Referência  em  FISIOTERAPIA  na  Internet

  www.fisioweb.com.br 


Trabalho realizado por:
Juliana V. S Zinni
Flávia Aparecida Pussi

Contato: juliana.zinni.fuzaro@gmail.com

Fisioterapeutas formadas pela Universidade
Camilo Castelo Branco - UNICASTELO

Apresentado no VII Congresso Internacional da UNICASTELO, em dia 31 de Outubro de 2003,
com orientação da Profa Dra Kelly Rafael
Ribeiro Coqueiro em Descalvado


O PAPEL DA FISIOTERAPIA NA PREVENÇÃO
DA INSTABILIDADE E QUEDAS EM IDOSOS


INTRODUÇÃO

Sabemos que o envelhecimento traz várias alterações anatômicas e fisiológicas, e que estas alterações que tornam o paciente idoso mais frágil, desta forma ele estará mais propenso a sofrer quedas.

A fisioterapia preventiva, ajuda para que estes pacientes consigam superar as constantes ameaças ao seu equilíbrio, não só melhorando suas capacidades funcionais como também lhes conscientizando de suas limitações, e sugerir algumas alterações em seus lares para lhes conferirem maior segurança, para que não venham a sofrer uma queda.

A proposta preventiva visa melhorar a qualidade de vida destes idosos, visto que as quedas trazem inúmeras conseqüências podendo em casos mais graves levar o idoso a óbito.


QUEDAS

Devido a melhora da assistência médica e prevenção de complicações após queda, tem ocorrido uma redução nas mortes, principalmente do sexo feminino atribuídas a quedas. As lesões acidentais são a sexta causa de morte em pessoas de 75 anos ou mais, e representam a causa isolada mais comum de mortalidade acidental, correspondendo a 70%. Nos indivíduos com 65 anos ou mais as quedas matam mais do que a pneumonia ou diabetes , e todos os tipos de acidentes combinados.

No entanto a maior parte das quedas não resulta em morte, a queda ainda está associada com morbidade significativa. Aproximadamente 40% das quedas em mulheres com mais de 75 anos de idade resultam em fraturas, comparados com 27 % em homens.

A fratura de quadril é a lesão por conseqüência da queda que mais comumente leva à hospitalização e a duração da internação é quase o dobro daquela para todas as outras causas de internação hospitalar no idoso.


DEFINIÇÃO DE QUEDA

A instabilidade seria definida como: “falta de capacidade para corrigir o deslocamento do corpo, durante seu movimento no espaço”. A instabilidade acarreta o risco de queda, mas a decisão a respeito do que constitui uma queda não é simples, especialmente para fins de pesquisa.

Numerosas definições foram apresentadas, e a maioria delas leva em conta pelo menos três dos seguintes fatores:

1. Que pelo menos parte do corpo da pessoa acabe em contato com o chão ou com algum nível mais baixo isto, é, abaixo da cintura pélvica.

2. Que se trate de um acontecimento inesperado e não intencional;

3. Que a circunstâncias não sejam capazes de provocar a queda de uma pessoa em boa forma, como seria, por exemplo, escorregar sobre o gelo;

4. Que o evento não possa se explicado como sendo consecutivo a algum fator intrínseco sério, tais com derrame cerebral, lipotimia ou ataque cardíaco.

As quedas nem sempre resultam em contato súbito e violento com o piso ou com a mobília. São às vezes precedidas por movimentos vacilantes, agarrando-se a pessoa nos móveis ou contra a parede, antes de cair ao chão. Outras vezes, o indivíduo acaba deitado no piso ou no solo de maneira lenta, mas incontrolável. Por exemplo, ele pode deslizar sobre o chão depois de ter adormecido dentro de uma cadeira escorregadia.


CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA DAS QUEDAS

As causas de uma queda podem ser de natureza intrínseca ( relacionada com o indivíduo ), ou extrínseco ( que é relacionada com o ambiente ). Os fatores intrínsecos incluem alterações fisiológicas relacionadas ao envelhecimento, doenças e medicamentos que acarretam risco de queda para os idosos. As causas extrínsecas incluem perigos ambientais, como chão escorregadio e áreas pouco iluminadas. E pela análise e interpretação de cada queda isoladamente pode - se chegar a um plano de tratamento.


