1) HIDROTERAPIA APLICADA À
PARALISIA CEREBRAL ESPÁSTICA
1.1 INTRODUÇÃO
A Paralisia Cerebral afeta os movimentos e a postura e é causada por uma lesão
cerebral fixa, não progressiva, que ocorre antes, durante, ou depois do
nascimento. O dano cerebral numa Paralisia Cerebral não é reversível, produzindo
incapacidade física pelo resto da vida.
A Paralisia Cerebral classifica-se como:
* Atáxica (1% dos casos) na qual ocorre hipotonia e incapacidade motora;
* Atetóide (20% dos casos), onde ocorre hipotonia na primeira infância. O sinal
diagnóstico precoce é a postura anormal da mão quando a criança tenta atingir um
objeto. Há presença de movimentos involuntários anormais;
* Espástica (75% dos casos) e na qual daremos ênfase, ocorre hipertonicidade,
hiperreflexia e persistência anormal dos reflexos neonatais, pernas em tesoura,
posturas anormais dos membros e contraturas, dificuldade de deglutição e
salivação excessiva (Monteggia, 2003).
Apesar do notável avanço médico, a incidência da Paralisia Cerebral não está
diminuindo, sendo que 1, em cada 500 crianças, é afetada pela enfermidade.
O tratamento da Paralisia Cerebral varia com a idade do paciente e há muitas
opções disponíveis, em certos casos são necessários tratamentos cirúrgicos (na
área de ortopedia), uso de medicamentos (relaxantes musculares) e de aparelhos
ortopédicos.
Apesar de sua incidência não estar diminuindo, o reconhecimento da paralisia
cerebral e a intervenção terapêutica precoce têm mostrado bons resultados na
melhora das competências motoras, cognitiva e social, facilitando a adaptação da
família à deficiência da criança. Baseados nestes resultados, nos efeitos
terapêuticos da água e no fato de que para um determinado grupo de crianças
portadoras da doença, a hidroterapia é muito mais benéfica do que tratamentos
fisioterápicos realizados dentro de um hospital ou centro de reabilitação,
realizamos o presente trabalho afim de elaborar uma sessão hidroterapêutica para
a reabilitação motora de pacientes portadores de Paralisia Cerebral Espástica.
2 DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO
2.1 CONCEITO
“Paralisia cerebral é uma dificuldade de controle neuromotor (nervo e músculo).
É o resultado de um dano ao cérebro que ele amadureça completamente.”
“O termo paralisia cerebral (PC) é usado para definir qualquer desordem
caracterizada por alteração do movimento secundária a uma lesão não progressiva
do cérebro em desenvolvimento.”
“É o resultado de um dano cerebral , que leva à inabilidade, dificuldade ou o
descontrole de músculos e de certos movimentos do corpo. O termo Cerebral quer
dizer que a área atingida é o cérebro (sistema Nervoso Central - S.N.C) e a
palavra Paralisia refere-se ao resultado do dano ao S.N.C., com conseqüências
afetando os músculos e coordenação motora, dos portadores da condição especial
de ser e estar no mundo.”
“A Paralisia Cerebral é um distúrbio que afeta a postura e o movimento devido a
uma encefalopatia estática (não progressiva), tendo a lesão cerebral ocorrido no
período pré-natal, perinatal ou na infância precoce. Sua característica básica é
o retardo do desenvolvimento motor, no entanto, a maioria das crianças são
adicionalmente deficientes mentais, apresentam crises convulsivas e
comprometimento cognitivo, sensorial, visual e auditivo. A dificuldade na fala é
freqüente (disartria).”
“É uma deficiência permanente que requer da criança, dos pais, da família e da
sociedade muitas adaptações.”
2.2 FISIOPATOLOGIA
O cérebro comanda as funções do corpo. Cada área do cérebro é responsável por
uma determinada função, como, os movimentos dos braços e das pernas, a visão, a
audição e a inteligência. Uma criança com Paralisia Cerebral pode apresentar
alterações que variam desde leve incoordenacão dos movimentos ou uma maneira
diferente para andar até inabilidade para segurar um objeto, falar ou deglutir.
