Educação a Distância

Educação a Distância


Trabalho realizado por:


Lorena Barbosa
E-mail: lorenabarbosa6@hotmail.com

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Fisioterapia, pela Faculdade São Francisco de Barreiras (FASB)


PREVALÊNCIA DAS ALTERAÇÕES POSTURAIS NOS DOCENTES FISIOTERAPEUTAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA DA FACULDADE SÃO FRANCISCO DE BARREIRAS (FASB)

 

RESUMO

 

O presente estudo objetivou identificar as principais alterações posturais nos docentes fisioterapeutas da Faculdade São Francisco de Barreiras (FASB). O interesse despertado pelo tema ocorreu no intuito de saber se os fisioterapeutas, por serem docentes e estarem em contato constante com alunos, apresentariam alguma alteração postural. Os dados foram obtidos através da aplicação de questionários e a postura foi analisada através de uma avaliação postural com a participação de 9 fisioterapeutas, sendo 44,44% do sexo feminino e 55,55% dos sexo masculino. Os docentes fisioterapeutas apresentaram 88,88% de alterações posturais, do numero total de fisioterapeutas, 66,66% tinham escoliose; 11,11% cifoescoliose, também com 11,11% cifose. Apenas 11,11% não apresentaram nenhum desvio postural. As incidências dessas alterações merecem uma abordagem epidemiológica, pois essas alterações podem causar limitações funcionais nos fisioterapeutas durante sua atividade profissional.

PALAVRAS – CHAVE: Postura, Fisioterapeuta, alteração postural.
 

 

ABSTRACT
 

This study has had the objective of identifying the main postural alterations of the physiotherapist-professors in Faculdade São Francisco de Barreiras (FASB). The interest for this subject appeared because the Professors are in constant contact with the students and they might have some postural alteration. The data were gathered from a questionnaire and posture was analysed through a posture evaluation with 9 Physiotherapists, being 44.44 percent female and 55.55 male. 88.88 percent of the physiotherapist-professors had postural alterations and from the total number of physiotherapist-professors, 66.66 percent had scoliosis, 11.11 percent had kyphoscoliosis and also 11.11 percent had Kyphosis. Only 11.11 percent did not have any postural alteration. The incidence of these alterations deserves an epidemiological approach as these alterations might cause the physiotherapists to have functional limitations during their professional activities.

KEYWORDS: Posture, physiotherapist, postural alteration.
 

 

INTRODUÇÃO
 

O modo de vida que a população moderna vem atribuindo esta cada vez mais impondo atividades que acabam provocando sobrecargas no corpo humano, e um dos principais fatores dessa incidência são os problemas posturais, que muitas vezes estão relacionados ao trabalho, devido os movimentos repetitivos, a falta de exercício físico, vícios posturais e até mesmo patologias surgidas na infância devido mochila pesada, calçados inadequados, entre outros.

Muitos autores vêm estudando as alterações posturais relacionadas ao trabalho e apontam um elevado índice de trabalhadores de distintas áreas apresentando problemas posturais. De acordo com os dados do Ministério da saúde (2005), 80,00% dos trabalhadores sofre de alterações ou de sensações dolorosas na coluna. Entre esses, temos os profissionais da área de saúde, que tem um índice elevado de desvios e distúrbios posturais devido ao manuseio durante suas ocupações. Dentre os profissionais de saúde que apresentam esses distúrbios estão os fisioterapeutas, que se envolvem em atividades que atrapalham seu desempenho físico, como os movimentos repetitivos de membros, manutenção de postura estática ou dinâmica por longa carga horária, movimentos súbitos ou inesperados de sustentação de peso, utilização de força corporal em posições indesejadas e uma grande sobrecarga sobre a coluna vertebral.

Segundo Mucked (2002), o estudante de fisioterapia está consciente da quantidade de atendimento e dos diversos tipos de patologias de seus pacientes, mas a maior parte deles apresenta dores nas costas ainda durante sua formação profissional.

Tedeschi (2005), realizou um estudo de campo e revelou que de 76 acadêmicos de fisioterapia, 49,00% apresentam incômodo na coluna e que 42,00% destes, sentem dor principalmente em região lombar, sendo que 56,00% desses incômodos tiveram inicio no decorrer do estágio, devido ao período prolongado na postura estática e das sobrecargas de atendimentos. Outro estudo realizado na Universidade de Castelo Branco, por Teodori et al (2005), contou com 202 participantes acadêmicos de fisioterapia, onde destes, 76,40% apresentaram lombalgia.

Alguns profissionais desta área podem trabalhar em situações iguais de stress físico e não desenvolverem dores nas costas, o que pode variar conforme as condições físicas ou de treinamento profissional. Um estudo realizado por Peres (2002), demonstrou que 58,00% dos fisioterapeutas apresentaram casos de problemas posturais após quatro anos de formação.

Esta pesquisa objetivou estudar a prevalência das alterações posturais nos docentes fisioterapeutas e demonstrar quais são as possíveis posturas realizadas durante a sua rotina de trabalho, por essa razão, é de suma importância que os mesmos possam se proteger e evitar esses desconfortos posturais, o que consequentemente poderá contribuir também para uma melhor qualidade de vida.


OBJETIVO GERAL
 

Analisar quais as possíveis alterações posturais prevalecem nos fisioterapeutas docentes do curso de fisioterapia da Faculdade São Francisco de Barreiras (FASB).