TABELA DE ALTERAÇÕES SÊNIS QUE PREDISPÕEM A QUEDA

Neurológico
=> Acidente Vascular Encefálico => Ataque Isquêmico Transitório
=>Parkinsonismo => Confusão =>Convulsões => Insuficiência Vertebrobasilar
=> Hipersensibilidade de Seio Carotídeo => Distúrbios Cerebelares => Neuropatia => Demência

Cardiovascular => Infarto do Miocárdio => Hipotensão Ortostática => Arritmia

Gastrointestinal => Sangramento => Diarréia => Síncope de defecação

Metabólico =>Hipotireoidismo =>Hipoglicemia =>Anemia =>Desidratação =>Hiponatremia Genitourinário =>Síncope Miccional =>Incontinência

Musculoesquelético => Artrite => Miosite =>Deformidade Espinhal => Fraqueza Muscular => Descondicionamento => Psicológico => Depressão => Ansiedade => Induzido Por Droga

Estados patológicos atribuíveis a diuréticos => anti-hipertensivos => cardiotônicos => hipnóticos => sedativos => psicotrópicos.


ACUIDADE VISUAL

O declínio da acuidade visual é uma das causas mais significativas. Com o envelhecimento, o tamanho e resposta das pupilas diminuem. Ao entrar em um recinto escuro ou sair à noite, o indivíduo idoso tem risco de queda aumentado , pois o tempo necessário para que o olho senescente atinja um nível de sensibilidade à luz igual ao de uma pessoa jovem está prolongado. Por conseqüência, indivíduos mais velhos precisam de iluminação adequada para andar com segurança.

Com o envelhecimento, a “lens” se torna mais opaca, levando à intolerância do brilho forte e a um declínio na percepção da profundidade. A alteração da percepção de profundidade pode levar a quedas associadas com subir e descer escadas. Como a “lens” fica amarelada com o envelhecimento, isto resulta em uma filtração do espectro verde-azulado.


PRESBIACUSIA

A presbiacusia é um declínio na acuidade auditiva com o envelhecimento, pode levar à queda quando o indivíduo é incapaz de ouvir os ruídos que alertam para a aproximação de um automóvel, por exemplo, e, portanto não tem tempo suficiente para evitar um acidente.

Comprometimento da discriminação da fala

Aumento no limite para tons puros ( os sons de alta freqüência são afetados predominantemente).

Acumulo excessivo de cera.


FRAQUEZA MUSCULAR

A fraqueza muscular é sugerida por uma incapacidade do paciente para andar sobre seus calcanhares ou artelhos, levantar-se de uma cadeira ou após abaixar-se sem utilização dos braços ou segurar-se no assento da cadeira. Freqüentemente associada com quedas e tropeços. Pode ocorrer debilidade muscular difusa com em apenas de 4 a 6 semanas de repouso absoluto no leito.


INSTABILIDADE POSTURAL

A instabilidade postural aumenta com o envelhecimento e se manifesta por uma perda de reflexos de correção e um aumento na oscilação do corpo. A manutenção da estabilidade postural é uma função complexa, que requer integração central apropriada de sensações visuais, vestibulares e proprioceptivas, todas sofrendo declínio funcional com o envelhecimento. O tempo da reação também aumenta, aumentando o intervalo entre a percepção do perigo e a ação para evitá-lo.


SISTEMA NERVOSO

=> Tempo de reação mais lento => Consciência sensorial diminuída para toques leves, vibração, temperatura => Oscilação do corpo aumentada => Comprometimento dos reflexos de proteção


DOENÇA CEREBROVASCULAR E NEUROLÓGICA


Um acidente vascular encefálico franco ou um episódio isquêmico transitório podem provocar uma queda devido à perda de função motora ou sensorial em uma extremidade inferior, alteração súbita da percepção visual, alterações no nível de consciência ou convulsão. A doença cerebrovascular, que envolve a circulação posterior ( cerebelar ), dá origem a tontura e ataxia, estas podem predispor a quedas.