O desenvolvimento do cérebro tem início logo após a concepção e continua após o
nascimento. Ocorrendo qualquer fator agressivo ao tecido cerebral antes, durante
ou após o parto, as áreas mais atingidas terão a função prejudicada e dependendo
da importância da agressão, certas alterações serão permanentes caracterizando
uma lesão não progressiva.
Dentre os fatores potencialmente determinantes de lesão cerebral irreversível,
os mais comumente observados são infecções do sistema nervoso, hipóxia (falta de
oxigênio) e traumas de crânio. O desenvolvimento anormal do cérebro pode também
estar relacionado com uma desordem genética, e nestas circunstâncias,
geralmente, observa-se outras alterações primárias além da cerebral. Em muitas
crianças, a lesão ocorre nos primeiros meses de gestação e a causa é
desconhecida.
Quando a lesão está localizada na área responsável pelo início dos movimentos
voluntários, trato piramidal, o tônus muscular é aumentado, isto é, os músculos
são tensos e os reflexos tendinosos são exacerbados. Esta condição é chamada de
paralisia cerebral espástica.
A espasticidade se refere a um aumento do tônus ou da tensão de um músculo.
Normalmente, os músculos devem ter um tônus suficiente para manter a postura, ou
o movimento, contra a força da gravidade, proporcionando, ao mesmo tempo, a
flexibilidade e a velocidade de movimento. O comando para esticar o músculo, ou
aumentar o seu tônus, vai para a medula espinhal através dos nervos que vêm
daquele músculo.
Estes nervos são chamados de “fibras nervosas sensoriais” por informarem a
medula o quanto de tônus o músculo tem. O comando para flexionar, ou reduzir o
tônus muscular, vai para a medula espinhal através dos nervos no cérebro. Estes
dois comandos devem ser bem coordenados na medula, para que o músculo trabalhe
bem e facilmente, ao mesmo tempo que mantém a força.
Uma pessoa apresenta a Paralisia Cerebral porque ela sofreu uma lesão no
cérebro. Por razões ainda não bem claras, o dano tem a tendência de ocorrer na
área do cérebro que controla o tônus e o movimento muscular dos braços e das
pernas. O cérebro de um indivíduo com Paralisia Cerebral é, portanto, incapaz de
influenciar o quanto de flexibilidade o músculo deve ter. O comando do músculo
por si só domina a medula espinhal e, como resultado, o músculo fica muito
tenso, ou espástico.
As crianças com envolvimento dos braços, das pernas, tronco e cabeça
(envolvimento total) têm tetraplegia espástica e são mais dependentes da ajuda
de outras pessoas para a alimentação, higiene e locomoção. A tetraplegia está
geralmente relacionada com problemas que determinam sofrimento cerebral difuso
grave (infecções, hipóxia e traumas) ou com malformações cerebrais graves.
Quando a lesão atinge principalmente a porção do trato piramidal responsável
pelos movimentos das pernas, localizada em uma área mais próxima dos ventrículos
(cavidades do cérebro), a forma clínica é a diplegia espástica, na qual o
envolvimento dos membros inferiores é maior do que dos membros superiores. A
região periventricular é muito vascularizada e os prematuros, por causa da
imaturidade cerebral, com muita freqüência apresentam hemorragia nesta área. As
alterações tardias provocadas por esta hemorragia podem ser visualizadas com o
auxílio da neuroimagem (leucomalácea periventricular). Por este motivo, a
diplegia espástica é quase sempre relacionada com prematuridade. Esta forma é
menos grave do que a tetraplegia e a grande maioria das crianças adquirem marcha
independente antes dos oito anos de idade.
