Nos dias de hoje a dor
nas costas, chamada tecnicamente de lombalgia, é uma das queixas mais
comuns da população, e uma das mais ouvidas queixas de dor em
consultórios; a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que
aproximadamente 80% dos adultos sofrerão pelo menos uma crise aguda de
dor nas costas (lombalgia aguda) durante sua vida, e que 90% dessas
pessoas apresentarão mais de um episódio. As crises de dor nas costas
são a causa mais comum de faltas ao trabalho nos países desenvolvidos,
provocando, além do problema médico, também um problema econômico.
Até 70% das pessoas com mais de 40 anos apresenta algum problema de
coluna, e esse número sobe para 80 a 90% na população acima de 50 anos.
O número de pessoas com queixa de lombalgia vem acompanhando o aumento
na longevidade da população, a expectativa de vida, que ficava em torno
de 60 anos, subiu para 75, a as pessoas estão chegando a idades mais
altas com a mente e o coração saudáveis. Cada vez é mais importante
pensar em prevenir problemas espinhais, abandonando o hábito de só
prestar atenção na coluna quando se sente dor.
O QUE É LOMBALGIA?
Lombalgia significa dor nas costas, e não é um diagnóstico, apenas um
sintoma que pode ou não estar relacionado com alguma doença. Lombalgia
aguda é aquela presente por menos de 4 a 6 semanas, consistindo de um
problema médico comum, na maioria dos casos apenas uma crise de dor em
uma pessoa que pode ser considerada sadia. Menos de 1% das pessoas que
apresentam lombalgia aguda tem uma doença grave, como um tumor ou
infecção. A fonte de dor pode estar nas articulações, discos, vértebras,
músculos ou ligamentos, que podem sofrer irritação ou inflamações. A
causa precisa da lombalgia aguda pode ser identificada em 20% dos casos.
Um traumatismo específico ou uma atividade estenuante podem provocar
dor, entretanto, 80% das vezes a causa não é óbvia. Também é bastante
reconhecido que a dor pode ser muito influenciada por estresses
psicológicos, depressão, e outros fatores não orgânicos.
COMO É UMA CRISE DE LOMBALGIA?
A maioria das pessoas sente dor inicialmente na região lombar, e pode
espalhar-se (irradiar) para as nádegas, coxas ou joelhos. Muitas pessoas
apresentam também espasmos e contraturas musculares. A dor e desconforto
geralmente pioram quando se faz flexão das costas ou carrega pesos. Os
sintomas são maiores nas costas do que na perna, quando a dor na perna
for mais significativa que a dor lombar, e irradiar-se até abaixo do
joelho, o problema costuma ser uma compressão do nervo.
A dor pode ser forte, muitas vezes a pessoa não consegue sair da cama, e
piora com os movimentos e sentando, mas geralmente começa a diminuir
depois de alguns dias e deve sumir totalmente depois de 4 a 6 semanas.
As características da dor e o exame cuidadoso costumam dar o
diagnóstico. Se o quadro de lombalgia aguda for típico, não são
necessários exames como radiografias ou tomografia.
QUAL O TRATAMENTO DA CRISE DE LOMBALGIA?
O tratamento mais aceito hoje em dia consiste de repouso limitado,
medicação para a dor, e programas de fisioterapia e exercícios.
O repouso no leito é recomendado para casos de dor forte com espasmo da
musculatura, mas não deve exceder a 2 ou 3 dias, depois disso, o
paciente deve começar a se movimentar. A atividade física precoce
promove uma recuperação mais rápida. Quando a dor é pequena ou moderada,
é melhor tentar manter todas as atividades normais.
A aplicação de gelo e calor de forma alternada pode ajudar a relaxar os
músculos e reduzir a inflamação. Geralmente recomendamos aplicação de
compressas quentes por 20 minutos, depois gelo por 20 minutos. Se o
paciente achar que um ajuda mais que o outro, então pode usar só o que
for melhor. Esse tratamento pode ser repetido 2 ou 3 vezes por dia.
Relaxantes musculares, anti-inflamatórios, e medicação analgésica podem
ser utilizados por alguns dias, e as medicações são diminuídas e
retiradas conforme a melhora do paciente.
A pessoa é encorajada a retornar ao trabalho e a iniciar atividades
físicas controladas o mais breve possível. Assim que a dor aguda passa,
o tratamento fica centrado em prevenir que as crises se tornem
repetitivas. Ai entram em ação a fisioterapia e os programas de
conscientização postural e exercícios.
EXISTEM SINTOMAS QUE PODEM SIGNIFICAR PATOLOGIA
MAIS SÉRIA?
Alguns sintomas devem chamar atenção e fazê-lo procurar o médico o mais
cedo possível. Veja os 7 sinais de alerta da dor lombar.
QUAL É O PROGNÓSTICO DE UMA LOMBALGIA AGUDA?