OBJETIVOS ESPECÍFICOS
 

- Relatar através da avaliação postural qual a maior prevalência de alteração postural nos docentes fisioterapeutas;

-Descrever quais as principais alterações posturais que influenciam no desempenho dos docentes avaliados durante sua jornada de trabalho;

-Verificar as posturas mais freqüentes durante as atividades profissionais dos docentes;

- Identificar as regiões corporais com mais relatos de queixas de dores.


POSTURA
 

“Posição ou atitude do corpo; arranjo relativo das partes do corpo para uma atividade especifica, ou uma maneira característica de alguém sustentar o corpo; alinhamento das partes do corpo em relação recíproca e com o ambiente” (LOPES, 2005).

O aparelho locomotor teve de se adaptar por meio de vários mecanismos por passar da posição quadrúpede para a posição ereta bípede, por exigir um sistema de controle e estabilidade muito complexo, pois essa postura passou a suportar uma carga muito maior de peso e a exercer não só a função de equilíbrio, mas também de sustentação e movimento, conforme cita a Revista Saúde (2007).

Segundo Olivieri (2007), a postura ereta ortostática só foi possível devido às transformações que surgiram na coluna com o desenvolver no homem da postura quadrúpede para bípede. A cabeça e o tronco tiveram que se manter sobre os membros inferiores para modificar o centro de gravidade e manter o equilíbrio, o que permitiu aos primitivos erguerem-se do chão, adquirir a postura ereta, manter-se em pé e andar.

Apesar de todos estes custos evolutivos, provavelmente bastante caros para alguns indivíduos, a bipedia trouxe também vantagens, uma vez adotada. Para Coelho (2005), a vantagem de uma postura bípede é que ela permite que as mãos fiquem livres e os olhos distantes do solo, de modo que o individuo possa ver o que está mais distante à sua frente. Brito (2002), da Universidade de Nova York, afirma que o bipedalismo apresenta gasto de 25,00% menos de calorias para caminhar e o fato das mãos estarem livres, permite o fácil acesso dos alimentos ate a boca.

Para Palastanga (2000), na evolução dos primatas, o centro de gravidade moveu-se para trás em direção aos membros posteriores, isso deu força adicional para saltar, agarrar e se equilibrar quando saltando.

Oliveira (2005), afirma em seu estudo que há uma grande desvantagem da postura bípede em relação à quadrúpede, pois, o bipedismo aumenta o risco de parto pré-maturo, aumenta o trabalho cardíaco, diminui a estabilidade da pelve e dos membros inferiores e a coluna sofre maior estresse e impacto articular. Porém, a posição ereta pode ter seus benefícios, pois proporciona o desenvolvimento do grupo.

Coelho (2005) relata que o controle da postura humana representa um complexo desafio para manter o bem-estar e a saúde do corpo, pois é ela que vai determinar a distribuição dos esforços físicos sobre todas as estruturas do nosso corpo.

Hoje em dia, a postura correta vem sendo objetivo de estudo e descrita por vários autores. Dentro destas definições, a postura é referida por Carvalho (2005) como um inter-relacionamento das partes do corpo que é suportado por ossos, tecidos, ligamentos e músculos e que deve apresentar curvatura fisiológica normal, que, em equilíbrio, possibilite que o individuo fique de pé por longos períodos sem que a coluna apresente esforço, cansaço ou dor.

Hebert (2003), define postura como aquela onde há um stress mínimo sobre as articulações, ou seja, aquela que determina a melhor maneira de permanecer com o corpo parado, sem agredir ou sobrecarregar os elementos contribuintes da coluna e da musculatura.

Pequini (2005), relata que a postura estática é considerada uma boa postura, quando não exige muito esforço físico, quando o individuo não apresenta cansaço e quando não há referência de dor pois, assim, o individuo pode ficar de pé durante um período longo, apresentando uma aparência estática confortável.

É muito pouco provável que haja somente uma postura ideal, pois várias outras são consideradas boas e corretas mesmo sendo mantidas por um longo período de tempo. Mercúrio (1997) relata que antes que haja sintomas de dor ou incapacidade, o individuo deve procurar uma postura que facilite a sua vida diária para evitar uma má postura que lhe cause dor e incapacidade de realizar seus movimentos.

“Devemos procurar manter um equilíbrio de forma a sentir o peso do nosso corpo entre nossos pés, observar a adaptação da cintura pélvica, em equilíbrio com a cintura escapular e manter um ângulo de 90º para o queixo, assim, aproximamos de uma figura em equilíbrio” (Quinteiro,1989).

A necessidade para manter uma postura adequada vai exigir um grau de força e flexibilidade dos músculos. Isso dá algum trabalho, podendo até exigir a assistência de um profissional, como o fisioterapeuta. Para que isso não ocorra é preciso compreender o é que uma boa postura e mantê-la diariamente.
 

 

POSTURA EM PÉ
 

Nesta postura, o peso do corpo fica de forma simétrica sobre ambas as pernas. Os pés ficam paralelos e separados entre si para manter o equilíbrio. O tronco se mantém naturalmente retificado, os braços pendem livremente e a cabeça se sustenta sem nenhum esforço pelo pescoço.

À medida que a postura ereta evoluiu, a força necessária nos músculos pós-vertebrais foi reduzida, porque uma parte maior do peso da cabeça era transportada diretamente pelas vértebras. Isso fez com que o centro de gravidade se movesse para manter um perfeito equilíbrio, afirma Fernandez (2002).

