Referência em FISIOTERAPIA na Internet |
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Trabalho realizado por: - Cristina Amaral Santos * Contato - e-mail: tinafisiot@yahoo.com.br |
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Aluna de Fisioterapia da Universidade |
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Dor Orofacial com Ênfase em Cefaléias |
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Introdução A dor orofacial é uma condição de dor associada aos tecidos duros e moles da cabeça, face, pescoço e estruturas da cavidade oral. A faixa de diagnóstico incluem cefaléias, dores musculoesqueléticas, dores com origem no sistema nervoso, dores psicogênicas (relacionadas com fatores psicológicos) e dores por doenças graves, como tumores e síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) . O tratamento deve ser realizado por uma equipe de profissionais: dentistas, médicos, fisioterapeutas, psicólogos, pois essa condição deve ser abordada com uma visão do paciente como um todo, não se tratando apenas a dor no momento em que o indivíduo a está sentindo. O clinico tem uma grande responsabilidade na avaliação, diagnóstico e tratamento da dor pelo tipo e mecanismo para determinar a etiologia e o plano final de tratamento. Elaborar um diagnóstico diferencial é fundamental, uma vez que cada desordem dolorosa é única em sua resposta para cada tipo de tratamento. Em um estudo recente de 45.711 famílias americanas, Lipton et al. relataram que aproximadamente 22% da população, em geral, tinham experimentado no mínimo um dos cinco tipos de dor orofacial nos últimos 6 meses. O tipo mais comum de dor orofacial era a dor de dente,relatada por 12,2% da população.Dor na articulação temporomandibular foi relatada por 5,3% da população, e a dor na face ou bochecha, por 1,4%.
Diagnóstico O tratamento da dor orofacial começa com um conhecimento minucioso da queixa de dor do paciente. Somente com esta condição pode ser feito um diagnóstico correto e selecionar o tratamento. Deve ser realizada uma anamnese completa, exames complementares e exames radiográficos apropriados, testes de diagnóstico diferencial. O paciente deve descrever detalhadamente os sintomas e é realizada palpação da face e mandíbula (articulação e músculos da mastigação) para definir os locais de dor ou hipersensibilidade, ausculta dos ruídos articulares e observar a limitação ou travamento do movimento de abertura e fechamento da boca. O local onde a dor é sentida pode ou não identificar o local da fonte de dor. A dor cuja origem e a localização estão juntas é denominada dor primaria e as dores que tem origem e localização distintas são denominadas heterotópicas (irradiada). As dores heterotópicas são divididas em: · Dor central: quando existe um tumor ou outro problema no SNC, a dor não é sentida no SNC, mas nas estruturas periféricas. · Dor reflexa: as sensações não são sentidas no nervo envolvido, mas em outros ramos do nervo ou até mesmo em um nervo diferente. · Dor projetada: os distúrbios neurológicos causam sensações de dor nas distribuições periféricas da mesma raiz nervosa que esta envolvida o distúrbio.
Diagnóstico diferencial · Desordens de dor intracranianas: as desordens das estruturas intracranianas, por exemplo, neoplasmas, aneurismas, abscessos, hemorragias ou hematomas e edemas, devem ser consideradas em primeiro lugar no diagnóstico diferencial, pois põem a vida em risco e podem requisitar atenção imediata. As características das desordens intracranianas graves incluem nova ou abrupta instalação da dor ou dor progressivamente mais severa, interrupção do sono pela dor, e precipitação da dor por esforço ou mudança de posição (tossir, espirrar). Outros sintomas são perda de peso, fraqueza e febre com dor. · Transtornos de cefaléia primaria (transtornos neurovasculares): enxaqueca, variantes da enxaqueca, cefaléias em salvas, hemicrânia paroxística, cefaléia tipo tensão. · Desordens de dor neurogênica : são condições dolorosas que têm origem em estruturas neurogênicas, como nevralgias do trigêmeo, glossofaríngeo, nervo intermédio. Como as estruturas somáticas não estão afetadas, o exame falha em revelar qualquer causa obvia ou condição patológica, isto pode impor dificuldades no diagnostico. A dor geralmente é descrita como uma dor persistente, progressiva e com sensação de queimação. Os pacientes com freqüência relatam sensações anormais (disestesia) que são exacerbadas pelo movimento ou toque. · Desordens de dor intra- oral: a dor intra- oral é a fonte mais comum de dor orofacial, estas incluem desordens de polpa dentaria, periodonto, tecidos mucogengivais e língua. Muitas destas desordens só são tratadas pelo