Na hemiplegia espástica, são observadas alterações do movimento em um lado do
corpo, como por exemplo, perna e braço esquerdos. As causas mais freqüentes são
alguns tipos de malformação cerebral, acidentes vasculares ocorridos ainda na
vida intra-uterina e traumatismos cranio-encefálicos. As crianças com este tipo
de envolvimento apresentam bom prognóstico motor e adquirem marcha independente.
Algumas apresentam um tipo de distúrbio sensorial que impede ou dificulta o
reconhecimento de formas e texturas com a mão do lado da hemiplegia. Estas
crianças têm muito mais dificuldade para usar a mão.
As crianças com espasticidade tendem a desenvolver deformidades articulares
porque o músculo espástico não tem crescimento normal. Flexão e rotação interna
dos quadris, flexão dos joelhos e equinismo são as deformidades mais freqüentes
nas crianças que adquirem marcha. Além destas, as crianças com tetraplegia
espástica podem desenvolver ainda, luxação paralítica dos quadris e escoliose.
2.3 QUADRO CLÍNICO
A Paralisia Cerebral Espástica apresenta os seguintes tipos clínicos:
1) TETRAPLEGIA: mais freqüente muito grave. As manifestações clínicas são
observadas desde o nascimento e se agrava conforme a criança vai crescendo. Há
uma imprópria distribuição do tônus muscular: hipertonia dos músculos dos
membros superiores e inferiores e hipotonia dos músculos eretores da cabeça e do
tronco, que não consegue sustentar a cabeça na época normal, por volta dos três
meses, e quando manipulados apresentam espasticidade.
Compromete:
- Desenvolvimento psicomotor, ou seja, a manipulação de objetos com membros
superiores, não sentam, engatinham ou ficam em pé na época normal;
- Fala;
- Sono;
- Não consegue cerrar a boca, salivação excessiva (sialorréia) e dificuldade
para engolir(disfagia);
- Durante o choro a hipertonia se evidência, ocorrendo hiperextensão do tronco e
membros;
- Membros inferiores ficam em extensão e adução formando um X, às vezes em
posição viciosa: pé eqüino, flexão das pernas sobre as coxas;
- Membros superiores ficam muitos espásticos, com o cotovelo e punho em flexão.
Ocorre incapacidade motora, às vezes necessitando de correção cirúrgica. Os
casos com espasticidade muito intensa apresentam-se em extensão;
- Os reflexos arcaicos persistem sendo que nos casos mais graves as mãos ficam
fechadas e os dedos fortemente fletidos;
- Estão presentes freqüentemente a preensão reflexa dos dedos da mão e do pé,
reflexo de Moro, mesmo com um limiar muito baixo, e a marcha reflexa, podendo
dar impressão de que a criança está querendo andar. Estes reflexos deveriam ter
desaparecidos por volta dos três meses, se fosse normal;
- As convulsões ocorrem em 50% dos casos, acompanhadas por espasmos em flexão e
extensão, que podem ocorrer agrupados ou isolados. Quanto mais grave o caso,
maior é o número de espasmos e mais freqüentes estes aparecem;
- Há diminuição do perímetro craniano, achatamento da região parietoccipital de
um dos lados e diminuição do Q.I. com conseqüente diminuição das funções
intelectuais;
- A fala é rudimentar ou ausente, e a percepção da palavra diminui;
- A criança sofre freqüentes infecções nos pulmões e vias aéreas superiores.
2) HEMIPLEGIA: não é notada nos primeiros dias de vida, a criança só é
levada à consulta com alguns meses de vida, geralmente quando os pais notam que
ela só utiliza os membros de um hemicorpo. Em alguns casos em que a hemiplegia é
muito acentuada, logo ao nascer é percebida a patologia. Os pais confundem os
filhos com canhotos em hemiplegias direitas, que são mais freqüentes que as
esquerdas.