Em comparação com outras posturas, a posição em pé, segundo Knoplich (1982), representa a posição de maior dispêndio de energia, e de maior sobrecarga para as diversas estruturas envolvidas em mantê-la. Apesar dessa sobrecarga, o organismo possui mecanismos especiais para manter esta postura de tal modo que, se não fosse por eles, haveria um grau muito maior de fadiga.

De acordo Carvalho (2002), na posição em pé, estática, mantida por muito tempo, pode-se observar que o indivíduo faz uma alternância na distribuição dos pesos entre os pés para diminuir a fadiga que causa nos membros inferiores.

Belluci (2001), relata que a fadiga se dá devido acúmulo de líquidos que ficam nas extremidades inferiores, o que provoca a dilatação das veias das pernas ocasionando edema nos tornozelos e fadiga muscular na panturrilha devido a diminuição da circulação sanguínea das extremidades corporais, quando se mantém uma postura estática em pé por um longo período de tempo.


POSTURA SENTADA
 

O modo de vida atual impõe que passemos uma grande parte da jornada sentados em razão de nos deslocarmos em automóveis, de mantermos a posição sentada frente à escrivaninha ou a um computador, de permanecermos sentados numa cadeira durante uma parte do tempo de lazer e também durante todas as refeições. Ora, a posição sentada foi identificada por Mercúrio (1997), como um fator de risco para a coluna vertebral.

Segundo Pequini (2005), a postura sentada, de todas as posturas é a mais dolorosa, pois, os discos vertebrais sofrem pressão constante enquanto que na posição em pé a pressão na coluna é bem menor.

Ériv e Michèle (2002), afirmam que permanecer sentado por muito tempo também causa inchaço nas pernas. Para os autores, os principais fatores do aumento de edema nas pernas é a diminuição da atividade muscular, a compressão das veias da coxa através de assento da cadeira, o aumento da pressão hidrostática, entre outros.

De acordo Knoplich (1982), na posição sentada não há tanta exigência de forças, pois o corpo se apóia nos encostos e nos braços da cadeira, portanto, é menos cansativa.

Palastanga (2000), relata que muitas pessoas, uma vez sentadas, atingem o máximo de flexão vertebral e não possuem uma amplitude residual de reserva. Esta situação é extremamente prejudicial, pois existe um aumento de pressão intervertebral nos primeiros minutos dessa postura, e a dor aparece rapidamente.

Mercúrio (1997), diz que se permanecermos sentados durante muito tempo, os músculos modificam seu estado de tensão e a posição geral da coluna vertebral é modificada, tornando difícil resistir que as costas se curvem e necessitando de um esforço consciente, voluntário e de contração para fornecer estabilidade a partir da qual se organizem os movimentos nesta postura.

“O homem é um ser em movimento constante. Qualquer tarefa que o obrigue a posições estáticas pode levá-lo ao desconforto” (SIVADON E ZOÏLA, 1988).


ANATOMIA DA COLUNA
 

A coluna vertebral é responsável por manter o controle postural, sustentar o peso do corpo, proteger a medula espinhal, manter o equilíbrio, amortecer impactos e exercer um papel importantíssimo durante a locomoção. Ela consiste em uma série de segmentos móveis, mantidos juntos e separados através dos discos intervertebrais, formando um total de 33 segmentos ósseos, chamados vértebras, que se dividem em 7 vértebras cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5 sacrais e 4 são fundidas no cóccix formando a sacrococcígeas ( DANGELO, 2003).
 

Figura1: Coluna vertebral

 

Fonte: http://www.drgilberto.com/coluna.gif

 

A vértebra clássica apresenta corpo vertebral 1, que é a parte mais maciça do osso, representado por um segmento de cilindro, onde sua porção anterior desempenha principalmente o papel de sustentação, e os processos articulares da porção posterior desempenham um papel de direcionadores do movimento vertebral e também apresenta uma face superior e outra inferior o qual dá resistência à coluna e suporta o peso do corpo. Situado por trás do corpo e limitado lateral e posteriormente por um arco ósseo, onde se encontram os outros elementos da vértebra temos o forame vertebral 2. À parte do arco ósseo que se projeta posteriormente a partir do arco e do forame vertebral, sob a forma de uma longa espinha é dado o nome de processo espinhoso 3 (apófise espinhosa). Os processos transversos 4 (apófises transversais), são dois prolongamentos laterais, direito e esquerdo, que se projetam póstero-lateralmente a partir das junções dos pedículos das lâminas, ambos esses processos são originados respectivamente das lâminas 5, direita e esquerda, onde ligam o processo espinhoso ao processo transverso correspondente. As lâminas são achatadas e quadrilaterais e constituem a maior parte do arco ósseo. As partes mais estreitadas, que ligam o arco ósseo a parte do corpo vertebral são os pedículos 6. Entre cada dois pares de vértebras temos os discos intervertebrais que são formados por dois componentes principais, uma parte central é chamado núcleo pulposo, e a outra parte, externa, chamada de anel fibroso, que é mais forte e repleto de fibras (Dangelo e Fattini, 2003). É a partir deles que são permitidos os movimentos que a coluna realiza; o sistema que produz o movimento é o músculo, mas é a partir do disco que a coluna se torna flexível e móvel, sendo ele também o verdadeiro amortecedor, a parte fibrocartilagionosa que se intercala entre as vértebras (MOORE, 2001).
 

Figura 2: Análise vertebral, foto de Cláudio Foleto.