cirurgião- dentista. · Desordens temporomandibulares: desordens temporomandibulares (DTM) é um termo coletivo que inclui vários problemas clínicos envolvendo os músculos da mastigação ou ATM. As desordens temporomandibulares foram identificadas como a principal causa de dor não- dental e são consideradas como uma classificação das desordens musculoesqueleticas. · Desordens de dor de estruturas associadas que podem produzir dor orofacial: varias estruturas como orelhas, olhos, nariz, seios paranasais, garganta, linfonodos, glândulas salivares e pescoço podem ser responsáveis pela dor orofacial. Muitas destas estruturas produzem dores heterotópicas manifestadas nas estruturas orofaciais, podendo ser confundidas com dor de dente ou DTM. · Fatores psicossocias: há muitos fatores psicossocias que contribuem para a experiência de dor do paciente. Fatores de stress podem aumentar a tensão, insegurança e disforia, causando por sua vez o aumento das atividades do sistema mastigatório através de comportamentos parafuncionais não usuais. A depressão, ansiedade e sentimentos negativos prolongados são comuns entre pacientes com dor crônica e podem tornar a dor persistente mais difícil de tolerar ou de tratar. Deve ser enfatizado que os transtornos mentais e orofaciais não são condições mutuamente exclusivas. Indivíduos com distúrbios psiquiátricos podem ter desordens orofaciais dolorosas verdadeiras, e inversamente, a falta de achados orgânicos claros em pacientes com sintomas persistentes de dor orofacial é insuficiente para sugerir origem psicogênica para essas queixas.
Cefaléias Cefaléia, ou “dor de cabeça” como popularmente é conhecida, constitui um problema freqüente na população em geral, sendo uma das causas mais comuns de busca de atendimento médico. Ela pode ocorrer isoladamente como manifestações de um complexo sintomático agudo, como a enxaqueca (cefaléias primárias) , ou pode fazer parte de uma doença em desenvolvimento, como infecções, neoplasia cerebral ou sangramentos intracranianos (cefaléias secundárias). Estima-se que cerca de 90% da população mundial já apresentou ou irá apresentar um episódio de cefaléia ao longo da vida. Assim, é necessária uma avaliação completa e sistemática das dores de cabeça, de preferência por um médico cefaliatra (neurologistas especializados no tratamento das dores de cabeça ) A Sociedade Internacional de Cefaléia classificou as cefaléias primarias em três categorias principais: 1) enxaqueca, 2) cefaléia em salvas e hemicrânia peroxistica crônica e, 3) cefaléia do tipo tensão. Estas cefaléias estão freqüentemente relacionadas com transtornos de dor neurovascular, pois a etiologia parece ter uma origem neurológica e vascular. O trajeto especifico envolvido na mediação da nocicepção é o trajeto do trigêmeo- vascular. As dores neurovasculares são muito intermitentes e envolvem um complexo mecanismo que ainda é pouco conhecido. Existe também as cefaléias secundarias e cefaléia cervicogênica.
Enxaqueca
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O tratamento consiste em medicamentos, acupuntura, hidroginástica, e as massagens para relaxamento.
Ao contrário de que muitos pensam, esse tipo de dor de cabeça não tem relação direta com a tensão emocional mas sim com a tensão ou contração exagerada, anormal e mantida de grupos musculares dos ombros, pescoço, couro cabeludo e até face. É o tipo de dor de cabeça mais comum que existe mas por não ser tão intensa e incapacitante, faz com que seus portadores, mesmo crônicos, não procurem tanto a ajuda médica como por exemplo fazem os sofredores de enxaqueca
Há estudos que sugerem que
estas dores, quando em caráter crônico, são decorrentes de anomalias
bioquímicas de áreas do cérebro envolvendo o sistema analgésico do próprio
cérebro. Esse sistema produz endorfinas e é inervado por neurônios que
utilizam a serotonina como neurotransmissor químico. A deficiência de
serotonina levaria a hipofunção desse sistema analgésico e o paciente
apresentaria esta dor de cabeça.
Existem basicamente dois tipos de dor de cabeça do tipo tensional : as
episódicas e as crônicas.
As dores de cabeça do tipo
tensional episódicas são extremamente comuns, moderadas e geralmente não
incapacitando o paciente. Porém, assume caráter problemático e incômodo quando
passam a ocorrer mais de 15 dias por mês, configurando o caráter crônico.
As dores de cabeça do tipo tensional episódicas acometem 87% da população
geral, segundo estudo feito na Dinamarca. Há estudos epidemiológicos que
atestam a prevalência dessas dores de cabeça em 84% das mulheres e em 67% dos
homens.
A dor de cabeça do tipo tensional crônica por sua vez é muito menos comum,
acometendo 3% da população adulta.