DEMÊNCIA

Nos indivíduos idosos com demência aguda ou crônica, a freqüência de quedas aumenta devido à falta de percepção de perigos ambientais das próprias capacidades do indivíduo.


PARKINSON

A doença de Parkinson é comum e associada com distúrbios de marcha e do equilíbrio postural. Os pacientes parkinsonianos são mais lentos ao reagir a perigos ambientais, levando a quedas.


HIPOTENSÃO ORTOSTÁTICA

A hipotensão ortostática é uma queda de 20mmHg na PA sistólica ou de 10mmHg na PA diastólica. Pacientes diabéticos freqüentemente são acometidos por quadros de hipotensão ortostática, secundária à disfunção do sistema nervoso autônomo.


ARRITMIA

Quando ocorre uma queda abrupta, com ou sem perda da consciência, ou que é precedida por tontura ou palpitações, sugere uma arritmia cardíaca. Este tipo de quedas estão, às vezes, associadas com exercícios ou com ficar em pé, se o paciente apresente uma estenose aórtica que provoca uma redução de perfusão cerebral. Uma queda pode ser o primeiro indicio de um infarto agudo do miocárdio, sendo que ataques cardíacos silenciosos em pacientes idosos são comuns, principalmente nos diabéticos.

QUEDAS PREMONITÓRIAS

Toda queda precisa ser considerada como possível sinal de uma doença importante iminente. As quedas podem ser provocadas por qualquer doença aguda ou crônica que resultem em fraqueza ou tontura. Nos casos de, infarto agudo do miocárdio, acidentes vasculares encefálicos, ou sangramento gastrointestinal, que podem apresentar primeiramente como uma queda.


CONVULSÃO

Pacientes com histórico de epilepsia ou de acidente vascular encefálico recente, e aqueles que recebem certas drogas, estão em risco para o desenvolvimento de convulsões, com episódios de síncope. A possibilidade de convulsão deve ser sempre considerada se existe uma razão para se suspeitar de que o paciente tem tido quedas repetidas, não percebidas, com micção involuntária, ou tem uma história de acidente vascular encefálico prévio.


MARCHA COMPROMETIDA

Muitas alterações artríticas e neuromusculares patológicas podem prejudicar a marcha e aumentar o risco de queda. Na doença de Parkinson é afetada muito a estabilidades postural, e assumem uma postura fletida, inclinada para frente e uma marcha arrastada, levantando ligeiramente os pés do solo. Outro fator é a fraqueza muscular secundária à , hiper e hipotireoidismo, polimialgia reumática e osteoartrite do joelho contribuem para uma marcha lenta, cautelosa e fixa, acompanhada de gingado, dificuldade para subir escadas e propensão a sofrer uma queda.

Os médicos devem inspecionar rotineiramente os pés dos pacientes para investigar anormalidades, como esporões, calos e joanetes, que podem levar ao comprometimento da marcha e predisposição a quedas.


DROGAS

Pessoas idosas que recebem terapêutica medicamentosa caem mais freqüentemente do que as que não recebem. O uso de múltiplos medicamentos associados a múltiplas doenças, e a suscetibilidade à toxidade por drogas relacionadas à idade levam coordenação deficiente, confusão e arritmias cardíacas. O uso crônico de esteróides pode provocar osteoporose, uma razão importante para fratura de quadril e queda.


FATORES PSICOLÓGICOS

Pacientes idosos não aceitam o declínio das suas capacidades sensoriais e motoras, e tendem a sofrer quedas como um resultado da superestimação de suas capacidades de realizar as atividades da juventude. Para manter uma imagem de capacidade e independência, uma pessoa idosa pode se recusar a usar um dispositivo de apoio ou de aceitar assistência para realizar atividades como levantar da cama ou ir ao banheiro. Um grande número de quedas acontecem quando há um período de estresse emocional transitório. Como resultado, os pacientes de tornam raivosos, ansiosos, desorientados ou deprimidos, e menos atentos aos perigos ambientais. Pessoas idosas com depressão freqüentemente se tornam confusas e desorientadas e com falta de percepção do ambiente.