 

 

Segundo Makofsky (2006), quanto mais jovem o disco for, maior é seu componente de água, maior sua flexibilidade, maior sua altura, melhor é o seu sistema hidráulico. E quanto mais idoso, mais seco ele é, menor seu componente de água, podendo ocorrer fissurações, rachaduras e compressões discais.


BIOMECÂNICA E MOVIMENTOS DA COLUNA VERTEBRAL
 

A amplitude do movimento da coluna vertebral varia de acordo com a região e também com o individuo. Embora os movimentos entre as vértebras sejam relativamente pequenos, a soma de todos os esses pequenos movimentos produzem uma amplitude considerável da coluna como um todo.

Segundo HALL (2002), a mobilidade e a amplitude do movimento da coluna vertebral é limitada pela espessura, elasticidade, compressão dos discos, pela forma e processos das articulações, pela tensão das cápsulas articulares, pela resistência dos músculos e pelos ligamentos do dorso.

Goldenberg (2007), redigiu que:

“A terceira lei de Newton ressalta que a cada ação ocorre uma reação no mesmo sentido porem com direção oposta, no caso da coluna, a reação é absorvida pela musculatura.”
 

Os movimentos básicos da coluna são flexão (encurvamento da coluna para frente), extensão (encurvamento da coluna para trás), flexão lateral (inclinação lateral para direita ou esquerda) e rotação (torção do corpo para o lado direito ou esquerdo). A coluna pode também realizar movimentos de compressão, alongamento ou de deslizamento.

Trebastone (2001), relata que a gravidade, é a principal força que causa compressão e achatamento do disco intervertebral, agindo 24 por dia. Quando se faz alongamento isso produz uma força no sentido de distenção e conseqüente aumento da altura dos discos e diminuição da compressão.

O movimento da coluna é a soma dos movimentos parciais da unidade motora. Quando uma ou mais unidades motoras estiverem comprometidas, o movimento também será comprometido.


CURVATURAS DA COLUNA
 

A coluna vertebral é composta por quatro curvaturas fisiológicas que fazem parte de um suporte flexível que garante elasticidade a várias forças compressivas. Essas curvas são classificadas em lordose cervical (concavidade posterior), cifose dorsal ou torácica (convexidade posterior), lordose lombar (concavidade posterior) e a curvatura sacro-coccigena (concavidade anterior). Mas também apresenta curvaturas anormais como:

Escoliose, que é o desvio assimétrico e lateral direito ou esquerdo, acompanhado pela rotação da coluna, tal que os processos espinhosos rodam em direção a concavidade da curvatura, apresentando também gibosidade na região torácica vista quando o tronco é flexionado, elevação de um ombro em relação ao outro, proeminência de uma escapula em relação a outra, diferença de tamanho entre os braços ou entre as pernas, pés planos, diferença de um quadril para o outro, desnível das mamas, entre outros (SOUCHARD E OLLIER, 2005).

A hipercifose, caracterizada pelo aumento anormal da curvatura torácica, resultando em erosão da parte anterior de um ou mais discos vertebrais e a hiperlordose que é o aumento da curvatura tanto na região cervical, caracterizada pela proeminência da cabeça, onde o pescoço fica mais alongado a frente, consequentemente um pescoço mais reto e com diminuída mobilidade cervical e a hiperlordose lombar é o resultado do aumento anormal da curvatura lombar, devido um desequilíbrio dos músculos abdominais e glúteos estarem fracos (MAKOFSKY, 2006).

Caracteristicamente, a dor nas costas devido à hiperlordose lombar ocorre em muitas pessoas durante as atividades que envolvem a extensão da coluna, tal como o ficar em pé por muito tempo, onde a tendência é acentuação essa curvatura (HEBERT ET AL, 2003).

Os desvios posturais em geral podem resultar em várias complicações, tais como:
 

-Encurtamentos musculares vertebrais;

 

-Déficit respiratório;
 

-Diminuição da capacidade de sustentação da coluna;
 

-Diminuição expansibilidade torácica;
 

-Diminuição dos espaços intervertebral;
 

-Formação de osteófitos vertebral;
 

-Espondilolistese (deslizamento de uma vértebra sobre a outra).


SOBRECARGAS POSTURAIS RELACIONADA AO TRABALHO
 

Nos últimos anos as doenças relacionadas ao trabalho ganharam destaque em diversos estudos na sociedade. Comumente, essas doenças são causadas por fatores presentes na área do trabalho que consequentemente vão influenciar na saúde dos trabalhadores.

Desde 2004, foi criada a lei nº 8.080/90 da Política Nacional de Saúde do Trabalhador, que visa prevenir, reduzir os acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, a fim de ceder a todos, o direito a saúde. Porém, de acordo com o Ministério da Saúde (2006), estima-se que 80% das pessoas ainda vão apresentar desconforto nas costas apesar da existência de vários programas de prevenção para o trabalhador.

Peres (2002), afirma que 60% das dores ocorrentes durante o trabalho serão musculares, devido às retrações musculares, a má postura adotada no trabalho, as atividades que exigem esforços físico e ao carregamento de peso de maneira errada.

Guimarães (2004), relata que um dos maiores motivos de afastamento do trabalho está relacionado aos problemas posturais e a dores na coluna, sendo as principais, lombalgias e cervicalgias.
Barbosa (2000), afirmam que é no ambiente de trabalho que o indivíduo passa a maior parte do seu dia-a-dia, e que durante sua jornada de trabalho ele assume várias posturas impróprias que quando mantidas por um longo período de tempo, podem provocar a perda da capacidade de executar certos movimentos.

