Introdução
As patologias reumáticas são conhecidas como doenças que atingem o sistema
músculo-esquelético, tais como as articulações, ossos, cartilagem, músculos e
estruturas peri-articulares, e também são ditas doenças presentes em pessoas
idosas. Porém, as patologias reumáticas podem acometer não somente o sistema
músculo-esquelético como também atingem órgãos diversos, assim como podem
acometer jovens ou até mesmo crianças. Portanto, as doenças reumáticas devem
ser bem avaliadas e ter um diagnóstico preciso, que depende da associação de
uma série de sintomas e sinais clínicos, bem como achados laboratoriais e
radiográficos, para que possam ser tratadas corretamente de acordo com as
características apresentadas pelo paciente.
Os exames laboratoriais são solicitados devido à sua importância para avaliar
o grau de inflamação e são chamados provas de atividade inflamatória, no qual
é verificada a presença de uma proteína no sangue denominada Fator Reumatóide,
e é um dos critérios utilizados para o diagnóstico. Quanto maior a quantidade
de Fator Reumatóide no sangue mais intensa é a doença.
Fator Reumatóide
Fator Reumatóide é um grupo de auto-anticorpos, geralmente uma imunoglobulina
da classe IgM, que se liga ao fragmento Fc da IgG. Esta substância está
presente em cerca de 50 – 90% dos casos de patologias reumáticas, e durante a
fase ativa da doença, são encontradas concentrações mais elevadas, que começam
a decair à medida que o paciente evolui para uma a remissão clínica,
mantendo-se presente em níveis baixos e estáveis e tornando a se elevar nos
períodos de reativação da doença. Entretanto o Fator Reumatóide ocorre
comumente em níveis baixos, em indivíduos normais, e foi demonstrada uma
prevalência alta em idosos bem como em um número de doenças caracterizadas por
inflamação crônica e/ou hipergamaglobulinemia. Apesar do Fator Reumatóide ser
considerado um dos critérios para o diagnóstico, a sua ausência não elimina a
possibilidade de um diagnóstico positivo.
O Fator Reumatóide pode estar presente em diversas situações clínicas, tais
como: Lúpus Eritematoso Sistêmico (15 a 35%), Síndrome de Sjögren (75 a 95%),
Dermatomiosite/Polimiosite (5 a 10%), Crioglobulinemia (40 a 100%),
Esclerodermia (20 a 30%).
A identificação e a quantificação da classe do Fator Reumatóide que se
encontra envolvida podem ser realizadas por vários métodos, que tem sido cada
vez mais explorados. Um destes métodos é o chamado Waaler-Rose, que será
abordado a seguir.
Waaler-Rose
O Teste Waaler-Rose é um teste rápido de aglutinação para a determinação
qualitativa, em placa, de Fator Reumatóide. Apresenta resultados que podem ser
positivo, quando na presença do Fator, ou negativo, na ausência deste.
História
Há 40 anos, Waaler (Noruega) e Rose (EUA) descreveram que os soros de
pacientes com artrite reumatóide aglutinavam hemácias de carneiro
sensibilizadas com anticorpo de coelho anti-hemácias de carneiro, e o
responsável por esta atividade é o fator reumatóide. Em 1956, Singer e Plotz
introduziram a técnica de aglutinação de partículas de látex sensibilizadas
com gamaglobulina humana, para a pesquisa do Fator Reumatóide. Durante longo
período, o teste de Waaler Rose foi considerado como mais específico que o
teste do látex, e este mais sensível do que o anterior. Atualmente sabe-se que
realizadas em conjunto, fornecem dados complementares.
Propriedades e Características
O antígeno, uma suspensão estabilizada de eritrócitos de carneiro
sensibilizados com gamaglobulina anti-eritrócitos de carneiro, aglutinam em
presença de Fator Reumatóide no soro do paciente. A sensibilidade do teste
pode ser reduzida em baixas temperaturas , portanto resultados melhores são
obtidos em temperaturas superiores a 10°C.
A principal razão para se procurar o Fator Reumatóide pode ser unicamente
considerada em razão do quadro clínico; a evidência da reação inflamatória;
raio X apropriado das articulações e exame do fluido das articulações.