O prognóstico costuma ser muito bom. Em 90% dos casos a dor desaparece
em até 15 dias, nos outros 10%, os sintomas podem ser mais duradouros,
mas a maioria estará bem em até 3 meses. Felizmente, são poucos os casos
em que há uma evolução ruim, com cronificação dos sintomas, porém, as
crises de lombalgia podem se repetir, sendo importante adotar atitudes
saudáveis e entrar num programa regular de exercícios para evitar que
isso aconteça.
E QUANDO A DOR NÃO PASSA?
Em certos casos a dor não melhora como esperado, ou as crises começam a
repetir-se com freqüência, caracterizando uma lombalgia crônica. Pessoas
com dores crônicas costumam ter limitações nas atividades do dia a dia,
dificuldades no trabalho, alterações no humor e no sono, e quadros
psicológicos depressivos.
Os pacientes com problemas crônicos costumam apresentar alguma alteração
estrutural, como uma espondilolistese, um quadro degenerativo, como uma
discopatia dolorosa, ou uma patologia músculo-ligamentar, como a
fibromialgia (www.fibromialgia.com.br/pacientes/).
Por isso, pacientes com sintomas que não melhoram devem ser encaminhados
para investigação mais detalhada.
ESPORTES:
A atividade física sempre é benéfica, mas é importante ter cuidado com
as lesões decorrentes do exercício. Você deve aquecer o corpo e alongar
a musculatura antes e depois de exercitar-se, e aumentar a atividade
gradualmente, conforme tolerar. Os exercícios devem ser acompanhados por
um profissional da área. Não há comprovação de que algum esporte seja
especialmente melhor que outro, o paciente pode escolher pelo seu gosto
pessoal. Os princípios básicos são:
a. Conseguir um bom condicionamento aeróbico, e exercitar-se dentro
de suas condições – exercícios como natação, caminhadas e bicicleta
trazem condicionamento aeróbico e ativam os grandes grupos musculares do
corpo. Esses exercícios devem ser realizados pelo menos 3 vezes por
semana, com acompanhamento da freqüência cardíaca. Uma consulta de
revisão de sua condição aeróbica inicial é necessária para que se
definam os objetivos de condicionamento, a ser alcançados lentamente.
b. Focalizar parte de seu exercício nos grupos musculares que
suportam a coluna – o alongamento e fortalecimento da musculatura do
abdome, costas, pelve e coxas é muito importante, flexibilidade nestas
áreas pode diminuir o risco de novas lesões, e o fortalecimento desses
músculos ajuda a distribuir melhor o peso corporal e melhora a postura,
diminuindo o estresse sobre a coluna.
c. Evitar exercícios que colocam a coluna sob estresse excessivo –
o tipo errado de exercício pode piorar o problema a dor nas costas.
Atividades como levantamento de pesos, escaladas e esportes de contato
(futebol, basquete, etc.) são desaconselhados. Esportes como o vôlei, ou
modalidades aeróbicas de alto impacto, como step e aeroboxe, também são
prejudiciais. Nas caminhadas ou corridas é importante usar um tênis
adequado. Para pedalar, os modelos ergométricos que permitem a posição
deitada ou semi-sentada aliviam a carga sobre a coluna. Exercícios em
piscina, como natação e hidroginástica, são seguros e de baixo impacto.
TRABALHO:
A maior preocupação das pessoas é com os trabalhos braçais, que exigem
esforço físico, mas os trabalhos de escritório também podem trazer
problemas de postura e dores.
Os cuidados maiores ao lidar com pesos devem ser nos movimentos de
rotação do corpo, levantamento do peso, e flexão da coluna. No
escritório os problemas maiores são a falta de movimentação e as
posturas viciosas. É bom levantar e caminhar um pouco sempre que
possível, pode-se até guardar alguns objetos longe da mesa de trabalho
para ser forçado a fazer isso. Deve-se alongar a coluna e o pescoço
algumas vezes, ajustar as cadeiras e mesa de forma a evitar posturas
ruins, colocar a tela do computador em uma posição que não obrigue a
olhar para baixo.
DORMINDO:
Não há evidências que confirmem a superioridade de algum determinado
tipo de colchão sobre os outros, a orientação é usar um colchão
ortopédico de qualidade confiável, com densidade adequada para o peso da
pessoa, conforme a tabela do fabricante.
Teoricamente, a posição mais adequada para dormir é de lado, com um
travesseiro nem muito alto nem muito baixo, de modo que a cabeça fique
alinhada com o corpo, e com um pequeno travesseiro entre os joelhos.
A posição de bruços não é adequada, pois costuma forçar a curva lombar e
provocar dor. Nos casos em que não se consegue dormir de outra forma, a
colocação de uma almofada sob os quadris pode aliviar essa postura.
Com a barriga para cima, deve-se evitar os travesseiros muito altos, que
deixam o pescoço muito flexionado, e o uso de uma almofada sob os
joelhos pode deixar a coluna com um alinhamento melhor e reduzir a
pressão sobre os discos.
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