Muitas doenças ocupacionais podem levar a incapacidade no trabalho, por exemplo, o esforço físico intenso, o não cumprimento das pausas durante o trabalho, incidências de movimentos bruscos, repetitivos e monótonos, posturas impróprias, amplo horário de trabalho, posição em pé por tempo prolongado, atividades que exijam carregamento de peso, posição sentada em flexão ou torção do corpo por tempo prolongado, quão desgaste físico e mental podem resultar em doenças ocupacionais.


METODOLOGIA
 

O cumprimento das etapas de pesquisa e elaboração da monografia, bem como a escolha das palavras-chave de acordo com os Descritores em Ciência da Saúde (DeCS) possibilitou que, no mês de Setembro de 2007, fosse realizado um estudo de caso, que visou verificar a Prevalência de alterações posturais nos docentes fisioterapeutas da Faculdade São Francisco de Barreiras (FASB).

Para a realização da pesquisa foram entrevistados 09 docentes fisioterapeutas de ambos os sexos, com idade de 26 a 33 anos, onde passaram por uma avaliação através de um interrogatório especifico utilizando como base, um questionário (ANEXO) com 20 questões fechadas e abertas, aplicado individualmente, com questões variáveis como idade, sexo, local de trabalho e de atuação, tempo de atuação como fisioterapeuta, carga horária de trabalho por hora/dia, numero de atendimentos por dia, área de atuação, eventos constantes no corpo durante a jornada de trabalho, se sofreu algum tipo de distúrbio durante o trabalho, a região afetada, questões relacionadas à dor, quais atividades causam recorrência ou agravamento da dor, o que tem feito para minimizar essa recorrência, e prática de outra atividade fora da área de trabalho.

Buscando a investigação de distúrbios posturais apresentados nas atividades do fisioterapeuta, foi aplicada uma avaliação postural, no laboratório de mecanoterapia da FASB, pois apresenta a ergonomia e os materiais necessários para aplicação da avaliação, onde o fisioterapeuta era analisado em vista anterior, lateral e posterior, o que permitia uma visão global do corpo do mesmo, que foi avaliado com vestimenta especifica (biquíni e sunga) através de recursos como o simetrográfo que analisa o posicionamento da cabeça, alinhamento dos ombros, simetria das patelas, curvaturas da coluna, posicionamento dos joelhos e dos pés; eixo dos movimentos, como flexão, inclinação e rotação de tronco através do goniômetro e perimetria de cintura, do peitoral e do comprimento dos membros.

Sendo os questionários e avaliações uma vez aplicados, os dados foram comparados, analisados e descritos no programa Excel, em forma de gráficos, tabelas e fotografias, para facilitar a compreensão dos dados sobre a existência e o maior índice de alterações posturais nos fisioterapeutas docentes do curso de fisioterapia da FASB.

De acordo com as diretrizes Nacionais e Internacionais para a Pesquisa em Seres Humanos do Conselho para Organização Internacional de Ciências Medicas (CIMS) e da resolução nº196/96 do Conselho Nacional de Saúde (Brasil, 1996) foram observados os seguintes princípios éticos: as pessoas foram informadas sobre o preceito a ser desenvolvido, da preservação da privacidade envolvida e o livre arbítrio dos mesmos a aceitarem ou não participarem. Nos casos positivos, foram requisitados consentimentos formais pós-informação(ANEXO).


RESULTADOS

QUESTIONÁRIO
 

De acordo com os resultados obtidos foi constatado através do questionário, que 56% dos entrevistados eram do sexo feminino e 44%, era do sexo masculino, sendo a amostra aplicada em 9 docentes fisioterapeutas, com idade de 26 a 33 anos.
 

Gráfico 1: porcentagem do sexo dos docentes fisioterapeutas, Barreiras-BA, 2007.


 

 

Em relação ao local de trabalho, 85,85% dos fisioterapeutas, trabalham em instituição de nível superior como docente; 77,77% exercem também em clinicas; 55,55% em área hospitalar; 33,33% fazem atendimento em domicilio e somente 22,22% dos docentes fisioterapeutas trabalham em centro de reabilitação fora da instituição.
 

Gráfico 2: Local de atuação dos docentes fisioterapeutas, Barreiras-BA, 2007.

 

 

Fora da instituição, 66,66% trabalham na área de ortopedia, 44,44% na área de neurologia e respiratória e 11,11% em saúde publica e ginecologia.
 

Gráfico 3: Área de atuação dos docentes fisioterapeutas, Barreiras-BA, 2007.


 

 

Quanto ao tempo de atuação, revelou que 11,11% atuam há mais de 3 anos como fisioterapeutas; 22,22% atuam mais de 4 anos; 11,11% 5 anos; 33,33% mais de 5 anos;11,11% 9 anos e apenas 11,11% mais de 11 anos de atuação.
 

Gráfico 4: Tempo de atuação dos docentes fisioterapeutas, Barreiras-BA, 2007.



 

Na tabela abaixo pode-se observar que 66,66% dos fisioterapeutas entrevistados atendem de 10 a 15 pacientes por dia/hora; 22,22% atendem menos de 5 pacientes e 11,11% atendem de 20 a 25 pacientes por dia.
 

Gráfico 5: Número de atendimentos (dia/hora) dos fisioterapeutas, Barreiras-BA, 2007.