Compromete:
- Desenvolvimento motor, notado após seis meses, quando começa usar os membros
inferiores para ficar em pé, engatinhar e andar;
- A hemiplegia é desproporcional, ou seja, mais acentuada nos membros
superiores;
- A face é raramente comprometida; - quadro é menos grave que o anterior, há
sincinesia ( imitação ), do hemicorpo afetado em relação ao lado são;
- A inteligência é bem menos afetada que na anterior, e não há diferença entre
hemiplegia direita e hemiplegia esquerda em relação ao Q.I.;
- A fala também é afetada, às vezes pode ser normal apenas com retardo na
aprendizagem;
- A ocorrência de convulsões também é bem menor, sendo mais freqüente nas
hemiplegias adquiridas durante a infância;
- Membros Superiores : hipertonia em flexão;
- Membros Inferiores: hipertonia em extensão, pé eqüinovaro: apoio sobre os
dedos, com deformação e posição viciosa. Os membros se atrofiam, ficando bem
menores que os sãos, dificultando ainda mais a marcha.
3) DIPLEGIA CEREBRAL: (Paraplegia) ocorre em 17.7%. Difícil diagnóstico
de início desse tipo de Paralisia Cerebral. Grande predomínio de distúrbios
motores e do tônus nos membros inferiores, sendo os membros superiores pouco
atingidos. O quadro neurológico é caracterizado por:
- Comprometimento motor dos membros inferiores
No 1º semestre:
· Nota-se atraso no ultrapassar as etapas de controle da cabeça e do tronco
· Retardo para sentar-se ou manter-se sentado
No 2 º semestre:
· Incapacidade motora se torna bem flagrante
· Criança faz bom uso do membro superior, prende objetos com as mãos, manipula,
mas não mantêm-se em pé com quase 10 meses como crianças normais
· Coloca-se a criança em pé, ela estende os membros inferiores e aduzem as coxas
assumindo a posição em X ou tesoura
No 2º ano:
· O quadro se torna exuberante e a incapacidade de andar é sintoma principal
*** Se a criança não receber atenção adequada, já no 2 ano pode retrair os
músculos adutores da coxa, dificultando ainda mais a marcha, os pés assumem a
posição eqüinovara o que dificulta ainda mais no andar.
O exame neurológico mostra:
* Sinais de déficit e liberação ;
* Reflexos profundos exaltados, podendo ter clono do pé e trepidação ;
* Cutâneo plantar em extensão (o hálux às vezes pode ficar nessa posição ) ;
* A fala é normal nos 50% dos casos
* Retardo na aprendizagem e a disartria ( + freqüente )
* Convulsões ( bem menos freqüente em 19% dos casos )
2.4 DIAGNÓSTICO
Paralisia cerebral é diagnosticada por uma história cuidadosamente levantada e
um exame físico e neurológico completo são realizados. O médico procurará sinais
de deficiência neuromuscular (anormalidades de força, movimento, ou coordenação)
em uma criança ou jovem. Estes, normalmente aparecem como alterações no tônus
muscular.
Dificuldade de sucção, tônus muscular diminuído, alterações da postura e atraso
para firmar a cabeça, sorrir e rolar são sinais precoces que chamam a atenção
para a necessidade de avaliações mais detalhadas e acompanhamento neurológico.
A história clínica deve ser completa e o exame neurológico deve incluir a
pesquisa dos reflexos primitivos (próprios do recém-nascido), porque a
persistência de certos reflexos além dos seis meses de idade pode indicar
presença de lesão cerebral. Reflexos são movimentos automáticos que o corpo faz
em resposta a um estímulo específico. O reflexo primitivo mais conhecido é o
reflexo de Moro que pode ser assim descrito: quando a criança é colocada deitada
de costas em uma mesa sobre a palma da mão de quem examina, a retirada brusca da
mão causa um movimento súbito da região cervical, o qual inicia a resposta que
consiste inicialmente de abdução (abertura) e extensão dos braços com as mãos
abertas seguida de adução (fechamento) dos braços como em um abraço. Este
reflexo é normalmente observado no recém-nascido, mas com a maturação cerebral,
respostas automáticas como esta são inibidas. O reflexo de Moro é apenas um
dentre os vários comumente pesquisados pelo pediatra ou fisioterapeuta.