CAUSAS EXTRÍNSECAS DAS QUEDAS

Existem muitos obstáculos ambientais que podem predispor o paciente a cair. Na comunidade, a maioria das quedas ocorre na própria residência dos pacientes. As atividades rotineiras relacionadas a quedas incluem sentar ou levantar de camas e cadeiras; tropeçar em objetos da casa, ou revestimentos do assoalho, como tapetes, carpetes e soleiras de portas e escorregar em superfícies molhadas, ou usando calçados inadequados ou descendo escadas.

Nos hospitais e casas de repouso, o lugar mais comum de quedas é o quarto do paciente. A maioria destas quedas acontece à beira da cama, quando o paciente está se deitando ou levantando.

O banheiro é um local que oferece um grande risco em instituições, pelo fato dos pacientes entrarem ou saírem do banheiro sozinhos com pressa de chegarem ao vaso sanitário ou escorregarem no chão molhado.

Cadeiras normais e cadeiras de rodas estão implicadas em episódios de queda por causa de equipamento inapropriadamente planejado, ou de técnicas ruins de transferência, quando o paciente está se sentando ou levantando. A queda sobre a cadeira que são difíceis de ver, tropeçar nos pés das cadeiras ou em suportes para os pés de cadeiras de rodas e cair sobre as grades da cadeira de rodas travadas ao levantar são outras causas de quedas.


TABELA DE CAUSAS EXTRÍNSECAS DE QUEDAS

Superfície do Solo => Assoalhos escorregadios ( assoalhos muito polidos/encerados ) => Tapetes soltos => Carpete muito espesso => Tacos soltos => Iluminação => Brilho excessivo => Escadas => Falta de corrimão => Pouca iluminação => Degraus altos => Escada rolante => Banheiro => Chão escorregadio => Banheira ou chuveiro escorregadios => Falta de barras de apoio => Assentos sanitários baixos => Quarto => Cama alta => Cama muito longe do banheiro => Tapetes soltos => Rodas de cama que não travam => Outros Cômodos => Assoalhos escorregadios => Cadeiras em altura incorreta => Falta de descanso de braço nas cadeiras => Quinas => Prateleiras muito altas => Pessoal => Roupas desajustadas (barras compridas ou descosturadas) => Sapatos inapropriados ou muito gastos => Outras Causas => Raízes de árvore => Subir em ônibus => Farol de pedestre muito rápido =>Animais Domésticos


CONSEQÜÊNCIAS MAIS COMUNS EM IDOSOS QUE SOFRERAM QUEDA

Quedas são a causa mais comum de fraturas. A freqüência de queda entre os idoso é devido, em parte, a uma incidência elevada de condições clínicas de base, já citadas acima.


FRATURA DO ÚMERO PROXIMAL

Ocorre comumente com uma queda com a mão estendida


FRATURA DE COLLES

No ano de 1814, Abraham Colles descreveu esta fratura da extremidade distal do antebraço, ocorre devido a queda sobre o braço estendido.


FRATURAS DO FÊMUR

A fratura do fêmur é comum entre indivíduos idosos. Possui elevados índices de mortalidade e morbidade, e grande custo financeiro. Quando sua incidência, a fratura do fêmur aumenta com a idade, a partir dos 50 anos; é duas vezes mais freqüente nas mulheres. Estas fraturas da extremidade superior do fêmur são menos freqüentes do que as fraturas vertebrais, no entanto trazem maior morbidade e mortalidade.

De 80 a 90% das fraturas de fêmur ocorrem por conseqüência de queda. No idoso, a massa muscular e de tecidos moles em torno dos quadris costuma estar diminuída , de modo que o quadril é menos capaz de resistir ao impacto da queda.