 

 

Conforme se pode verificar (Tabela1), 88,88% dos freqüentes e principais movimentos posturais durante as atividades profissionais do fisioterapeuta confirma ser a flexão parcial ou total de tronco; 77,77% dos docentes realizam movimentos repetitivos com membros superiores; a postura estática por tempo prolongado em pé e utilização de técnicas manuais no total de 66,66%; rotação de tronco sentado e em pé; o fato de agachar-se e realizar deambulação assistida ao paciente com 55,55%; a flexão parcial ou total de região cervical, transferência de pacientes com sustentação de peso na postura em pé no total de 44,44%; Elevação de membros superiores com 33,33%; sustentação de peso sentado e trabalhar em posição desconfortável 22,22% e com 11,11% o evento menos freqüente durante a atividade profissional foi a postura dinâmica e sentado por tempo prolongado e agachar-se com ou sem peso.
 

Tabela 1: Eventos posturais durante atividade profissional do docente fisioterapeuta, Barreiras-BA, 2007.
 

Eventos posturais mais freqüentes durante

atividade profissional do docente fisioterapeuta

Total

Flexão parcial ou total do tronco em pé

77,77%

Flexão parcial ou total do tronco sentado

88,88%

Rotação do tronco em pé

55,55%

Rotação do tronco sentado

55,55%

Flexão parcial ou total da região cervical

44,44%

Postura estática por tempo prolongado em pé

66,66%

Postura dinâmica por tempo prolongado em pé

55,55%

Postura dinâmica por tempo prolongado sentado

11,11%

Postura sentada por tempo prolongado no colchonete (chão)

11,11%

Transferência de pacientes (leito, maca, cadeira de rodas, etc.)

44,44%

Utilização de técnicas manuais

66,66%

Movimentos repetidos com membros superiores

77,77%

Sustentação de peso na postura em pé

44,44%

Sustentação de peso na postura sentada

22,22%

Agachar-se com ou sem sustentação de peso

11,11%

Agachar-se

55,55%

Trabalhar em posição desconfortável

22,22%

Deambulação assistida ao paciente

55,55%

Atividades com elevação dos membros superiores

33,33%


 

Observa-se que 66,66% dos docentes fisioterapeutas sofreram algum tipo de distúrbio osteomuscular recente e que apenas 33,33% não apresentaram nenhuma intercorrência.
 

Gráfico 6: Distúrbio osteomuscular recente nos docentes fisioterapeutas, Barreiras-BA, 2007.

 

 

Com 33,33%, o distúrbio que mais acometeu os docentes fisioterapeutas foi a dorsalgia; em 22,22% dos casos eles referiam sentir lombalgia e 11,11% apresentavam algum outro tipo de distúrbio osteomuscular.
 

Gráfico 7: Tipo de distúrbio que mais acomete os docentes fisioterapeutas, Barreiras-BA, 2007.


 

 

Quanto à presença de algias, 77,77% dos entrevistados relatam sentir dor, enquanto 22,22% relatam não apresentar nada.
 

Gráfico 8: Presença de dor atualmente nos docentes fisioterapeutas, Barreiras-BA, 2007.


Dos que assinalaram referir dor, 33,33% relataram dores localizadas; 22,22% intermitentes; 11,11% contínuas e 11,11% das dores são irradiadas.
 

Gráfico 9: Tipo de dor relatada pelos docentes fisioterapeutas, Barreiras-BA, 2007.


 

 

Dos nove docentes fisioterapeutas, 33,33% relataram dor leve e não-incômoda; 33,33% assinalaram dor leve, que não precisa ser tratada com medicamento e os responderam sentir dores que chegavam a torna-los anti-sociais foi de 33,33%.
 

Gráfico 10: Intensidade da dor nos docentes fisioterapeutas, Barreiras-BA, 2007.

 

 

Dos entrevistados, 55,55% referem que a latência da dor ocorre no período noturno; no turno matutino 11,11% e no vespertino11, 11%.
 

Gráfico 11: Período de latência da dor nos docentes fisioterapeutas, Barreiras-BA, 2007.


 

 

Segundo o que foi relatado pelos docentes fisioterapeutas entrevistados, 44,44% dos fatores que agravam os sintomas das algias estão relacionados às atividades de postura estática por tempo prolongado na posição em pé; 33,33% da flexão parcial ou total da região cervical ou do tronco em pé agravam os sintomas de dor; 22,22% relatam que a postura estática por tempo prolongado ocasionam dores e em 11,11% dos casos a atividade que causa dor é a rotação de tronco na posição sentado.
 

Gráfico 12: Atividades que agravam as dores nos docentes fisioterapeutas, Barreiras-BA, 2007.



 

Dentre as formas de prevenção ficou relatado que 22,22% procuraram um médico e 33,33% consultou um fisioterapeuta. E 77,77% não procuraram médico; 66,66% não procuraram fisioterapeuta por não ter necessidade de analgesia.
 

Gráfico 13: Recorrência a algum profissional de saúde, Barreiras-BA, 2007.


 

 

Para minimizar o agravamento dos sintomas 44,44% dos docentes fisioterapeutas praticam algum tipo de atividade física e utilizam melhor a mecânica corporal; 33,33% dão uma pausa ou intervalos durante a jornada de trabalho; 22,22% param de trabalhar quando os sintomas se agravam; 22,22% solicitam auxilio de um fisioterapeuta; 22,22% mudam a posição de trabalho freqüente; 22,22% evitam levantar peso e 11,11% fazem ginástica laboral.
 

Gráfico 14: O que tem feito para minimizar os sintomas, Barreiras-BA, 2007.