Depois de colhida a história clínica e realizado o exame neurológico, o próximo
passo é afastar a possibilidade de outras condições clínicas ou doenças que
também evoluem com atraso do desenvolvimento neurológico ou alterações do
movimento como as descritas anteriormente. Exames de laboratório (sangue e
urina) ou neuroimagem (tomografia computadorizada ou ressonância magnética)
poderão ser indicados de acordo com a história e as alterações encontradas ao
exame neurológico. Estes exames, em muitas situações, esclarecem a causa da
paralisia cerebral ou podem confirmar o diagnóstico de outras doenças.
Outro indicador de paralisia cerebral espástica é a incapacidade da criança em
executar certas tarefas a uma idade apropriada. Pode levar tempo para o
diagnóstico ficar claro. Alguns sinais da desordem podem mudar com o passar do
tempo. Alguns sinais podem aparecer depois do diagnóstico ser feito. O
neurologista pediátrico (especialista em nervos e desordens de cérebro em
crianças) pode ajudar a confirmar o diagnóstico.
2.5 TRATAMENTO CLÍNICO
Os pacientes de paralisia cerebral devem ser tratados de forma que seja possível
colocá-lo em condições de se integrar na vida comunitária. Deve haver uma equipe
constituída de: neuropediatra, ortopedista, fisioterapeuta, psicólogo, terapeuta
ocupacional e professores. A individualização do tratamento é uma das regras
básicas.
As crianças com paralisia cerebral devem ser encaminhadas precocemente a centros
especializados, onde receberão atendimento com ênfase em terapia ocupacional,
fisioterapia e apoio psicológico. Os pais devem participar ativamente deste
processo. A doença é permanente e a terapia é principalmente sintomática e
preventiva.
Atualmente, os tratamentos para a espasticidade da CP e problemas relacionados
incluem: medicação oral, injeção de toxina botulínica tipo A, infusão de baclofen, cirurgia ortopédica, SDR, fisioterapia e aparelhos ortopédicos.
Tentam-se, ainda, algumas medicações orais como o valium e baclofen, mas, no
consenso geral, elas não reduzem a espasticidade.
Nos últimos anos, as injeções intramusculares de toxina botulínica tipo A têm sido amplamente
usadas. A toxina botulínica tipo A enfraquece os músculos por até 3 ou 4 meses depois da injeção,
reduzindo a espasticidade num limitado grupo de músculos. O mais importante é
que os efeitos são apenas temporários. E os efeitos colaterais parecem ser
mínimos.
A infusão de baclofen, usando uma bomba implantada na parede abdominal, é
claramente efetiva na redução da espasticidade causada por lesão da medula
espinhal e pode também reduzir a espasticidade da Paralisia Cerebral.
Entretanto, a infusão de baclofen não é efetiva permanentemente; quando se para
a infusão, a espasticidade volta. Além disso, corre-se o risco de uma
superdosagem, de adquirir a meningite e de outras complicações que podem exigir
internamentos hospitalares repetidos. E mais, as conseqüências a longo prazo
ainda não são conhecidas porque esse tratamento de infusão para a Paralisia
Cerebral tem sido usado, apenas, por alguns anos.
As operações ortopédicas, incluindo os procedimentos de liberação do músculo e
de alongamento do tendão, são também usadas para tratar as deformidades
associadas com a Paralisia Cerebral Espástica. A cirurgia ortopédica certamente
melhora a amplitude do movimento das articulações, facilitando o movimento das
extremidades inferiores na criança. O maior efeito colateral é a debilidade
muscular permanente, resultando em postura anormal e deformidades. Além disso, a
cirurgia ortopédica não reduz a espasticidade diretamente, tratando somente as
suas conseqüências.
O tratamento ortopédico pode seguir:
1- Métodos não cirúrgicos, como o uso de aparelhos ortopédicos que auxiliem a
função dos membros superiores para atividades manuais ou que melhorem o apoio
dos membros inferiores da criança ao solo (ÓRTESES).