FRATURA DO COLO DO FÊMUR

Esta fratura localiza-se no colo do fêmur, e pode ser dividida em:

Fratura intracapsular que leva geralmente à interrupção do aporte sangüíneo à cabeça do fêmur, e isto explica a grande incidência de necrose asséptica e de falta de consolidação neste tipo de fratura.

As fraturas extracapsulares, dificilmente leva a um comprometimento da irrigação da cabeça do fêmur.


FRATURA INTERTROCANTÉRICA

São fraturas geralmente provocadas por uma queda, normalmente ao nível do solo. Estas fraturas são classificadas de acordo com o número de fragmentos ósseos.


FRATURA DE VÉRTEBRA

Esta lesão normalmente é provocada por um atividade que aumenta a carga compressiva sobre a coluna ( por exemplo, levantar um peso, inclinar-se para frente ,pisar em falso ao andar ou por uma queda.


SÍNDROME DO IMOBILISMO

É quando a pessoa idosa precisa ficar imobilizada, devido uma queda, resultando em uma fratura. O repouso beneficia a região lesada, mas seu prolongamento prejudica o resto do organismo.

As complicações afetam sistemas com o cardiorespiratório, vascular, endócrino, gastrointestinais, urinário, muscular, esquelético e neurológico. Sendo que estas complicações podem ser aumentadas dependendo dos fatores pré existentes de cada paciente.


FISIOTERAPIA

O ponto principal encontrado na literatura, é a prevenção de futuras quedas; o segundo é treinar os pacientes sobre como lidar com as quedas; o terceiro é recuperar a segurança e a auto estima do paciente idoso.

Os fisioterapeutas identificam os fatores tanto intrínsecos como extrínsecos que aumentam a possibilidade da ocorrência de uma queda em uma pessoa idosa, também como nas suas conseqüências desde que estes fatores identificados se que sejam acessíveis às medidas de fisioterapia. Uma medida importante é ajudar o indivíduo da terceira idade a recuperar sua autoconfiança no que diz respeito a suas capacidades posturais.

É necessário evitar a imobilização desnecessária e suas conseqüências, para diminuir os efeitos de futuras quedas. Deste modo podemos realizar um impacto sobre a autoconfiança. Para resumir os objetivos fisioterapêuticos nas pessoas da terceira idade que correm o risco de sofrer quedas são:

I. melhorar a capacidade do indivíduo para resistir às ameaças ao seu equilíbrio.

II. aumentar a segurança deste indivíduo em seu ambiente.

III. recuperar a confiança do paciente e das pessoas cuidadoras deste, no que fiz respeito a sua capacidade de se locomover da maneira mais segura e eficaz em seu ambiente.


AUMENTANDO A ESTABILIDADE POSTURAL E O EQUILÍBRIO

A fraqueza dos membros inferiores é mais freqüente em pessoas da terceira idade que já sofreram quedas, em relação com aquelas que não referem quedas; um fator importante parece ser a fraqueza dos músculos responsáveis pela flexão dorsal ao nível do tornozelo. A fraqueza das pernas favorece as quedas, como acontece nas pessoas incapazes de fazer um traslado bem sucedido ou que não conseguem ficar em pé por muito tempo, sem segurar-se em alguma coisa, ao se vestir após usar o banheiro. Esta fraqueza muscular diminui a capacidade para resistir a queda, em seguida vem perturbação do equilíbrio.

Na clínica, há limitação de tempo disponível, deste modo é recomendado que o fisioterapeuta se dedique aos movimentos e as atividades nas quais o paciente deseja adquirir maior estabilidade, aplicando os princípios da especificidade e da sobrecarga que regem a fisiologia do esforço. A intensidade do regime de exercícios deve ser maior que o paciente puder tolerar, no que diz respeito ao número de repetições por sessão e de sessões por dia; em hospitais e instituições.

É necessário que possamos ajudar a pessoa idosa debilitada a melhorar sua capacidade para:

» Ficar em pé sem apoio ou apenas com um mínimo de apoio, progredindo daí para a capacidade de manter-se em pé enquanto abrir cintos e botões, de procurar objetos colocados em prateleiras cada vez mais altas ou pegar objetos do assento de uma cadeira ou do piso. ( O paciente pode tentar chegar a um nível mais alto, mantendo-se em pé com os olhos fechados ou em pé sobre uma espuma de espessura cada vez maior; ele pode inclusive tentar fazer as duas coisas.)