 

 

Apesar dos relatos de dores, desconfortos de alguns e a carga horária excessiva de trabalho, 99,99% dos docentes fisioterapeutas questionados responderam que não trocariam de profissão e que se sentem satisfeitos.
 

Gráfico 15: Não mudariam de profissão, Barreiras-BA, 2007.



 

AVALIAÇÃO POSTURAL
 

Todos os docentes fisioterapeutas passaram por uma avaliação postural através do simetrográfo, pelas vistas anterior, lateral e posterior (fotos em anexo). A avaliação postural pela vista anterior mostrou que 44,44% dos fisioterapeutas apresentavam assimetria dos ombros, tanto elevação a direita quanto a esquerda e apenas 11,11% mostrava uma boa simetria. Em relação ao nivelamento da espinha ilíaca ântero superior (EIAS) 22,22% não apresentavam nenhuma assimteria, enquanto 55,55% dos casos mostravam uma elevação da EIAS a esquerda e 22,22% à direita. Em 66,66% das avaliações, os avaliados apresentaram joelhos varos; 22,22% valguismo e 11,11% não apresentaram nenhuma alteração, ressaltando que esses desvios não tiveram grande consideração por serem fisiologicos.
 

Tabela 2: Avaliação postural nos docentes fisioterapeutas, na vista anterior, Barreiras-BA, 2007.
 

Avaliação postural vista anterior

Total

Fisioterapeutas apresentavam assimetria da altura dos ombros

(tanto elevação à direita quanto à esquerda)

44,44%

Mostravam uma boa simetria

11,11%

Não apresentavam nenhuma assimteria na EIAS

22,22%

Elevação da EIAS a esquerda

55,55%

Elevação da EIAS direita

22,22%

Joelhos varos

66,66%

Joelhos valgos

22,22%

Nenhuma alteração nos joelhos

11,11%

 

 

Na avaliação na vista lateral (fotos em anexo), observou-se as principais alterações na cervical. 55,55% dos docentes não apresentavam nenhuma alteração; 33,33% apresentavam uma retificação da cervical e em 22,22% observou-se uma lordose cervical. Os ombros, 44,44% estavam alinhados; 11,11% anteriorizados e 44,44% dos docentes apresentaram ombros posteriorizados. A região torácica, analisada de perfil apresentou, em 55,55% uma discreta cifose e em 44,44% nenhuma alteração. Quanto à região lombar, dos 9 docentes fisioterapeutas, 66,66% apresentavam uma lordose fisiológica e 33,33% uma hiperlordose; 55,55% dos avaliados têm retificação de joelhos enquanto 44,44% apresentam uma semiflexão.
 

Tabela 3: Avaliação postural nos docentes fisioterapeutas, vista lateral, Barreiras-BA, 2007.
 

Avaliação postural vista lateral

Total

Nenhuma alteração na cervical

55,55%

Retificação da cervical

33,33%

Lordose cervical

22,22%

Ombros alinhados

44,44%

Ombros anteriorizados

11,11%

Ombros posteriorizados

44,44%

Discreta cifose na região torácica

55,55%

Nenhuma alteração na região torácica

44,44%

Lordose fisiológica na região lombar

66,66%

Hiperlorose lombar

33,33%

Retificação de joelhos

55,55%

Semiflexão dos joelhos

44,44%

 

 

Na avaliação pela vista posterior (fotos em anexo), 44,44% dos profissionais apresentam assimetria de ombros tanto direito quanto esquerdo e 11,11% não apresentam nenhuma alteração; 55,55% apresentaram boa simetria em relação ao triângulo de Talles; 44,44% dos docentes apresentam elevação do lado esquerdo; 66, 66% dos casos analisados possuem escoliose em região torácica, sendo que 55,55% das mesmas eram à esquerda e 44,44% à direita; 22,22% dessas escolioses eram acentuadas, o que pode indicar a necessidade de um especialista em reeducação postural; apenas 11,11% apresentavam cifoescoliose e 11,11% dos docentes não apresentaram nenhum desvio postural.
 

Tabela 4: Avaliação postural nos docentes fisioterapeutas, vista posterior, Barreiras-BA, 2007.

 

Avaliação postural vista posterior

Total

Assimetria de ombros tanto direito quanto esquerdo

44,44%

Nenhuma alteração

11,11%

Elevação do lado esquerdo

55,55%

Elevação do triângulo de Talles do lado esquerdo

44,44%

Triângulo de Talles de boa simetria

55,55%

Escoliose em região torácica

66,66%

Escoliose torácica à esquerda

55,55%

Escoliose torácica à direita

44,44%

Escoliose acentuada

22,22%

Cifoescoliose

11,11%

Nenhum desvio postural

11,11%


 

44,44% apresentaram escoliose torácica à direita, sendo todos do sexo masculino; Um dos avaliados, do sexo masculino, (11,11%) apresentou cifoescoliose; 22,22% apresentaram escoliose torácica a esquerda, sendo todos do sexo feminino; Um dos avaliados, do sexo feminino, (11,11%) apresentou cifose torácica e o avaliado que não apresentou nenhuma alteração postural (11,11%) era dos sexo feminino.
 

 

Tabela 5: Comparação das alterações no sexo feminino e masculino nos docentes fisioterapeutas, Barreiras-BA, 2007.