2- Métodos cirúrgicos, pois algumas vezes o tratamento acima descrito é
insuficiente para proporcionar um alinhamento adequado e uma função satisfatória
para os membros da criança, e há necessidade da cirurgia. O ortopedista é,
portanto o cirurgião da equipe.
Os casos irrecuperáveis são reconhecidos pelo neurologista após um curto período
de observação, quando não há qualquer progresso motor ou mental, não há
crescimento do perímetro craniano e as convulsões freqüentes. Esses casos devem
ser encaminhados para instituições especiais.
Tratamentos Importantes:
* Tratamento ortopédico especializado;
* Tratamento odontológico especializado;
* Estimulação precoce e cuidados Neonatológicos;
* Tratamento oftalmológico precoce;
* Intervenção com Educação Física especializada (Natação);
* Hipoterapia (Equoterapia).
2.6 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO
Como na Paralisia Cerebral nós só poderemos tratar as alterações musculares, que
são a conseqüência e não a causa da doença, o objetivo final do tratamento
ortopédico é a melhora da função motora da criança para que ela possa
desempenhar cada vez melhor suas atividades físicas.
O tratamento fisioterápico tem como objetivos gerais:
* promover experiências normais de desenvolvimento;
* reduzir o reforço ativo de padrões de movimento e posições anormais;
* diminuir deformidades músculo- esqueléticas congênitas e contraturas
articulares adquiridas.
O objetivos específicos são:
* normalizar o tônus;
* normalizar os movimentos, restabelecendo e estimulando as reações de
endireitamento, reeducando os padrões centralizados dos movimentos (rotações) e
reeducando os padrões recíprocos dos movimentos (coordenação e ritmo);
* minimizar contraturas e deformidades;
* melhorar equilíbrio;
* melhorar marcha;
* melhora da capacidade respiratória e aeróbica;
* melhora da circulação periférica;
* melhora da função;
* benefícios psicológicos.
Para que haja a diminuição do tônus, deve-se associar o calor da água (que irá
provocar inibição da atividade tônica)com movimentos lentos e rítmicos e
rotações e alongamentos suaves.
FORTALECIMENTO – membros comprometidos (neurônio motor superior ou
inferior): movimento com auxílio da flutuabilidade sem aumentar o tônus.
RESTABELECER E ESTIMULAR AS REAÇÕES DE ENDIREITAMENTO – TRONCO E CABEÇA –
Densidade relativa, turbulência e metacentro. Progressão aos exercícios:
instruir o paciente a olhar em várias direções (para cima, para baixo, para os
lados), a abaixar um braço e a movê-lo para frente e para trás, a mover ambos os
braços na água, a flexionar uma perna.
REEDUCAR OS PADRÕES CENTRALIZADOS – déficit de movimento e controle nas
cinturas escapular e pélvica. Rotações.
REEDUCAR OS PADRÕES RECÍPROCOS DE MOVIMENTOS – coordenação e ritmo dos
movimentos: base para os padrões funcionais da locomoção.
MELHORA DA FUNÇÃO – equilíbrio e coordenação, redução do medo de cair,
maior tempo de reação, melhora da dor, rolamentos, transferências.
2.7 SESSÃO PLANEJADA
As principais preocupações dos fisioterapeutas para conduzir as crianças com
paralisia cerebral na água são:
1. Alteração de forma e densidades,
2. Inabilidade de criar prontamente os movimentos voluntários por causa da
espasticidade;
3. Inabilidade de controlar os movimentos involuntários da atetose e ataxia;
4. Respiração ruim;
5. Dificuldades de compreensão e comunicação.
Os problemas podem ser posteriormente compostos por desordens da percepção,
dificuldade de controle da cabeça, tônus postural pobre e falta de rotação sobre
o eixo corporal.