» Opôr-se às perturbações do equilíbrio, dando passos compensadores em resposta a um empurrão leve contra o esterno ou contra a face lateral da pelve.

» Andar firmemente ( sem ajuda de terceiros), na maior distância necessária dentro da própria residência ( insista inclusive na amplitude do passo). Comece o treinamento pela menor distância que o paciente se considera capaz de vencer.

» Virar-se no mesmo ponto, dando número cada vez menor de passos, quatro a seis no máximo.


EQUILÍBRIO
Podemos trabalhar o paciente com atividades de transferência de peso de um lado para o outro, marcha sobre uma esteira de equilíbrio, exercícios de agilidade e manobras com obstáculos.

E por fim podemos também progredir com um trabalho de treino do paciente em padrões funcionais e atividades que usem movimentos repetitivos para aumentar a resistência à fadiga. Todos exercícios citados neste trabalho, podem ser adaptados, para o paciente idoso de acordo com suas capacidades e limitações.


RESTABELECENDO A CONFIANÇA

Os programas educacionais e de tratamento devem inspirar sentimentos de auto-eficácia no paciente da terceira idade e restabelecer sua confiança na própria capacidade para dar conta da situação. Mas também é preciso diminuir o receio de queda e o medo de não conseguir levantar-se; desta forma podemos aumentar a segurança durante a marcha e reduzir o risco de queda.

Nestes casos a abordagem combinada, psicológica e fisioterapêutica, parece ser particularmente útil no lidar com esses problemas. É importante que o fisioterapeuta escolha uma tarefa que não ultrapasse a competência do cliente, e depois dela ter sido realizada com êxito, o cliente deve ser animado a reconhecer o próprio desempenho e a sua competência afetiva.


DISPOSITIVOS AUXILIARES PARA PACIENTES IDOSOS COM MARCHA A COMPROMETIDA

Existem três categorias de dispositivos deambulatórios auxiliares: bengalas, muletas, e andadores.

Tais dispositivos auxiliares da marcha são prescritos por uma série de fatores, como problemas de equilíbrio, dor, fadiga, fraqueza, instabilidade articular, carga esquelética excessiva. Uma das funções dos dispositivos auxiliares é a eliminação da carga de modo parcial ou completo, sobre um segmento corpóreo, e isto se da pela transmissão da força dos membros superiores até o piso, pela pressão dirigida para baixo e exercida sobre o dispositivo auxiliar.


ANDADORES

O fisioterapeuta tem que estar preparado para recomendar um de quatro rodas rolador, que possibilita uma marcha natural ininterrupta e confere ao usuário da terceira idade maior grau de mobilidade independente, porem sua desvantagem é dentro de casa pela dificuldade nas manobras pelo espaço limitado. O andador sem nenhuma roda precisa ser levantado antes de cada passo , em desacordo com o ritmo normal e criando um momento de instabilidade, durante o qual o paciente idoso fica sem qualquer apoio.

MULETAS

Estas podem ser indicadas para uso temporário, dificilmente são indicadas por tempo prolongado em pacientes idosos, e sua vantagem é que podem ser usadas em degraus e escadas.

BENGALAS

Pode ser recomendada uma bengala simples ou a quadrúpede ( esta é segura com uma das mãos, possuindo uma base de quatro pés), e o cabo possui um formato ergonômico. As bengalas são úteis quando o paciente idoso requer um apoio mínimo, ou quando ele percorre apenas um trecho curto, ou quando há pouco espaço dentro de casa e não possibilidade do emprego de um aparelho de maior tamanho.