Muitos pacientes podem ser negativos quando das primeiras manifestações
clínicas da patologia, e só apresentarão positividade para o Fator Reumatóide
em uma fase mais tardia. Esta soroconversão geralmente ocorre após dois anos
do início da doença.
A patologia pela qual este exame é mais utilizado é a Artrite Reumatóide, pois
auxilia no estabelecimento do diagnóstico, completando o exame físico, e a
avaliação dos sinais e sintomas.
Significado Clínico
Alguns quadros clínicos considerados na diagnose da Artrite Reumatóide podem
se apresentar com determinação negativa do Fator Reumatóide:
1- Artrite reumatóide Precoce: Títulos de Fator Reumatóide
significativamente elevados podem não ser vistos no soro nos primeiros meses,
o Fator pode ser achado no fluído inflamatório antes de ser visto no soro.
2- Artrite Reumatóide Juvenil: São encontrados testes positivos para
Fator Reumatóide no látex em uma minoria de caso típicos. Os Fatores
Reumatóides são vistos mais comumente com: ataques em pacientes com 10 anos;
febre, nódulos subcutâneos. Pode ser procurado quando existem evidências de
antecedentes correntes ou recentes de infecção por estreptococos.
3- Artrite Reumatóide associada com certas doenças sistêmicas como a
Síndrome de Reiter, artropatia colítica e artrite psoriática.
4- Em alguns casos a Artrite Reumatóide "definitiva" é em poucos casos
" clássicos" definidos por critérios clínicos, os níveis de Fator Reumatóide
são consideravelmente negativos.
Métodos de Análise – Leitura e Interpretação
O método de análise laboratorial é qualitativo e consiste na utilização de
lâminas, soro e dos antígenos. Deve-se examinar, macroscopicamente, para
verificar a presença de aglutinação evitando qualquer movimento da lâmina
durante a observação. Se houver nítida aglutinação, indicará uma concentração
de Fator Reumatóide igual ou superior a 30 Ul/ml, resultando em Reação
Positiva. Se houver ausência de aglutinação, indicará concentrações de Fator
Reumatóide menores que 30 Ul/ml, resultando em Reação Negativa.
Pacientes com critérios do CAR (Colégio Americano de Reumatologia) presentes,
e com títulos elevados de Fator Reumatóide reforça o diagnóstico e
subclassifica o paciente como Artrite Reumatóide soro-positivo. Por outro
lado, se os critérios para diagnóstico são fortes, e a pesquisa do Fator
Reumatóide é negativa ele passa a ser considerado como AR soro-negativa. Se
inicialmente o teste resultar em reação negativa, pode ser repetido 6 a 12
meses após o início de doença.
Limitações do Teste
O diagnóstico não deve ser baseado somente neste teste, devendo ser
complementado com outros, juntamente com o exame clínico. A incidência de
resultados positivos em soros de indivíduos aparentemente normais é de 3 - 5
%. Reações positivas podem ocorrer em outras condições como na mononucleose,
hepatite, sífiles e em pacientes idosos.
Sensibilidade
A sensibilidade do antígeno foi ajustada para detectar cerca de 30 Ul/ml de
uma preparação de Referência internacional de Soro de Artrite Reumatóide.
Conclusão
O tratamento Fisioterapêutico é de suma importância nas patologias reumáticas,
e para que este tratamento seja eficaz é necessário que o paciente seja muito
bem avaliado pelo Fisioterapeuta para que possa traçar um plano correto de
reabilitação e manutenção da função. Este teste, Waaler-Rose, pode contribuir
com a avaliação pois demonstra a presença ou não do Fator Reumatóide na
corretnte sanguínea. Porém, a avaliação física do paciente, bem como o
fisiodiagnóstico continua sendo primordial ao Fisioterapeuta, mesmo porque o
teste, por si só, não define a patologia. Portanto o conhecimento acerca das
patologias, dos sinais e sintomas apresentados e de toda a história clínica do
paciente deve ser obtido pelos profissionais que participam do tratamento do
determinado paciente.
Bibliografia
1. GABRIEL, Maria R. Serra; PETIT, J. Diaz; CARRIL, Maria L. de Sande.
Fisioterapia em traumatologia ortopedia e reumatologia. Rio de Janeiro:
REVINTER, 2001.
2. www.reumatorj.com.br
3. www.projetodiretrizes.org.br
4. www.fleury.com.br
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