A dor de cabeça do tipo tensional geralmente se caracteriza da seguinte forma:
Durante as crises,desde que nunca mais de duas vezes por semana, podem ser usados analgésicos associados ou não à cafeína e há controvérsias quanto ao uso de relaxantes musculares. A cafeína além de aumentar a velocidade de absorção do analgésico, também funciona como analgésico de ação central (no próprio cérebro).
Tratamentos não medicamentosos para a dor de cabeça do tipo tensional também são preconizados. Abordagens fisioterapêuticas, como acessórias ao tratamento medicamentoso, visando alongar e relaxar os músculos do segmento cefálico (fronte, cabeça, pescoço e face) são úteis desde que indicadas por médico atualizado. Não se justificam manobras de tração manual e mecânica para esses pacientes que podem até apresentar piora do quadro.
Apesar de ser considerada uma dor de cabeça incomum, com poucos casos publicados na literatura, essa dor não é tão rara. Entretanto, tem os seus critérios diagnósticos ignorados por muitos tornando-a ainda menos conhecida. Por muito tempo e ainda hoje, é confundida e diagnosticada incorretamente como dor de cabeça em salvas, neuralgia do trigêmeo, crise de sinusite e até enxaqueca. Embora pertença ao grupo da dor de cabeça em salvas, apresenta características diversas e um comportamento no tratamento que a inclui no grupo das dores de cabeça que respondem a uma única substância específica.
Habitualmente se apresenta com as seguintes características:
Existem pacientes que iniciam a sua hemicrânia paroxística de forma aguda ou episódica apresentando períodos de remissão, pacientes que iniciam na forma episódica e evoluem para a forma crônica e aqueles que já iniciam seu quadro com dor por mais de 6 meses seguidos sem períodos de remissão espontânea.
Há ainda um outro tipo de dor em que os ataques no olho ou em volta dele foram associados com vermelhidão súbita, duração de 15 a 60 segundos e incidência de 5 a 30 vezes por hora. Esses ataques foram iniciados por movimentos de mastigação, do pescoço, ou até com a ingestão de frutas cítricas. Contrariamente às dores de cabeça em salvas que acometem muito mais homens do que mulheres, a hemicrania paroxística é mais incidente em mulheres, chegando a uma proporção de 5 a 8 mulheres para cada homem. É interessante notar que, a hemicrania paroxística crônica (ou a aguda também) apresenta a característica peculiar de só responder a uma substância usada como analgésico ou antiinflamatório denominada indometacina. Esta substância, quando tomada de forma correta e considerando as precauções e restrições que o seu médico conhece, provoca o inteiro desaparecimento dos episódios de dor enquanto é utilizada, havendo casos de pacientes que reapresentam as crises de dor de cabeça ao suspenderem o seu uso, obrigando o médico responsável a realizar "ciclos" de tratamento com a referida medicação. A hemicrania paroxística crônica é um tipo raro de dor de cabeça, logo, o tratamento para este tipo de dor é a prescrição, realizada por médico e após avaliação clínica, da indometacina, em doses variáveis em função de cada caso.
Felizmente, quase 90 % das dores de cabeça existentes pertencem ao grupo das funcionais e não orgânicas, como por exemplo a enxaqueca, dor de cabeça do tipo tensional e em salvas. Os demais 10 % situam-se entre os inúmeros tipos de cefaléia, incluindo alguns causados por doenças graves da própria cabeça ou de outras partes do corpo. São causadas por tensão muscular (contração exagerada) dos ombros, pescoço, couro cabeludo ou face (sendo esta a mais comum), meningites, tumores cerebrais, aneurismas, problemas nos olhos, ouvidos ou um simples resfriado. Apresentam uma causa patológica evidente. Não obstante estas dores serem a minoria, todo médico deve primeiro preocupar-se em afastar e excluir essas dores orgânicas, que podem levar à morte de seus padecentes, se não tiverem as suas causas tratadas a tempo.
A cefaléia cervicogênica é a que tem origem na região cervical e pode se irradiar para toda a cabeça. Ela está associada a anormalidades dos movimentos em segmentos intervertebrais cervicais. A alteração pode estar localizada nas articulações ou ligamentos da coluna. O movimento anormal se manifesta durante o exame passivo ou ativo. Predomina no sexo feminino e, muitas vezes, é acompanhada por trauma cervical leve. Assim como nas migrâneas, nas cefaléias cervicogênicas pode haver queixas de náusea, vômito, irritabilidade, fono e fotofobia. Para o diagnóstico diferencial, avaliamos as seguintes características peculiares:
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- Publicado em 21/09/06
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