Com o objetivo de obter aumento de amplitude articular, maior equilíbrio
muscular, melhora nas fases da marcha, alívio da dor, melhora nas atividades de
vida diária do paciente e redução da espasticidade dentro da água facilitando a
realização dos exercícios, o grupo propôs a aplicação de padrões de Bad Ragaz de
membros inferiores e tronco associado aos efeitos terapêuticos da água.
Os padrões utilizados ao longo das sessões foram : rotação, flexão e extensão do
tronco com cargas e repetições progressivas; padrões de membro inferior como
extensão – abdução - rotação medial do quadril - extensão do joelho – flexão
plantar e eversão do pé; flexão – adução – rotação lateral do quadril – flexão
do joelho – dorsiflexão – inversão do pé ; abdução unilateral e bilateral de
membros inferiores.
O estado mental (ansiedade e estresse) do paciente influem no tônus muscular do
mesmo modo que influem na tensão muscular em indivíduos normais. Por isso é de
fundamental importância salientar a necessidade de manter-se relaxado e de
controlar a tensão, cabendo ao fisioterapeuta intervir com meios de relaxamento,
principalmente na respiração, para que a tensão não desencadeie a atividade
muscular desnecessária. O biofeedback consiste num fator importante na eficácia
do tratamento, e cabe a ele informar ao paciente sobre o êxito ou fracasso das
tentativas de realizar o movimento mais próximo do normal.
3. CONCLUSÃO
A Paralisia Cerebral Espástica causa hipertonicidade, hiperreflexia e
persistência anormal dos reflexos neonatais, pernas em tesoura (em adução)
posturas anormais dos membros e contraturas, além da dificuldade de deglutição e
salivação excessiva. Levando em consideração os efeitos terapêuticos dos
exercícios em piscina são principalmente : relaxamento muscular, redução da
sensibilidade à dor, redução de espasmos musculares e espasticidade, facilitação
da movimentação articular, melhora da musculatura respiratória, aumento da
circulação periférica e melhora da moral e confiança do paciente, e acreditando
nos princípios físicos da água como auxiliares no processo de tratamento.
Por sua vez, o método Bad Ragaz utilizado em piscina tem como objetivo a redução
do tônus muscular, relaxamento, aumento da amplitude articular, reeducação
muscular, fortalecimento muscular, restauração de padrões normais de movimento,
além de melhora da resistência geral
Objetivos do tratamento utilizando o Método dos Anéis de Bad Ragaz:
* redução do tônus;
* relaxamento;
* aumento da amplitude de movimento (ADM);
* reeducação muscular;
* fortalecimento;
* tração/alongamento espinhal;
* melhoria do alinhamento e estabilidade do tronco;
* preparação das extremidades inferiores para sustentação de peso;
* restauração de padrões normais de movimento das extremidades superiores e
inferiores;
* melhoria da resistência geral;
* treinamento da capacidade funcional do corpo como um todo.
Utilizando o Método dos Anéis de Bad Ragaz como auxiliar , o terapeuta fornece
estabilidade para o paciente e a posição de suas mãos influencia na movimentação
do paciente e na quantidade de trabalho isométrico e isotônico realizado.
Pode-se conseguir a irradiação dos músculos mais fortes para os que se encontram
mais fracos.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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saude/montardo/desenvolvimento/iparalisia.htm. Analisado em: 26/04/03.
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Analisado em : 26/04/03.
* SALATE, B. C. A.; ARONI, C. F.; SHIBUYA M. L.; MATHIAS, P. R.; NAKAGAKI, R. W.
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Analisado em: 24/04/03.
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Analisado em 02/05/03.
* MACHADO, Angelo. Neuroanatomia Funcional. Fisiologia Humana. Guanabara
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Editora Atheneu, 2ª edição, São Paulo, 2001.
* O’ SULLIVAN, B. S; SCHMITZ, J. T. Fisioterapia, Avaliação e tratamento.
Editora Manole LTDA. 2ª Edição, São Paulo, 1993.
* CAMPION, R. M. Hidroterapia princípios e prática. Editora Manole LTDA.
1ª Edição, São Paulo, 2000.
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