 

Comparação de alterações posturais no sexo feminino e masculino

Total

Sexo masculino

55,55%

Escoliose torácica a direita

44,44%

Cifoescoliose

11,11%

Sexo feminino

44,44%

Escoliose torácica a esquerda

22,22%

Cifose torácica

11,11%

Não apresentou nenhuma alteração postural

11,11%

 


DISCUSSÃO
 

A coleta de dados desta pesquisa revelou que alguns docentes fisioterapeutas apresentam alterações posturais. De fato há uma concordância na literatura entre vários autores de que um número cada vez maior de trabalhadores das diversas áreas profissionais de saúde, entre elas a fisioterapia, vem tendo índices elevados de profissionais acometidos com problemas posturais.

Um estudo realizado por Pivetta et al (2005), realizou um estudo com 37 fisioterapeutas sobre distúrbios relacionados ao trabalho. Com 91,43%, o sexo feminino apresentava maior incidência de algum distúrbio, enquanto que apenas 20,00% dos avaliados com problemas posturais eram do sexo masculino. Os profissionais que trabalhavam na área de fisioterapia respiratória apresentavam 58,54% de distúrbio na região lombar; dos que trabalham na área de neurologia, 63,27% foram acometidos na região cervical; na área de ginecologia, 66,67% dos fisioterapeutas referiram distúrbios na cervical; Já dos profissionais que atuavam na área de Ortopedia, 21,43% apresentaram acometimento na região torácica.

Silva (2006), realizou um estudo com 37 entrevistados, sobre as dores mais freqüentes que acometem fisioterapeutas, sendo que 84,00% eram do sexo feminino e 16,00% do sexo masculino. Da análise dos dados obtidos, 62,00% dos fisioterapeutas relataram sentir dor que se agravava durante o atendimento do paciente e 24,00% não se queixavam; 73,00% disseram que possuíam dor na coluna e 86,00% disseram não se prevenirem, enquanto que 14,00% procuraram um meio de diminuir os quadros ou de prevenir os sintomas.

Na amostra de Mucke (2005), 61,00% dos profissionais fisioterapeutas tem uma jornada de trabalho semanal similar ou maior que 40 horas, onde 44,00% tem entre 1 e 10 anos formação acadêmica como fisioterapeuta; 37,00% atuam na área de ortopedia e não relatam que a qualidade de vida seja ruim.

Calil (2005), revelou em seu estudo, uma elevada incidência de incômodo (49,00%) e dor (42,00%) em região lombar, sendo encontrado como cardeal fator o sedentarismo, a postura estática por um prolongado período na mesma posição, pausas insuficientes entre os atendimentos, o que sobrecarregava a região lombar.

Peres (2002) avaliou 156 fisioterapeutas através de um questionário, onde foi possível observar que, com relação à postura, 78,84% dos fisioterapeutas permanecem na postura de pé por tempo prolongado; 69,23% permanecem sentados e 67,30% utilizam flexão de tronco nesta posição; 88,46% realizam movimento de flexão de tronco em pé; 51,92% permanecem estáticos por muito tempo em pé. Em relação à dor, o maior índice foi na região cervical com 51,28%; a dor referida na regia lombar foi de 33,97% e 30,12% relataram dor na região dorsal.

Guimarães (2007), realizou um estudo de incidências de desvios posturais em fisioterapeutas e mostrou-se relevante que o maior índice é de escoliose, com 55,80%; hiperlordose com 9,40% e 8,30%.

Maziero (2005), estudou o perfil de 300 fisioterapeutas, onde 184 (61,00%) eram do sexo feminino e 116 (39,00%) do sexo masculino, para uma analise de alterações posturais; Dos 116 homens, 69 (59,00%) relataram sentir algum problema na coluna. Entre as mulheres, foram 122 relatos de dor (66,00%); 16,00% das mulheres apresentaram escoliose; quanto à cifose e a lordose, 22,00% e 40,00% do total apresentaram dor. Nos homens foi constatada maior incidência de escoliose, 23,00%, mas em compensação diminuiu a incidência de cifose, 13,00% e lordose, 16,00%; em relação à dor 44,00% referiram.

Viel (2004), objetivou estudar a prevalência de lombalgia nos fisioterapeutas, entre eles, 27 do sexo feminino e 10 do sexo masculino. 81,00% dos profissionais permanecem 6 horas por dia na posição ortostática e 49,00% permanecem menos de 4 horas sentados.

A partir dos autores citados, dos resultados colhidos e analisados através do questionário e avaliação, podemos afirmar com os dados obtidos nessa pesquisa que há uma grande prevalência de alterações posturais nos profissionais docentes fisioterapeutas.
 

 

CONCLUSÃO
 

A elaboração desta pesquisa visou identificar se os fisioterapeutas, apesar de serem agentes de saúde e manter contato físico constante com pacientes de diversos tipos de patologias, também não estão imunes à doença, é tanto, que 88,88% dos docentes fisioterapeutas apresentaram alterações posturais.

Nos dados obtidos nesta pesquisa o principal acometimento, foi a escoliose, com 66,66% dos resultados. Tal fato demonstra o acometimento destes fisioterapeutas pelas alterações posturais, o que não chega a interferir na sua rotina de trabalho nem em sua vida particular.

Os resultados suscitam a necessidade de buscar e observar maiores informações de estudos relacionados à saúde, em particular, à prevalência das alterações posturais em docentes fisioterapeutas, que apesar de conhecerem as causas dos problemas osteomusculares, os desenvolvem em grande número de casos, ao longo do ato de cura nos outros.

Contudo, é fato que as alterações posturais se fazem presentes na vida dos fisioterapeutas, assim como em qualquer outro individuo independentemente do trabalho.


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- Publicado em 28/11/08

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