e
grau de amplitude de movimento (ADM). Descrições adicionais de
mudanças na temperatura da pele ou a sua aparência, qualidade do edema
e sensação também são documentadas. Anotações clínicas incluem
reavaliações periódicas do nível geral funcional do paciente,
especialmente relacionados com aquelas dificuldades diretamente afetadas
pelo tratamento.
Em algumas doenças são contra-indicados o uso da crioterapia.
Iremos citar as principais, mas é bom ressaltar que todas as doenças a
serem tratada com a crioterapia, antes devem ser bem estudadas pelo
fisioterapeuta
Crioglobulinemia é uma doença caracterizada pela presença de uma
proteína sangüínea anormal, que forma um gel quando exposta a baixas
temperaturas. Essa formação de gel pode levar a isquemia ou gangrena.
Crioglobulinemia está associada com certos tipos de infecções
bacterianas e virais, doença crônica do fígado, lupos eritematoso
sistêmico e outras doenças reumáticas.
Fenômeno de Raynaud é uma doença vasoespástica, que pode ser
ideopática ou associada com outras doenças. É um episódio de
constrição de pequenas artérias e arteríolas nas extremidades, que
resulta em palidez e/ou cianose da pele, seguida por hiperemia e
vermelhidão. A vasoconstrição pode ser grande o bastante para levar a
uma oclusão completa dos vasos.
Hemoglobinúria proximal fria pode ocorrer depois de exposição
local ou generalizada ao frio. Hemoglobina que normalmente é encontrada
entre as células vermelhas do sangue, é liberada das células
vermelhas do sangue e aparece na urina.
Gota: É um distúrbio metabólico que sofre importante influência
genética, manifestada por níveis elevados de ácido úrico sérico,
crises recorrentes de artrite aguda, formação crônica de agregados de
cristais de MUS nas articulações, nas bainhas sinoviais, bursas,
tecidos subcutâneos.
A concentração de ácido úrico no líquido sinovial é semelhante
aquela do plasma, e nos pacientes hiperuricêmicos observa-se a super
saturação de urato em ambos os ambientes. Assim, é maior a
probabilidade de formação de cristais de monourato de sódio, agentes
inflamatórios primários. Outros fatores contribuem para a formação
desses cristais: a presença intra-articular de gama globulina, de
colágeno tipo I, diminuição de pH e da temperatura intra-articular,
traumatismo articulares e rápidas flutuações nos níveis séricos de
urato.
A baixa temperatura facilita a formações desses cristais monourato
de sódio e conseqüentemente piorando o caso clínico dos pacientes
portadores dessa doença.
CONCLUSÃO
A crioterapia é uma das técnicas mais utilizadas pelos
fisioterapeutas hoje em dia, principalmente no esporte, onde ela passa a
ser a técnica prioritária em qualquer tipo de lesão ocasionada no
atleta.
Além de ser uma técnica de baixo custo e, teoricamente de fácil
manuseio, os profissionais da área da saúde escolhem essa técnica
para diversos fins, tais como: reduzir edema, dor, inflamação, etc.
Seus efeitos fisiológicos e sua eficácia não são conhecidos
amplamente, pois a literatura é muita controversa e não existe uma
quantidade suficiente de trabalhos com metodologia científica adequada
para deixar claro os benefícios dessa técnica.
Bibliografia
XHARDEZ, Yves. Manual de Cinesiologia: Tecnicas, Patologia,
indicação e ......tratamento. Atheneu.Rio de Janeiro.
RODRIGUES, Edgard; GUIMARAES, Meirelles. Manual de Recursos ......Fisioterapicos.
Revinter. Rio de Janeiro - 1998.
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