AUMENTANDO O GRAU DE SEGURANÇA NO AMBIENTE DA PESSOA IDOSA

É difícil prever o que poderá ser motivo de tropeço; e a pessoa da terceira idade, nem sempre obedecem às instruções para modificar o seu ambiente. É interessante focalizar a prevenção das quedas nos fatores cognitivos, “treinando a pessoa da terceira idade a ficar atenta aos perigos ambientais no lar e na comunidade e ensinando-a a proceder de modo preventivo a considerar os riscos que está correndo


MOBÍLIA

Obstruir passagem arrumar os móveis de forma que os caminhos não fiquem obstruídos; evitar corredores atravancados ajuda a mobilidade de pessoas com visão periférica comprometida
Cadeiras, mesas instáveis precisam ser suficientemente estáveis para suportar o peso da pessoa apoiada sobre as bordas de mesa ou encosto e braços das cadeiras, pessoas com comprometimento de equilíbrio usam a mobília como apoio.


COZINHA

Gabinetes
Prateleiras muito altas manter os itens usados freqüentemente ao nível da cintura; Instalar prateleiras e armários a uma altura acessível reduz o risco de cair por causa de tentar alcançar ou subir em escadas ou cadeiras instáveis.

Registro de gás botão difícil de ver, assinalar claramente as posições “ligado” e “desligado” nos botões.

Pernas de cadeira mau estado
Evitar cadeiras com rodas; consertar pernas frouxas cadeiras resistentes e estáveis não escorregam durante a transferência.

Mesa Bambas, instáveis
Instalar mesa com pernas resistentes de boa altura; evitar mesa sobre tripés ou pedestais Pessoas com comprometimento da marcha freqüentemente usam a mesa como apoio.


BANHEIRO

Banheira com fundo escorregadio
Instalar faixas antiderrapantes ou capacho de borracha; usar chinelos para chuveiro ou cadeiras para banho, evita escorregar na banheira molhada
Suporte de toalha e topo da pia instáveis para uso como suporte ao transferir do vaso sanitário, fixar grades de apoio em pinos na parede próximo ao vaso sanitário ajuda a transferência para os vaso sanitário e dele para outro local

Assento sanitário muito baixo
Usar acento sanitário elevado ajuda a transferência para o vaso sanitário e para fora dele


Drogas rotuladas inadequadamente

Rotular todas as drogas de acordo com a necessidade de uso interno ou externo; manter uma lupa dentro ou próximo ao gabinete


Porta / Fechadura

Evitar fechaduras nas portas do banheiro ou usar apenas as que podem ser abertas dos dois lados da parta Permite o acesso de outras pessoas no caso de ocorrer uma queda


Iluminação

Instalar iluminação adequada no topo e na base da escada; luzes noturnas ou faixas adesivas coloridas podem ser usadas para assinalar claramente os degraus Define a localização dos degraus, especialmente para pessoas com comprometimento de visão ou da percepção



CONCLUSÃO

Foi possível concluir que os idosos sofrem quedas que trazem conseqüências que normalmente são fratura de úmero proximal, radio distal, fraturas de fêmur, e de vértebras, e as complicações destas, que podem ou não evoluir para deformidades, diminuição da capacidade funcional, independência, óbito, é uma maior pré disposição a sofrerem uma nova queda.

Essas lesões muitas vezes requerem grandes gastos, com internações hospitalares.

A fisioterapia atua na identificação das causas intrínsecas e extrínsecas, direcionando seu tratamento na prevenção diminuindo ao risco do idoso sofrer uma queda, aumentando sua capacidade de resistir a uma ameaça ao seu equilíbrio. Desta forma não só diminui a possibilidade de uma nova queda, como também diminui a gravidade das conseqüências e acelera a recuperação do paciente, diminuindo gastos com internações, embora este não seja o objetivo deste trabalho.

É muito importante a recuperação da auto estima do paciente idoso, e conscientizá-lo de suas limitações, e dos riscos ambientais para que este paciente idoso não só viva mais como também viva bem.

A fisioterapia, não só tem importante papel na prevenção das quedas evitando gastos com internação hospitalar, como acelera a recuperação e evita as complicações de lesões que acometem idosos que sofreram queda.



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- Publicado em 17/04/04




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